Entrelaces da resistência: comunicação e práticas emancipatórias de mulheres negras trançadeiras da Amazônia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SOUSA, Raissa Lennon Nascimento
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPA
Texto Completo: https://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/16278
Resumo: A pesquisa tem enfoque nas práticas emancipatórias de mulheres negras trançadeiras que vivem na Amazônia paraense (Belém/Pará). Compreendemos a atividade trancista como experiência comunicativa de resistência, autonomia econômica e superação das opressões que atingem mulheres negras amazônidas. O trançado, para negras e negros, não é apenas uma questão de estética ou vaidade, representa um encontro com a ancestralidade africana e com a afirmação de uma identidade que é relegada historicamente em uma sociedade racista. Para Nilma Lino Gomes (2019), o cabelo e o corpo podem ser considerados expressões da identidade negra brasileira, uma vez que são símbolos de relações de violência e de desigualdades étnico-raciais. O objetivo deste trabalho é entender, à luz da comunicação e das ciências sociais, os atravessamentos que as mulheres trançadeiras vivem no referente a questões como racismo, identidade negra, colonialidade, ancestralidade, territorialidade e resistência. Entendemos que a cultura do trançado na Amazônia possibilita formas singulares de comunicação divergentes da lógica do sistema patriarcal branco capitalista e colonialista. Como caminhos metodológicos com inspiração em Kilomba (2019), utilizamos uma investigação centrada nos sujeitos, por meio de entrevistas não diretivas (em profundidade) com mulheres negras trancistas, que trabalham em Belém do Pará. A partir dos relatos extraídos desse diálogo, entrelaçamos uma epistemologia descolonial e afrodiaspórica, no qual as narrativas das mulheres é que nos mostram os caminhos da pesquisa. Somos amparados pela noção da organização do vínculo e do “comum” de Muniz Sodré (2014), na teoria crítica de Paulo Freire (2018), nas reflexões de raça e gênero de Grada Kilomba (2019), bell hooks (2017) e Nilma Lino Gomes (2019), e na perspectiva da negritude na Amazônia de Zélia Amador de Deus (2019) e Vicente Salles (1971), entre outros. As práticas emancipatórias das mulheres trançadeiras acontecem por meio da superação das dificuldades econômicas, na solidariedade, na valorização de uma identidade racial negra, feminista e amazônida e, sobretudo, na relação comunicativa de ancestralidade negra promovida pelo trançado.
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O trançado, para negras e negros, não é apenas uma questão de estética ou vaidade, representa um encontro com a ancestralidade africana e com a afirmação de uma identidade que é relegada historicamente em uma sociedade racista. Para Nilma Lino Gomes (2019), o cabelo e o corpo podem ser considerados expressões da identidade negra brasileira, uma vez que são símbolos de relações de violência e de desigualdades étnico-raciais. O objetivo deste trabalho é entender, à luz da comunicação e das ciências sociais, os atravessamentos que as mulheres trançadeiras vivem no referente a questões como racismo, identidade negra, colonialidade, ancestralidade, territorialidade e resistência. Entendemos que a cultura do trançado na Amazônia possibilita formas singulares de comunicação divergentes da lógica do sistema patriarcal branco capitalista e colonialista. Como caminhos metodológicos com inspiração em Kilomba (2019), utilizamos uma investigação centrada nos sujeitos, por meio de entrevistas não diretivas (em profundidade) com mulheres negras trancistas, que trabalham em Belém do Pará. A partir dos relatos extraídos desse diálogo, entrelaçamos uma epistemologia descolonial e afrodiaspórica, no qual as narrativas das mulheres é que nos mostram os caminhos da pesquisa. Somos amparados pela noção da organização do vínculo e do “comum” de Muniz Sodré (2014), na teoria crítica de Paulo Freire (2018), nas reflexões de raça e gênero de Grada Kilomba (2019), bell hooks (2017) e Nilma Lino Gomes (2019), e na perspectiva da negritude na Amazônia de Zélia Amador de Deus (2019) e Vicente Salles (1971), entre outros. As práticas emancipatórias das mulheres trançadeiras acontecem por meio da superação das dificuldades econômicas, na solidariedade, na valorização de uma identidade racial negra, feminista e amazônida e, sobretudo, na relação comunicativa de ancestralidade negra promovida pelo trançado.This research focuses on the emancipatory practices of black women hair braiders living in Amazônia, in Belém Pará. We understand braiding activity as communicative experience of resistance, economic autonomy, and overcoming the oppressions that affect black Amazonian women. The braid, for black women and men, is not just a matter of aesthetics or vanity it represents an encounter with African ancestry and the affirmation of an historically relegated identity by a racist society. For Nilma Lino Gomes (2019), hair and body can be considered expressions of Brazilian black identity, since they are symbols of relations of violence and ethnic racial inequalities. The objective of this work is to understand, in light of communication and social sciences, the crossings that women hair braiders experience on issues concerned to racism, black identity, coloniality, ancestry, territoriality, and resistance. We understand that braiding culture in Amazônia enables singular forms of communication divergent from the logic of the capitalist and colonialist white patriarchal system. As methodological paths inspired by Kilomba (2019), we conducted an investigation focused on the individuals, through non-directive interviews (in depth) with black women hair braiders, who work in the city of Belém Pará. From the reports extracted from this dialogue, we interweave a decolonial and Afrodiasporic epistemology, in which the women's narratives are what show us the paths of research. We are supported by Muniz Sodré's (2014) notion of the organization of the bond and the “common”, Paulo Freire's (2018) critical theory, Grada Kilomba's (2019), bell hooks' (2017) and Nilma Lino Gomes' (2019) reflections on race and gender, and Zélia Amador de Deus' (2019) and Vicente Salles' (1971) perspective on blackness in Amazônia, among others. The emancipatory practices of women hair braiders happen through overcoming economic difficulties, in solidarity, in the valorization of a black, feminist, and Amazonian identity, and above all, in the communicative relationship of black ancestry promoted by braiding.Submitted by Rejane Coelho (rejanepcs@gmail.com) on 2024-03-25T20:13:30Z No. of bitstreams: 2 Tese_EntrelacesResistenciaComunicacao.pdf: 5203261 bytes, checksum: ef39aad99701af05ea02553bed535d19 (MD5) license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5)Approved for entry into archive by Rejane Coelho (rejanepcs@gmail.com) on 2024-03-25T20:13:51Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Tese_EntrelacesResistenciaComunicacao.pdf: 5203261 bytes, checksum: ef39aad99701af05ea02553bed535d19 (MD5) license_rdf: 811 bytes, checksum: e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 (MD5)Made available in DSpace on 2024-03-25T20:13:51Z (GMT). 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