Memória temporal: é possível medir o tempo sem o espaço?
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPB |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/26389 |
Resumo: | Nada é mais intuitivo do que o conceito de tempo, apesar da complexidade para defini-lo. Aqui o tratamos como uma sucessão de eventos que podem se relacionar com a duração de um estímulo ou com o ordenamento de itens previamente apresentados; ou seja, uma percepção de intervalos do tempo ou de sequenciamento de estímulos. Os estudos com roedores facilitam as interpretações de fenômenos, os quais podem ser análogos aos observados em humanos, visto que são mais próximos filogeneticamente da nossa espécie do que outros modelos de memória, com exceção dos primatas não-humanos, e possuímos um denso conhecimento sobre sua anatomia e fisiologia. As tarefas com roedores têm como objetivo eliciar um comportamento que seja capaz de expressar um traço de memória e podem se configurar de diversas formas. Dividimos os protocolos de memória temporal para roedores em classes e analisamos vantagens e desvantagens das tarefas com odores e objetos, discutindo as bases metodológicas e anatômicas envolvidas. A memória temporal pode ser investigada de diferentes formas. Em modelos animais, o uso de tarefas envolvendo exploração espontânea de objetos tem se mostrado vantajoso, sendo referência na área o protocolo desenvolvido por Mitchell e Laiacona. O objetivo do presente estudo foi revisar as propriedades metodológicas desta clássica tarefa de memória temporal, investigando a presença de um possível viés relacionado ao processamento espacial nos dados gerados por este desenho experimental. Para tal, submetemos ratos Wistar a novas tarefas desenvolvidas em nosso laboratório, similares ao protocolo original, porém apresentando deslocamento dos objetos no decorrer da sessão experimental. Na tarefa TOM-A, quando se considera a as fases de amostra e teste, os objetos ocupam sempre locais diferentes do campo aberto. Na tarefa TOM-K, os objetos ocupam locais diferentes do campo aberto nas fases de amostra, mas ocupam locais previamente conhecidos no teste. Os resultados da tarefa TOM-A demonstraram que a ausência de uma referência espacial prejudica o desempenho dos animais com relação à discriminação de recência. Por sua vez, os animais exibiram memória temporal na tarefa TOM-K. Os ratos foram ainda testados na presença e na ausência de pistas ambientais de referência nestas tarefas, e os resultados foram na mesma direção. Discutimos os resultados considerando que a possibilidade que o traço de memória para o espaço seja mais robusto do que para o tempo. Foram também tecidas considerações sobre a biologia da espécie utilizada no experimento. Outra possível interpretação para os resultados é que processamento do tempo pode estar intrinsecamente ligado ao do espaço, ideia que se correlaciona com os achados recentes para a neurobiologia deste tipo de memória. O presente trabalho é uma contribuição para o estudo do elemento “tempo”, que é essencial para a compreensão de um dos mais intrigantes processos psicológicos, que é a memória episódica. |
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2023-03-07T13:11:04Z2023-11-142023-03-07T13:11:04Z2021-03-28https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/26389Nada é mais intuitivo do que o conceito de tempo, apesar da complexidade para defini-lo. Aqui o tratamos como uma sucessão de eventos que podem se relacionar com a duração de um estímulo ou com o ordenamento de itens previamente apresentados; ou seja, uma percepção de intervalos do tempo ou de sequenciamento de estímulos. Os estudos com roedores facilitam as interpretações de fenômenos, os quais podem ser análogos aos observados em humanos, visto que são mais próximos filogeneticamente da nossa espécie do que outros modelos de memória, com exceção dos primatas não-humanos, e possuímos um denso conhecimento sobre sua anatomia e fisiologia. As tarefas com roedores têm como objetivo eliciar um comportamento que seja capaz de expressar um traço de memória e podem se configurar de diversas formas. Dividimos os protocolos de memória temporal para roedores em classes e analisamos vantagens e desvantagens das tarefas com odores e objetos, discutindo as bases metodológicas e anatômicas envolvidas. A memória temporal pode ser investigada de diferentes formas. Em modelos animais, o uso de tarefas envolvendo exploração espontânea de objetos tem se mostrado vantajoso, sendo referência na área o protocolo desenvolvido por Mitchell e Laiacona. O objetivo do presente estudo foi revisar as propriedades metodológicas desta clássica tarefa de memória temporal, investigando a presença de um possível viés relacionado ao processamento espacial nos dados gerados por este desenho experimental. Para tal, submetemos ratos Wistar a novas tarefas desenvolvidas em nosso laboratório, similares ao protocolo original, porém apresentando deslocamento dos objetos no decorrer da sessão experimental. Na tarefa TOM-A, quando se considera a as fases de amostra e teste, os objetos ocupam sempre locais diferentes do campo aberto. Na tarefa TOM-K, os objetos ocupam locais diferentes do campo aberto nas fases de amostra, mas ocupam locais previamente conhecidos no teste. Os resultados da tarefa TOM-A demonstraram que a ausência de uma referência espacial prejudica o desempenho dos animais com relação à discriminação de recência. Por sua vez, os animais exibiram memória temporal na tarefa TOM-K. Os ratos foram ainda testados na presença e na ausência de pistas ambientais de referência nestas tarefas, e os resultados foram na mesma direção. Discutimos os resultados considerando que a possibilidade que o traço de memória para o espaço seja mais robusto do que para o tempo. Foram também tecidas considerações sobre a biologia da espécie utilizada no experimento. Outra possível interpretação para os resultados é que processamento do tempo pode estar intrinsecamente ligado ao do espaço, ideia que se correlaciona com os achados recentes para a neurobiologia deste tipo de memória. O presente trabalho é uma contribuição para o estudo do elemento “tempo”, que é essencial para a compreensão de um dos mais intrigantes processos psicológicos, que é a memória episódica.Besides intuitive, the concept of time is hard to define. Here we conceive time as a flow of events, which might relate to the duration of a certain stimulus or the sequencing of previously presented items; in other words: a perception of time intervals or the ordering of stimuli. Studies with rodents might provide interpretation to some phenomena, considering the analogy with humans, the knowledge about their biology and the closer phylogenetic relation with our species, apart from non-human primates. Protocols based on rodents aim to establish behavioral evidence of a memory trace, and they can have different configurations. In this work, we divided the temporal memory protocols in categories and analyzed the advantages and disadvantages of odor tasks and object recogntion tasks, in order to discuss the methodological and physiological basis of these tasks. Different protocols are used to assess temporal memory. The use of spontaneous object exploration in animal models has many advantages, and the protocol developed by Mitchell and Laiacona (1998) has become commonplace. Here we investigated a possible “spatial bias” within this experimental design. For this, Wistar rats underwent novel tasks, developed by our Lab team, similar to the original protocol, but adding object displacement during the experimental session. In the sample and test sessions of the TOM-R task, objects always occupied different locations in the open field. In the sample sessions of the TOM-K task, objects occupied different locations in the open field, but in 28 the test session of this task, the objects occupied previously known locations. In addition, we provided landmarks for a group of rats tested in those protocols, and another group of rats were tested in the absence of landmarks. The results from the TOM-R task showed that the the absence of a spatial reference impairs the recency discrimination. On the other hand, the rats exhibited temporal memory in the TOM-K task. The animals were also tested in those tasks in the presence and absence of landmarks, but the same pattern of results were acquired. Based on these findings, we discussed the possibility that the memory trace for “space” is more robust than the the memory trace for “time”. We also looked at these data considering the rat´s biology. An alternative explanation is that time processing might be intrinsically linked to space processing, which is consistent with the findings from the neurobiology of temporal memory. This study adds to the investigation of the element “time”, an essential factor for elucidating one of the most intriguing psychological process: episodic memory.Submitted by Fernando Augusto Alves Vieira (fernandovieira@biblioteca.ufpb.br) on 2023-02-28T11:46:52Z No. of bitstreams: 3 license_rdf: 805 bytes, checksum: c4c98de35c20c53220c07884f4def27c (MD5) LaísFariasGomes_Dissert.pdf: 1501020 bytes, checksum: 2ffa5c7a1cd95dfb30453b41c8602087 (MD5) LaísFariasGomes_Dissert_Ficha_SIGAA.pdf: 2096 bytes, checksum: 027397e9b49240ceed6e094ef836edb7 (MD5)Approved for entry into archive by Biblioteca Digital de Teses e Dissertações BDTD (bdtd@biblioteca.ufpb.br) on 2023-03-07T13:11:04Z (GMT) No. of bitstreams: 3 license_rdf: 805 bytes, checksum: c4c98de35c20c53220c07884f4def27c (MD5) LaísFariasGomes_Dissert.pdf: 1501020 bytes, checksum: 2ffa5c7a1cd95dfb30453b41c8602087 (MD5) LaísFariasGomes_Dissert_Ficha_SIGAA.pdf: 2096 bytes, checksum: 027397e9b49240ceed6e094ef836edb7 (MD5)Made available in DSpace on 2023-03-07T13:11:04Z (GMT). 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