Prazer e sofrimento no trabalho : uma perspectiva dejouriana dos enfermeiros da emergência de um hospital público de Pernambuco

• Autor(a) principal: NEGROMONTE, Karina Albuquerque
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
• dARK ID: ark:/64986/0013000010gjj
• Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/35355
• topic: Trabalho; Psicoterapia psicodinâmica; Enfermeiros

Esta dissertação tem como objetivo compreender as vivências de prazer e sofrimento no trabalho e as estratégias defensivas de enfrentamento desenvolvidas por enfermeiros que atuam em um serviço de emergência de um hospital público de Pernambuco, localizado no município de Caruaru. Constitui um estudo descritivo e exploratório, de abordagem qualitativa com base no referencial teórico da Psicodinâmica do Trabalho proposta por Cristophe Dejours. Foi utilizada como técnica de coleta de dados entrevistas semiestruturadas realizadas com nove enfermeiros servidores da emergência que trabalhavam há mais de dois anos no local e que passavam por situações de sofrimento ou sobrecarga no trabalho. O roteiro das entrevistas teve um eixo norteador de perguntas que contemplaram as situações de prazer e sofrimento no trabalho, sobrecarga de trabalho, relações entre os enfermeiros, entre os demais profissionais da equipe de saúde e a gestão, e também os processos de defesa através das três categorias estabelecidas pela Psicodinâmica do Trabalho, que são: as ideologias defensivas específicas da profissão, as estratégias coletivas de defesa e as defesas individuais dos enfermeiros servidores da emergência. Os dados gerados pelas entrevistas foram metodologicamente examinados a partir da análise de entrevista, que permitiu a investigação e análise das estratégias defensivas dos enfermeiros da emergência, possibilitando visualizar as situações laborais vivenciadas por eles como o processo de subjetivação dos profissionais, relacionados com a organização do trabalho e as relações de poder, e que geram ideologias defensivas como a perda do domínio sobre os próprios desejos, em busca de uma identidade e reconhecimento no hospital, e dessa forma, alguns profissionais colaboraram aderindo à doutrina oficial da organização. Nas ideologias individuais percebemos que os profissionais aumentaram o ritmo de produção como forma de inibir sua própria consciência na realização das tarefas, e a negação também é utilizada como forma de evitar a consciência de algum aspecto doloroso da realidade. Os profissionais também se utilizam de estratégias coletivas de defesa e modos de enfrentamento do sofrimento distanciando-se emocionalmente do paciente como forma de se proteger, e assim o trabalho real difere do prescrito como forma de alcançar um equilíbrio psíquico diante das atividades realizadas. Os relatos de prazer também estão presentes nos depoimentos, e as vantagens em atuar na profissão referem-se ao cuidado com o paciente, o que torna o profissional mais valorizados socialmente, fomentando um requisito que alicerça as ideologias defensivas específicas de profissão.