A errância fantástica da solidão: o tributo feminino em Cien Años de Soledad

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freitas, Matheus Pereira de
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/31371
Resumo: Nos balaústres anímicos que fundamentam as premissas do ser, na busca emancipatória do primeiro objeto amoroso, as fantasias inconscientes da criança, em seus espectros mais arcaicos, tornam-se vitais para o desenvolvimento e, invariavelmente, contornam a sobrevivência psíquica necessária para o advento da capacidade de estar só. Pois é na desarticulação do real que as ausências podem ser ressignificadas e reelaboradas, urdindo os semblantes necessários à (des)ilusão. Não obstante, ao considerar os sentidos que resguardam o sentimento de solidão, segundo os preceitos da psicanálise, cujo fazer científico estrutura-se nas sendas ignotas do inconsciente, cerne da constituição subjetiva do ser, ver-se-á como o sentimento em tela alicerça a (des)ordenação fundante das relações entre o si mesmo e o julgo dos objetos, administrados pela gênese e aprendizado do estar só. Algures, vertendo-se o olhar para a arcádia literária, e os seus saberes ontológicos, vislumbra-se a obra magna de Gabriel García Márquez (1967), Cem anos de solidão, um dos mais emblemáticos escritos do século XX e, quiçá, um dos testemunhos mais íntimos deste sentimento ambivalente. Não por acaso, na poética do escritor latinoamericano, acompanha-se a família Buendía, subjugada a repetições e tragédias, amaldiçoada pelo estigma do incesto, que delineia seu futuro premeditado, a partir de um fio condutor que (des)estabiliza a fragilidade do seio familiar: a solidão. Assim, baseandonos nessas concepções iniciáticas, permitindo-nos ir além da interpretação arquetípica consagrada pela crítica, essa pesquisa intenta analisar, com base nos pressupostos psicanalíticos, sobretudo, de Sigmund Freud (1856-1939) e Melanie Klein (1882-1960), as personagens femininas do romance referido, observando como a solidão, estética e subjetivamente, articula os planos narrativos que compõem a referida obra. Nesse escopo, sem perder de vista as particularidades estéticas do realismo-maravilhoso, e os seus respectivos estudos, debruçar-nos-emos sobre as solidões que estigmatizam e subjetivam o feminino e a singularidade de três personagens do romance nobelista (Úrsula, Amaranta e Remédios, a Bela), admitindo que cada uma dessas mulheres articulam os signos da solidão, de modo particular, construindo defesas e fomentando angústias (des)integradoras, a partir da volatilidade de suas (in)capacidades de estar só, segundo as moções próprias da neurose, psicose e perversão. Ademais, compreende-se a necessidade de investigar este conceito esparso e, por vezes, nebuloso nos escritos da psicanálise (DOLTO, [1985] 2013), assim, além dos autores citados, empreendemo-nos em outros nomes da psicanálise, como Donald Winnicott (1964), Guy Rosolato (1969) e demais contribuintes de outras ciências humanas.
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Assim, baseandonos nessas concepções iniciáticas, permitindo-nos ir além da interpretação arquetípica consagrada pela crítica, essa pesquisa intenta analisar, com base nos pressupostos psicanalíticos, sobretudo, de Sigmund Freud (1856-1939) e Melanie Klein (1882-1960), as personagens femininas do romance referido, observando como a solidão, estética e subjetivamente, articula os planos narrativos que compõem a referida obra. Nesse escopo, sem perder de vista as particularidades estéticas do realismo-maravilhoso, e os seus respectivos estudos, debruçar-nos-emos sobre as solidões que estigmatizam e subjetivam o feminino e a singularidade de três personagens do romance nobelista (Úrsula, Amaranta e Remédios, a Bela), admitindo que cada uma dessas mulheres articulam os signos da solidão, de modo particular, construindo defesas e fomentando angústias (des)integradoras, a partir da volatilidade de suas (in)capacidades de estar só, segundo as moções próprias da neurose, psicose e perversão. Ademais, compreende-se a necessidade de investigar este conceito esparso e, por vezes, nebuloso nos escritos da psicanálise (DOLTO, [1985] 2013), assim, além dos autores citados, empreendemo-nos em outros nomes da psicanálise, como Donald Winnicott (1964), Guy Rosolato (1969) e demais contribuintes de outras ciências humanas.In the soulful balusters that underlie the premises of being, in the emancipatory search for the first object, the child's unconscious fantasies, in their most archaic spectrums, become vital for development and, invariably, circumvent the psychic survival necessary for the advent of ability to be alone. For it is in the disarticulation of reality that the absences can be re-signified and re-elaborated, creating the semblances necessary for (dis)illusion. However, when considering the senses that protect the feeling of loneliness, according to the precepts of psychoanalysis, whose scientific work is structured along the unknown paths of the unconscious, the core of the subjective constitution of being, it will be seen how the feeling in question is the foundation that fundaments the (dis)ordering of the relationships between the self and the judgment of objects, administered by the genesis and learning of being alone. Somewhere, looking at literary arcadia and its ontological knowledge, one glimpses the magnum opus by Gabriel García Márquez (1967), One Hundred Years of Solitude, one of the most emblematic writings of the 20th century and, perhaps, one of the most intimate testimonies of this ambivalent feeling. Not by chance, in the Latin American writer's poetics, the Buendía family follows, subjugated to repetitions and tragedies, cursed by the stigma of incest, which outlines their premeditated future, based on a guiding thread that (de)stabilizes fragility within the family: loneliness. Thus, based on these initiatory conceptions, allowing us to go beyond the archetypal interpretation consecrated by criticism, this research attempts to analyze, based on psychoanalytic assumptions, especially those of Sigmund Freud (1856-1939) and Melanie Klein (1882-1960), the female characters of the novel, observing how loneliness, aesthetically and subjectively, articulates the narrative plans that make up the remarkable work. In this scope, without losing sight of the aesthetic particularities of marvelous realism, and its respective studies, we will focus on the solitudes that stigmatize and subjectivize the feminine and the singularity of three characters from the Nobelist novel (Úrsula, Amaranta and Remédios, the Beauty), admitting that each of these women articulate the signs of loneliness, in a particular way, building defenses and fomenting (dis)integrating anxieties, based on the volatility of their (in)capacities to be alone, according to the emotions specific to the neurosis, psychosis and perversion. Furthermore, we understand the need to investigate this sparse and, at times, nebulous concept in the writings of psychoanalysis (DOLTO, [1985] 2013), so, in addition to the authors mentioned, we undertake other names in psychoanalysis, such as Donald Winnicott (1964), Guy Rosolato (1969) and other contributors from other human sciences.Submitted by Fernando Augusto Alves Vieira (fernandovieira@biblioteca.ufpb.br) on 2024-08-12T16:25:21Z No. of bitstreams: 2 license_rdf: 805 bytes, checksum: c4c98de35c20c53220c07884f4def27c (MD5) MatheusPereiraDeFreitas_Dissert.pdf: 7340171 bytes, checksum: cdec81cf37f9ce5037cc5b4a39452602 (MD5)Made available in DSpace on 2024-08-12T16:25:21Z (GMT). No. of bitstreams: 2 license_rdf: 805 bytes, checksum: c4c98de35c20c53220c07884f4def27c (MD5) MatheusPereiraDeFreitas_Dissert.pdf: 7340171 bytes, checksum: cdec81cf37f9ce5037cc5b4a39452602 (MD5) Previous issue date: 2023-12-12Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPqporUniversidade Federal da ParaíbaPrograma de Pós-Graduação em LetrasUFPBBrasilLetrasAttribution-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRASCrítica psicanalítica literáriaRealismo maravilhosoSolidãoGabriel García MárquezPsicanálisePsychoanalytic literary criticismMarvelous realismSolitudePsychoanalysisA errância fantástica da solidão: o tributo feminino em Cien Años de Soledadinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisRodrigues, Hermano de Françahttp://lattes.cnpq.br/761526808742159970821946412http://lattes.cnpq.br/6149045744432502Freitas, Matheus Pereira dereponame:Repositório Institucional da UFPBinstname:Universidade Federal da Paraíba (UFPB)instacron:UFPBTEXTMatheusPereiraDeFreitas_Dissert.pdf.txtMatheusPereiraDeFreitas_Dissert.pdf.txtExtracted texttext/plain493171https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/31371/4/MatheusPereiraDeFreitas_Dissert.pdf.txtf346cd6cef6f7ab2d0b5f28aa0d25836MD54LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; 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