“Os donos da aldeia” : história, memória e mobilização étnica do povo Tabajara da Paraíba

• Autor(a) principal: Cruz, Amandda Yvnne Figueiredo da
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPB
• Texto Completo: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/30023
• topic: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::ANTROPOLOGIA; Antropologia social; Povos indígenas Tabajara - Paraíba; Micro-história; Memória; Redes de parentesco; Micro-history; Memory; Kinship; Ethnic mobilization

No ano de 2006, um grupo de pessoas que se reconhecia como a "Família dos caboclos” procurou a Fundação Nacional do Índio afirmando que possuíam uma terra de herança no município do Conde, Paraíba, conhecida como Sítio dos Caboclos, e que a mesma havia sido esbulhada na metade do século XX, acarretando a dispersão dos grupos domésticos que lá moravam. A demanda da Família dos caboclos junto à FUNAI e a outros órgãos públicos produziu uma série de estudos que identificaram a relação de descendência do grupo com os indígenas Tabajara que ocupavam o litoral sul da Paraíba e foram territorializados nas aldeias da Jacoca/Conde e Arataguy/Alhandra. Os indígenas viveram nesses aldeamentos até a década de 1860, quando foram unilateralmente declarados extintos pelo governo imperial do Brasil e tornaram-se objeto de uma política de loteamento forçado das terras das aldeias, o que abriu caminho para um período de intenso esbulho e desterritorialização. A partir do caso do povo Tabajara, o trabalho busca compreender quais foram os caminhos do desaparecimento das populações indígenas aldeadas, bem como por quais caminhos esse grupo ressurgiu no século XXI em busca de direitos historicamente negados. Através da micro-história, trajetórias familiares e genealogias de alguns indígenas que viviam aldeados foram refeitas, assim como reconstruiu-se o esbulho do Sítio dos Caboclos e as linhas genealógicas que deram origem à parentela do sítio. A distribuição de poder no município do Conde, palco da atual mobilização étnica tabajara, foi descrita a partir da década de 1960. Por fim, a mobilização protagonizada pelas famílias Tabajara foi analisada, focando no direito ao retorno ao território tradicional e no processo de lutas pela redefinição do controle social dos recursos ambientais do território.