Pesca, parasitismo e dieta alimentar da baúna Lutjanus alexandrei Moura & Lindeman, 2007 nos ambientes costeiros do litoral sul de Pernambuco
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
dARK ID: | ark:/64986/001300000r38r |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/12210 |
Resumo: | Os peixes vermelhos (Família: Lutjanidae) são considerados espécies-chave e predadores de topo nos ambientes recifais constituindo importantes recursos pesqueiros nas regiões tropicais e subtropicais. A recente descrição da Baúna Lutjanus alexandrei como uma espécie endêmica da costa brasileira indica uma carência de informações científicas precisas sobre os recursos pesqueiros. O presente trabalho foi subdividido em três capítulos, cujos objetivos foram: investigar informações sobre o conhecimento ecológico local (CEL) dos pescadores de caceia e gamboa; avaliar efeitos das infestações parasitárias ao longo do desenvolvimento ontogenético; descrever a ecologia alimentar do L. alexandrei em ambientes de manguezais e recifes costeiros. O estudo foi conduzido no litoral sul de Pernambuco entre os municípios de Sirinhaém e Tamandaré. Para coletar dados preliminares sobre a pesca de caceia, foi utilizada a técnica do informante chave que atuou como intermediário com os pescadores da Barra de Sirinhaém. Em seguida foi usada a técnica “bola de neve” que permite identificar os pescadores mais experientes, onde o entrevistado indica outro pescador em função da dedicação e experiência. Em Tamandaré, a amostragem dos pescadores de gamboa também foi não aleatória intencional, cujos entrevistados já haviam colaborado com trabalhos pretéritos. Todas as entrevistas foram realizadas nos respectivos portos de desembarques. As amostragens dos espécimes de L. alexandrei foram provenientes das capturas das pescarias de caceia e gamboa realizadas em recifes costeiros e manguezais respectivamente, durante os meses de Abril de 2010 à Novembro de 2011. Foi obtido um total de 248 espécimes agrupados em dezesseis classes de tamanho com intervalos de 2 cm. Dados de peso e comprimento total de cada indivíduo foram registrados com a finalidade de estabelecer os coeficientes da equação peso-comprimento e calcular índices fisiológicos para comparação entre populações parasitadas e não parasitadas em cada ambiente. Os valores do fator de condição (K) foram comparados através do teste não paramétrico de Mann-Whitney. A correlação de Pearson foi realizada entre o número total de parasitas e os valores do fator de condição relativo (Kn), assim como para o tamanho do hospedeiro (p < 0.05). Descritores de prevalência, intensidade média e abundância de parasitas foram calculados para todas as classes em que as infestações ocorreram. Para descrição da ecologia alimentar baseada na análise de conteúdo estomacal, foi utilizado o índice de importância relativa (IRI) que relaciona duas medidas quantitativas (percentual de peso e numérico) e uma qualitativa (percentual da frequência de ocorrência) referentes aos itens alimentares. As dietas das populações amostradas nos dois ambientes foi comparada através do método gráfico de Costello. Dentro das categorias mais representativas foi realizada una análise de principais componentes (PCA), com a finalidade de verificar qual táxon foi mais responsável pela diferença na alimentação com a mudança de ambiente. As informações do CEL indicaram que os pescadores consideram haver duas espécies de Baúna, onde cada uma habita um ambiente diferente. Os pescadores de gamboa forneceram detalhadas informações a respeito do habitat demersal e hábito alimentar do L. alexandrei. Indicando que a espécie se abriga em substratos consolidados ou raízes de mangues, onde se alimentam de caranguejos e camarões. Porém afirmaram jamais ter capturado um indivíduo em estágio de maturação sexual reprodutivo. Todos os pescadores de caceia relataram já ter presenciado uma “correção” da espécie. Tal fenômeno corresponde às agregações (reprodutivas ou alimentares) característicos entre as espécies do grupo Lutjanide-Epinephelidae. Além disso, indicaram que a espécie é capturada sempre em substrato consolidado nas margens de canais submarinos. Um total de 611 ectoparasitas pertencentes aos táxons Isopoda, Copepoda, Ostracoda e Hirudinea infestaram 104 indivíduos de L. alexandrei em treze classes de tamanho. Não houvediferença significativa entre os valores de K para as duas populações, entretanto uma baixa correlação positiva foi observada entre o número total de parasitas e o comprimento do hospedeiro. Os indivíduos amostrados nos manguezais foram parasitados exclusivamente por Cymothoa excisa, o qual foi possível observar com detalhes seus estágios de maturação sexual e evidências do hermafroditismo protândrico. Nas análises de conteúdo estomacal foram encontrados 820 itens alimentares agrupados em 52 categorias. As categorias mais representativas dos itens consumidos foram Brachyura (%IRI = 27.18), seguido por Actinopterygii (%IRI = 17.95) e Dendrobranchiata (%IRI = 17.39) em menor proporção. Os resultados da PCA indicaram que a Superfamília Grapsoidea e família Porcellanidae nos manguezais e Actinopterygii, Portunoidea e Dendrobranchiata nos recifes foram as categorias que mais contribuíram para que a alimentação tornasse distinta à nível taxonômico superior. Os resultados indicaram que, juvenis de L. alexandrei são capturados nos manguezais antes de atingir a maturação sexual. Após a migração ontogenética para os recifes profundos a espécie é intensamente infestada por diferentes táxons parasitários, porém não apresentaram nenhum dano com relação à perda de peso. Isto sugere que parâmetros de crescimento e idade devem ser analisados em futuros estudos. A verificação da dieta alimentar com relação às informações provenientes dos pescadores sugere que a integração do conhecimento ecológico local e científico torna-se uma ferramenta indispensável para a realização de uma pesquisa-ação como previsto na proposta de gestão compartilhada. |
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MORAES, Rodrigo Lima Guerra deFERREIRA, Beatrice Padovani2015-03-12T17:26:04Z2015-03-12T17:26:04Z2012-05-31https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/12210ark:/64986/001300000r38rOs peixes vermelhos (Família: Lutjanidae) são considerados espécies-chave e predadores de topo nos ambientes recifais constituindo importantes recursos pesqueiros nas regiões tropicais e subtropicais. A recente descrição da Baúna Lutjanus alexandrei como uma espécie endêmica da costa brasileira indica uma carência de informações científicas precisas sobre os recursos pesqueiros. O presente trabalho foi subdividido em três capítulos, cujos objetivos foram: investigar informações sobre o conhecimento ecológico local (CEL) dos pescadores de caceia e gamboa; avaliar efeitos das infestações parasitárias ao longo do desenvolvimento ontogenético; descrever a ecologia alimentar do L. alexandrei em ambientes de manguezais e recifes costeiros. O estudo foi conduzido no litoral sul de Pernambuco entre os municípios de Sirinhaém e Tamandaré. Para coletar dados preliminares sobre a pesca de caceia, foi utilizada a técnica do informante chave que atuou como intermediário com os pescadores da Barra de Sirinhaém. Em seguida foi usada a técnica “bola de neve” que permite identificar os pescadores mais experientes, onde o entrevistado indica outro pescador em função da dedicação e experiência. Em Tamandaré, a amostragem dos pescadores de gamboa também foi não aleatória intencional, cujos entrevistados já haviam colaborado com trabalhos pretéritos. Todas as entrevistas foram realizadas nos respectivos portos de desembarques. As amostragens dos espécimes de L. alexandrei foram provenientes das capturas das pescarias de caceia e gamboa realizadas em recifes costeiros e manguezais respectivamente, durante os meses de Abril de 2010 à Novembro de 2011. Foi obtido um total de 248 espécimes agrupados em dezesseis classes de tamanho com intervalos de 2 cm. Dados de peso e comprimento total de cada indivíduo foram registrados com a finalidade de estabelecer os coeficientes da equação peso-comprimento e calcular índices fisiológicos para comparação entre populações parasitadas e não parasitadas em cada ambiente. Os valores do fator de condição (K) foram comparados através do teste não paramétrico de Mann-Whitney. A correlação de Pearson foi realizada entre o número total de parasitas e os valores do fator de condição relativo (Kn), assim como para o tamanho do hospedeiro (p < 0.05). Descritores de prevalência, intensidade média e abundância de parasitas foram calculados para todas as classes em que as infestações ocorreram. Para descrição da ecologia alimentar baseada na análise de conteúdo estomacal, foi utilizado o índice de importância relativa (IRI) que relaciona duas medidas quantitativas (percentual de peso e numérico) e uma qualitativa (percentual da frequência de ocorrência) referentes aos itens alimentares. As dietas das populações amostradas nos dois ambientes foi comparada através do método gráfico de Costello. Dentro das categorias mais representativas foi realizada una análise de principais componentes (PCA), com a finalidade de verificar qual táxon foi mais responsável pela diferença na alimentação com a mudança de ambiente. As informações do CEL indicaram que os pescadores consideram haver duas espécies de Baúna, onde cada uma habita um ambiente diferente. Os pescadores de gamboa forneceram detalhadas informações a respeito do habitat demersal e hábito alimentar do L. alexandrei. Indicando que a espécie se abriga em substratos consolidados ou raízes de mangues, onde se alimentam de caranguejos e camarões. Porém afirmaram jamais ter capturado um indivíduo em estágio de maturação sexual reprodutivo. Todos os pescadores de caceia relataram já ter presenciado uma “correção” da espécie. Tal fenômeno corresponde às agregações (reprodutivas ou alimentares) característicos entre as espécies do grupo Lutjanide-Epinephelidae. Além disso, indicaram que a espécie é capturada sempre em substrato consolidado nas margens de canais submarinos. Um total de 611 ectoparasitas pertencentes aos táxons Isopoda, Copepoda, Ostracoda e Hirudinea infestaram 104 indivíduos de L. alexandrei em treze classes de tamanho. Não houvediferença significativa entre os valores de K para as duas populações, entretanto uma baixa correlação positiva foi observada entre o número total de parasitas e o comprimento do hospedeiro. Os indivíduos amostrados nos manguezais foram parasitados exclusivamente por Cymothoa excisa, o qual foi possível observar com detalhes seus estágios de maturação sexual e evidências do hermafroditismo protândrico. Nas análises de conteúdo estomacal foram encontrados 820 itens alimentares agrupados em 52 categorias. As categorias mais representativas dos itens consumidos foram Brachyura (%IRI = 27.18), seguido por Actinopterygii (%IRI = 17.95) e Dendrobranchiata (%IRI = 17.39) em menor proporção. Os resultados da PCA indicaram que a Superfamília Grapsoidea e família Porcellanidae nos manguezais e Actinopterygii, Portunoidea e Dendrobranchiata nos recifes foram as categorias que mais contribuíram para que a alimentação tornasse distinta à nível taxonômico superior. Os resultados indicaram que, juvenis de L. alexandrei são capturados nos manguezais antes de atingir a maturação sexual. Após a migração ontogenética para os recifes profundos a espécie é intensamente infestada por diferentes táxons parasitários, porém não apresentaram nenhum dano com relação à perda de peso. Isto sugere que parâmetros de crescimento e idade devem ser analisados em futuros estudos. A verificação da dieta alimentar com relação às informações provenientes dos pescadores sugere que a integração do conhecimento ecológico local e científico torna-se uma ferramenta indispensável para a realização de uma pesquisa-ação como previsto na proposta de gestão compartilhada.porUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessLutjanidaeConhecimento ecológico localCymothoa excisaMigração ontogenéticaHábito alimentarPesca, parasitismo e dieta alimentar da baúna Lutjanus alexandrei Moura & Lindeman, 2007 nos ambientes costeiros do litoral sul de Pernambucoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILMoraes, 2012 - Pesca, parasitismo e dieta alimentar da Baúna Lutjanus alexandrei nos ambientes costeiros do litoral sul d~1.pdf.jpgMoraes, 2012 - Pesca, parasitismo e dieta alimentar da Baúna Lutjanus alexandrei nos ambientes costeiros do litoral sul d~1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1656https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/12210/5/Moraes%2c%202012%20-%20Pesca%2c%20parasitismo%20e%20dieta%20alimentar%20da%20Ba%c3%bana%20Lutjanus%20alexandrei%20nos%20ambientes%20costeiros%20do%20litoral%20sul%20d~1.pdf.jpg50fd561ed4c37ef534373dfd2f8fd8d6MD55ORIGINALMoraes, 2012 - Pesca, parasitismo e dieta alimentar da Baúna Lutjanus alexandrei nos ambientes costeiros do litoral sul d~1.pdfMoraes, 2012 - Pesca, parasitismo e dieta alimentar da Baúna Lutjanus alexandrei nos ambientes costeiros do litoral sul d~1.pdfapplication/pdf3008565https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/12210/1/Moraes%2c%202012%20-%20Pesca%2c%20parasitismo%20e%20dieta%20alimentar%20da%20Ba%c3%bana%20Lutjanus%20alexandrei%20nos%20ambientes%20costeiros%20do%20litoral%20sul%20d~1.pdfb85f4dcc09a5a3c5eef5c223d8af1fdeMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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Dados de peso e comprimento total de cada indivíduo foram registrados com a finalidade de estabelecer os coeficientes da equação peso-comprimento e calcular índices fisiológicos para comparação entre populações parasitadas e não parasitadas em cada ambiente. Os valores do fator de condição (K) foram comparados através do teste não paramétrico de Mann-Whitney. A correlação de Pearson foi realizada entre o número total de parasitas e os valores do fator de condição relativo (Kn), assim como para o tamanho do hospedeiro (p < 0.05). Descritores de prevalência, intensidade média e abundância de parasitas foram calculados para todas as classes em que as infestações ocorreram. Para descrição da ecologia alimentar baseada na análise de conteúdo estomacal, foi utilizado o índice de importância relativa (IRI) que relaciona duas medidas quantitativas (percentual de peso e numérico) e uma qualitativa (percentual da frequência de ocorrência) referentes aos itens alimentares. 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Tal fenômeno corresponde às agregações (reprodutivas ou alimentares) característicos entre as espécies do grupo Lutjanide-Epinephelidae. Além disso, indicaram que a espécie é capturada sempre em substrato consolidado nas margens de canais submarinos. Um total de 611 ectoparasitas pertencentes aos táxons Isopoda, Copepoda, Ostracoda e Hirudinea infestaram 104 indivíduos de L. alexandrei em treze classes de tamanho. Não houvediferença significativa entre os valores de K para as duas populações, entretanto uma baixa correlação positiva foi observada entre o número total de parasitas e o comprimento do hospedeiro. Os indivíduos amostrados nos manguezais foram parasitados exclusivamente por Cymothoa excisa, o qual foi possível observar com detalhes seus estágios de maturação sexual e evidências do hermafroditismo protândrico. Nas análises de conteúdo estomacal foram encontrados 820 itens alimentares agrupados em 52 categorias. As categorias mais representativas dos itens consumidos foram Brachyura (%IRI = 27.18), seguido por Actinopterygii (%IRI = 17.95) e Dendrobranchiata (%IRI = 17.39) em menor proporção. Os resultados da PCA indicaram que a Superfamília Grapsoidea e família Porcellanidae nos manguezais e Actinopterygii, Portunoidea e Dendrobranchiata nos recifes foram as categorias que mais contribuíram para que a alimentação tornasse distinta à nível taxonômico superior. Os resultados indicaram que, juvenis de L. alexandrei são capturados nos manguezais antes de atingir a maturação sexual. Após a migração ontogenética para os recifes profundos a espécie é intensamente infestada por diferentes táxons parasitários, porém não apresentaram nenhum dano com relação à perda de peso. Isto sugere que parâmetros de crescimento e idade devem ser analisados em futuros estudos. 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