Interações entre plantas e insetos herbívoros ao longo de gradientes de precipitação e perturbação antrópica crônica
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Data de Publicação: | 2020 |
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Resumo: | A herbivoria por insetos é responsável pela maior parte da remoção de biomassa vegetal em florestas tropicais. No entanto, pouco se sabe sobre como as mudanças ambientais causadas pelo homem podem afetar a interação, sobretudo em florestas sazonalmente secas perturbadas cronicamente e sujeitas à alta vulnerabilidade climática, como a Caatinga. Seguindo a Hipótese da Disponibilidade de Recursos proposta por Coley e colaboradores, que prediz que plantas submetidas à alta disponibilidade de recursos (e.g. água no solo) apresentam maiores taxas de herbivoria, avaliamos se a redução na precipitação e o aumento nas perturbações antrópicas crônicas aumentam os níveis de herbivoria em comunidades de plantas herbáceas e lenhosas no Parque Nacional do Catimbau, PE. Adicionalmente, avaliamos os efeitos subjacentes de características intrínsecas das plantas – como área foliar específica (AFE) e presença de nectários extraflorais (NEFs) – e da estrutura da comunidade – abundância, riqueza e identidade das plantas. Monitoramos a frequência, a magnitude e os tipos de dano foliar das principais guildas tróficas de insetos herbívoros exógenos (mastigadores, raspadores e furadores) e endógenos (minadores e galhadores). Plantas herbáceas e lenhosas apresentaram um terço de folhas intactas. No estrato herbáceo, o dano médio acumulado foi de 4,4% de tecido foliar removido (em 21 dias), enquanto no estrato lenhoso foi 10,2% (em 121 dias). Em ambos os estratos da vegetação, os insetos mastigadores foram os herbívoros mais frequentes e com maior taxa de remoção de tecido foliar. Plantas herbáceas e lenhosas apresentaram padrões de herbivoria semelhantes, os quais aumentaram em função da aridez, opondo-se ao esperado. Contudo, perturbações crônicas não apresentaram nenhum efeito sobre os padrões de herbivoria. Além disso, o dano foliar não variou em função da AFE, da presença de NEFs, da densidade e riqueza de plantas, e foi fracamente relacionado à composição taxonômica das plantas. Os resultados não apoiam a Hipótese da Disponibilidade de Recursos e indicam um baixo controle ascendente (bottom-up) da herbivoria na Caatinga. Evidências recentes mostram que a aridez favorece a proliferação de insetos mastigadores na região estudada. Em virtude disso, sugerimos que o aumento da herbivoria nas áreas mais secas seja causado pelo enfraquecimento dos controles descendentes (top-down) da herbivoria, tais como a redução da predação e parasitismo sobre os herbívoros. Se as estiagens na Caatinga se tornarem mais severas e prolongadas, como previsto pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, as interações inseto-planta podem ser alteradas permanentemente, culminando no aumento substancial da herbivoria em comunidades de plantas herbáceas e lenhosas. |
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Seguindo a Hipótese da Disponibilidade de Recursos proposta por Coley e colaboradores, que prediz que plantas submetidas à alta disponibilidade de recursos (e.g. água no solo) apresentam maiores taxas de herbivoria, avaliamos se a redução na precipitação e o aumento nas perturbações antrópicas crônicas aumentam os níveis de herbivoria em comunidades de plantas herbáceas e lenhosas no Parque Nacional do Catimbau, PE. Adicionalmente, avaliamos os efeitos subjacentes de características intrínsecas das plantas – como área foliar específica (AFE) e presença de nectários extraflorais (NEFs) – e da estrutura da comunidade – abundância, riqueza e identidade das plantas. Monitoramos a frequência, a magnitude e os tipos de dano foliar das principais guildas tróficas de insetos herbívoros exógenos (mastigadores, raspadores e furadores) e endógenos (minadores e galhadores). Plantas herbáceas e lenhosas apresentaram um terço de folhas intactas. No estrato herbáceo, o dano médio acumulado foi de 4,4% de tecido foliar removido (em 21 dias), enquanto no estrato lenhoso foi 10,2% (em 121 dias). Em ambos os estratos da vegetação, os insetos mastigadores foram os herbívoros mais frequentes e com maior taxa de remoção de tecido foliar. Plantas herbáceas e lenhosas apresentaram padrões de herbivoria semelhantes, os quais aumentaram em função da aridez, opondo-se ao esperado. Contudo, perturbações crônicas não apresentaram nenhum efeito sobre os padrões de herbivoria. Além disso, o dano foliar não variou em função da AFE, da presença de NEFs, da densidade e riqueza de plantas, e foi fracamente relacionado à composição taxonômica das plantas. Os resultados não apoiam a Hipótese da Disponibilidade de Recursos e indicam um baixo controle ascendente (bottom-up) da herbivoria na Caatinga. Evidências recentes mostram que a aridez favorece a proliferação de insetos mastigadores na região estudada. Em virtude disso, sugerimos que o aumento da herbivoria nas áreas mais secas seja causado pelo enfraquecimento dos controles descendentes (top-down) da herbivoria, tais como a redução da predação e parasitismo sobre os herbívoros. Se as estiagens na Caatinga se tornarem mais severas e prolongadas, como previsto pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, as interações inseto-planta podem ser alteradas permanentemente, culminando no aumento substancial da herbivoria em comunidades de plantas herbáceas e lenhosas.CAPESInsect herbivory is responsible for most plant biomass removal in tropical forests. Following the Resource Availability Hypothesis proposed by Coley and collaborators, which predicts that plants subjected to high resource availability (e.g. water in the soil) have higher herbivory rates because they have greater ability to compensate for leaf damage, we assessed whether the reduction in rainfall and the increase in chronic anthropogenic disturbances reduce herbivory levels in herb and woody plant communities at Parque Nacional do Catimbau, PE. Additionally, we evaluated the underlying effects of foliar traits - as specific leaf area (SLA), presence of extrafloral nectários (ENFs) - and community structure – plant density, richness and plant identity. We monitor the frequency, magnitude and types of foliar damage of the main trophic guilds of exogenous herbivorous insects (chewers, scrapers and drillers) and endogenous insects (miners and gallows). Herbs and woody plants showed one third of intact leaves. In the herb stratum, the daily foliar damage was 4.4% along 21 days, while in the woody stratum it was 10.2% along 121 days. In both vegetation strata, chewing insect was the most frequent trophic guild showing the highest rate of foliar tissue removal. In Caatinga, different plant life-forms present similar herbivory patterns, which increase as a function of aridity, opposing what was expected. However, chronic anthropogenic disturbances had no effect on herbivory patterns. In addition, leaf damage did not vary due to SLA, presence of NEFs, plant density and richness, and was poorly related to the taxonomic composition of the plants. The results do not support the Resource Availability Hypothesis and indicate a low bottom-up herbivory control in Caatinga. Recent evidence shows that aridity favors the proliferation of chewing insects in the region studied. Because of this, we suggest that the increase in herbivory in the drier areas is caused by the weakening of the top-down herbivory controls, such as reduced predation and parasitism on herbivores. If droughts in the Caatinga become more severe and prolonged as predicted by the Brazilian Panel on Climate Change, insect-plant interactions may be permanently altered, culminating in a substantial increase in herbivory in herbaceous and woody plant communities.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em Biologia VegetalUFPEBrasilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/embargoedAccessHerbivoriaCaatingaMudanças climáticasInterações entre plantas e insetos herbívoros ao longo de gradientes de precipitação e perturbação antrópica crônicainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALTESE Janete Ferreira Andrade.pdfTESE Janete Ferreira Andrade.pdfapplication/pdf5042796https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/40250/4/TESE%20Janete%20Ferreira%20Andrade.pdf9059d8b1d70932fc8b91800cead1cee7MD54LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; 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