Análise horária dos elementos climáticos na Paraíba: do descritivo ao geográfico

• Autor(a) principal: Araújo, Maressa Oliveira Lopes
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
• Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/27380
• topic: CNPQ::CIENCIAS EXATAS E DA TERRA::GEOCIENCIAS; Climatologia tradicional; Climatologia geográfica; Variabilidade climática; Ciclo diurno; Geografia do clima; Traditional climatology; Geographic climatology; Climate variability; Diurnal cycle; Geographic climatology

A análise detalhada do tempo atmosférico, a partir da compreensão de seu ciclo diurno, está diretamente relacionada com a organização das atividades diárias exercidas pelos diferentes grupos sociais. Ainda que relativamente escassos, estudos que abordem as variações horárias dos elementos climáticos estão cada vez mais presentes e são necessários nas análises de Climatologia e áreas afins. Considera-se importante a execução desses estudos a partir das mais diferentes concepções de clima, quais sejam, a tradicional (para um resultado mais sintético para o dia a dia das sociedades); a dinâmica (a fim de se ter conhecimento acerca da gênese dos fenômenos climáticos); e a geográfica (que coloca em exercício a dinamicidade rítmica a partir da realidade histórica e excludente da formação dos espaços geográficos). Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo analisar o comportamento atmosférico dos elementos climáticos horários e suas dinâmicas ao decorrer de eventos e de episódios extremos de chuva, no estado da Paraíba, entre os anos de 2009 a 2019. Para isso, foram utilizados dados horários de elementos climáticos (precipitação, temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do vento e direção do vento) oriundos das Estações Meteorológicas Automáticas (EMA) existentes no estado, sob responsabilidade do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Nesta etapa, encontrou-se diferenças significativas entre as diferentes localidades do estado, ou seja, quanto mais próximas à influência da maritimidade, as chuvas são mais frequentes nas primeiras horas do dia (06:00 e 07:00 horas); as temperaturas médias entre 22,0ºC e 26,0ºC, aproximadamente; as umidades médias próximas ou maiores a 70%; e os ventos característicos, sobretudo, como brisas leves ou fracas e direcionados de sudeste, leste-sudeste e sul-sudeste. Para as demais localidades, onde o fator continentalidade tem maior destaque, tem-se: chuvas nos horários noturnos e nas primeiras horas da madrugada (19:00, 21:00, 22:00 e 01:00 hora), temperaturas médias entre 24,9ºC e 28,0ºC, umidade média entre 51% e 61%, e ventos variando entre as brisas leves ou fracas com direcionamento de leste e leste-sudeste. Na segunda etapa, foram selecionados oito eventos de chuvas horárias a partir dos volumes máximos registrados em cada EMA analisada (um para cada), a fim de compreender suas gêneses e suas variabilidades. Nesta, com auxílio de notícias do Jornal A União online, constatou-se que nem sempre chuvas de elevados volumes repercutirão no espaço de forma a gerar desastres, definindo-as como eventos extremos. Já aquelas que repercutem na vida da sociedade, neste caso com dados de ocorrência apenas em João Pessoa e Patos, foram consideradas como episódios extremos, uma vez que o meio ambiente atingido e pessoas foram postas em situação de ameaça. Por fim, na última etapa, em uma realidade de maior escala, a fim de se obter maiores detalhamentos, foi realizado um ensaio reflexivo para João Pessoa, a partir de um episódio extremo que atingiu a vida dos residentes de uma área de “muito alto” grau de vulnerabilidade socioambiental, que é a Comunidade Tito Silva, localizada no bairro do Miramar, trazendo à tona como as questões socioambientais, sobretudo em se tratando de áreas de riscos, necessitam de gestões e planejamentos de desenvolvimento e adaptação frente aos riscos eminentes e prognosticados em relação ao clima. Compreende-se, a partir dos resultados, a importância do conhecimento acerca da variabilidade do tempo atmosférico e do clima não só por pesquisadores e governantes, mas como toda a sociedade, a fim de que se sejam realizadas ações mitigadoras e de gestão do risco dos desastres socioambientais, a exemplo das práticas em RRD (Redução de Riscos de Desastres).