Entre crimes e castigos : matriz de (im)possibilidades na atenção integral aos homens autores de violência de gênero
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Data de Publicação: | 2008 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8328 |
Resumo: | Este trabalho se insere na discussão sobre violência de gênero, a partir da perspectiva da integralidade em saúde, tendo como objeto de estudo o jogo discursivo de profissionais que atuam na prevenção, assistência e enfrentamento à violência contra a mulher sobre as possibilidades de atendimento aos homens autores de violência no Sistema Único de Saúde (SUS). Considera-se que, historicamente, a atenção das políticas sociais tem recaído prioritariamente sobre as mulheres. Esta pesquisa propõe, portanto, um questionamento sobre a necessidade e a possibilidade de cuidado integral a estes homens. A violência de gênero é aqui abordada, a partir do percurso das conquistas do movimento feminista, no bojo dos processos sociais e históricos importantes, especialmente a partir da década de 1960, que permitem o entendimento da violência também como uma construção discursiva. Parte-se assim dos caminhos para consolidação da mesma como um problema público e, posteriormente, de saúde. A escolha da abordagem teórico-metodológica das práticas discursivas marca um posicionamento teórico e, ao mesmo tempo, o compromisso ético de construir conhecimentos no intuito de favorecer a transformação social, a partir do questionamento de verdades naturalizadas. Tal questionamento é entendido como uma forma de produzir sentidos, tendo por base o rigor científico, considerado aqui como a necessidade de explicitar e argumentar escolhas. Dessa forma, partiu-se do estranhamento frente a uma narrativa instituída, que parece ser naturalizada: aos agressores cabe a criminalização e a decorrente punição. O estranhamento diante da referida narrativa e a tentativa de compreender os processos que dão sustentação a essa matriz são identificados, portanto, como caminhos para a desfamilizarização de uma verdade já instituída e abertura de outras possibilidades para o enfrentamento do problema da violência. Inicialmente, procurou-se identificar os serviços e entidades que compõem a rede de prevenção, assistência e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher na cidade de Recife, tendo como fontes informantes privilegiados e documentos disponibilizados por essas instituições. Foram identificadas 38 instituições. Entre estas, os serviços de saúde foram destacados e, diante disso, problematizadas as possibilidades de uma compreensão mais ampla da violência e da atenção aos homens autores de violência como estratégica no enfrentamento à mesma. Como recursos metodológicos foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 55 profissionais das instituições localizadas. A partir dos repertórios discursivos construídos na situação de entrevista, procurou-se refletir sobre as alternativas de atendimento aos homens autores de violência, considerando a matriz de eventos, condição de sua possibilidade, e problematizando sobre o lugar deste atendimento entre as estratégias de transformação das práticas que dão sustentação à violência de gênero |
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Esta pesquisa propõe, portanto, um questionamento sobre a necessidade e a possibilidade de cuidado integral a estes homens. A violência de gênero é aqui abordada, a partir do percurso das conquistas do movimento feminista, no bojo dos processos sociais e históricos importantes, especialmente a partir da década de 1960, que permitem o entendimento da violência também como uma construção discursiva. Parte-se assim dos caminhos para consolidação da mesma como um problema público e, posteriormente, de saúde. A escolha da abordagem teórico-metodológica das práticas discursivas marca um posicionamento teórico e, ao mesmo tempo, o compromisso ético de construir conhecimentos no intuito de favorecer a transformação social, a partir do questionamento de verdades naturalizadas. Tal questionamento é entendido como uma forma de produzir sentidos, tendo por base o rigor científico, considerado aqui como a necessidade de explicitar e argumentar escolhas. Dessa forma, partiu-se do estranhamento frente a uma narrativa instituída, que parece ser naturalizada: aos agressores cabe a criminalização e a decorrente punição. O estranhamento diante da referida narrativa e a tentativa de compreender os processos que dão sustentação a essa matriz são identificados, portanto, como caminhos para a desfamilizarização de uma verdade já instituída e abertura de outras possibilidades para o enfrentamento do problema da violência. Inicialmente, procurou-se identificar os serviços e entidades que compõem a rede de prevenção, assistência e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher na cidade de Recife, tendo como fontes informantes privilegiados e documentos disponibilizados por essas instituições. Foram identificadas 38 instituições. Entre estas, os serviços de saúde foram destacados e, diante disso, problematizadas as possibilidades de uma compreensão mais ampla da violência e da atenção aos homens autores de violência como estratégica no enfrentamento à mesma. Como recursos metodológicos foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 55 profissionais das instituições localizadas. 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