Análise da qualidade dos dados populacionais e registros de óbitos dos centenários do semiárido brasileiro no período de 2000 a 2020

• Autor(a) principal: Medeiros, Juliana Barbosa
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
• Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/27990
• topic: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA; Saúde - Modelos de decisão - Demografia; Idosos centenários; Censo demográfico; Registros de mortalidade; Confiabilidade dos dados; Centenarians; Censuses; Mortality records; Data reliability

Há um histórico de superestimação da contagem populacional censitária de centenários brasileiros e os registros de óbitos desses indivíduos apresentam problemas de qualidade que podem comprometer seriamente a fidedignidade dos indicadores deles derivados, cujas questões se tornam ainda mais problemáticas quando se trata de regiões como a do Semiárido brasileiro, uma das mais iníquas da América Latina. Nessa perspectiva, o presente estudo teve por objetivo avaliar a qualidade e ajustar os dados populacionais e dos registros de óbitos dos centenários do Semiárido brasileiro no período de 2000 a 2020. Trata-se de um estudo ecológico, transversal, com abordagem quantitativa, referente aos registros de óbitos e dados populacionais de indivíduos com 100 anos ou mais dos 1.262 municípios, regionalizados nas categorias urbano, intermediário e rural do Semiárido brasileiro. Na primeira etapa do estudo foi desenvolvida uma proposta para a avaliação da consistência da contagem dos dados censitários dos centenários A aplicação desse método revelou uma superestimação dos centenários do Semiárido brasileiro, cujo tamanho da população cresceu no decorrer dos anos. A qualidade da contagem censitária melhorou, passando da classificação baixa para regular, entre os censos de 2000 e 2010. Porém, do ponto de vista da comparabilidade internacional os dados censitários ainda são considerados de preocupante qualidade, principalmente naqueles municípios caracterizados como rurais. Na análise da qualidade dos registros de óbitos houve um importante avanço no período, porém a cobertura de óbitos como um todo não atingiu níveis acima de 90%. O percentual das causas mal definidas foi classificado como de qualidade “pouco confiável”, de 16% a 30%, para a maioria dos espaços regionalizados. Na Declaração de Óbitos, a variável sociodemográfica “Escolaridade” apresentou um percentual de incompletude de 44,6%, enquanto “Assistência médica” ficou acima de 50% em todas as situações analisadas. Após a redistribuição das Causas Mal Definidas, o grupo das doenças do aparelho circulatório foi a causa definida mais frequente entre os centenários, seguida pelas doenças do aparelho respiratório e as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; juntas responderam por cerca de 78% dos óbitos dos centenários, após a redistribuição. A análise dos fatores associados ao registro das Causas Mal Definidas evidenciou que os solteiros, separados ou divorciados, residentes em municípios rurais/intermediários, assim como aqueles centenários que faleceram fora de estabelecimentos de saúde e sem assistência médica tiveram maiores chances de apresentarem registros de óbitos mal definidos. Os resultados deste estudo propiciaram uma compreensão, em primeria mão, da situação da contagem dos dados populacionais e dos registros de óbitos dos centenários, os quais podem auxiliar nas avaliações e nas tomadas de decisão das políticas de atenção à saúde, programas e serviços geriátricos e de assistência a essa população tão pouco estudada à despeito do acelerado processo de envelhecimento em que se encontra a população brasileira e em particular a do Semiárido.