Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: GUERRA, Lúcia Helena Barbosa
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38766
Resumo: Em Moçambique, embora se observe uma redução da mortalidade materna de 1.300mortes/100mil nascimentos em 1990 para 480/100mil em 2012, ela ainda constitui um grave problema de saúde (Pathfinder, 2016). As altas taxas de mortalidade materna estão correlacionadas com a alta prevalência dos casos de Fístula Obstétrica. Estima-se que a cada mulher que morre na gravidez/parto, trinta sofrem de complicações agudas, são doenças crônicas ou incapacitantes (Bergstrom, 2002:16). De acordo com o Ministério da Saúde de Moçambique no ano de 2013 foram realizados cerca de um milhão de partos no país, dos quais surgiram pelo menos dois mil novos casos de Fístula. A Fístula Obstétrica consiste numa comunicação anormal entre a bexiga e a vagina decorrente da destruição dos tecidos da região pélvica por compressão da cabeça do feto durante o trabalho de parto. Causando perda constante de urina e/ou fezes pela vagina, destruição de órgãos do aparelho urinário e em alguns casos a impossibilidade de andar ou de ter filhos. Se não bastasse a dor física decorrente da doença, elas também sofrem com a culpa por perderem o filho, que geralmente morre durante o parto. Sendo abandonadas pelos maridos passam a viver como “deadwomenwalking”, isoladas devido ao odor fétido que exalam (Ahmed e Holtz, 2007). Com receio de serem rotuladas escondem esse segredo por debaixo dos panos amarrados na cintura, as capulanas. Outro aspecto relevante é que na sociedade moçambicana a construção social de gênero está baseada na submissão feminina. Esse contexto tem influência direta sobre a vulnerabilidade feminina durante o casamento, gestação e parto, e sobre as práticas preventivas à infecção do HIV e o uso de métodos contraceptivos. Destaca-se ainda a presença de práticas culturais arraigadas que também exercem influência sobre o parto, que tem de ser realizado em casa, por outra mulher e caso haja alguma intercorrência é porque a esposa foi infiel ao marido e está sendo castigada pelos espíritos. Esta pesquisa é uma etnografia da Fístula Obstétrica em Moçambique. Tendo como objetivo analisar, não tanto as questões biomédicas da doença, mas mais substancialmente com o desejo de compreendermos se, e em que medida, o ambiente hospitalar se constitui como um espaço social caracterizado pelas relações de poder e que reproduz as relações de gênero e o controle sob os corpos femininos presentes na sociedade moçambicana.
id UFPE_2b1b9b9864b1acf5addc5d77e44b0a2a
oai_identifier_str oai:repositorio.ufpe.br:123456789/38766
network_acronym_str UFPE
network_name_str Repositório Institucional da UFPE
repository_id_str 2221
spelling GUERRA, Lúcia Helena Barbosahttp://lattes.cnpq.br/4776600539255496http://lattes.cnpq.br/3496902001574617SCOTT, Russell ParryMARIANO, Esmeralda Celeste2020-11-25T19:20:00Z2020-11-25T19:20:00Z2018-03-22GUERRA, Lúcia Helena Barbosa. Por debaixo dos panos: um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique. 2018. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38766Em Moçambique, embora se observe uma redução da mortalidade materna de 1.300mortes/100mil nascimentos em 1990 para 480/100mil em 2012, ela ainda constitui um grave problema de saúde (Pathfinder, 2016). As altas taxas de mortalidade materna estão correlacionadas com a alta prevalência dos casos de Fístula Obstétrica. Estima-se que a cada mulher que morre na gravidez/parto, trinta sofrem de complicações agudas, são doenças crônicas ou incapacitantes (Bergstrom, 2002:16). De acordo com o Ministério da Saúde de Moçambique no ano de 2013 foram realizados cerca de um milhão de partos no país, dos quais surgiram pelo menos dois mil novos casos de Fístula. A Fístula Obstétrica consiste numa comunicação anormal entre a bexiga e a vagina decorrente da destruição dos tecidos da região pélvica por compressão da cabeça do feto durante o trabalho de parto. Causando perda constante de urina e/ou fezes pela vagina, destruição de órgãos do aparelho urinário e em alguns casos a impossibilidade de andar ou de ter filhos. Se não bastasse a dor física decorrente da doença, elas também sofrem com a culpa por perderem o filho, que geralmente morre durante o parto. Sendo abandonadas pelos maridos passam a viver como “deadwomenwalking”, isoladas devido ao odor fétido que exalam (Ahmed e Holtz, 2007). Com receio de serem rotuladas escondem esse segredo por debaixo dos panos amarrados na cintura, as capulanas. Outro aspecto relevante é que na sociedade moçambicana a construção social de gênero está baseada na submissão feminina. Esse contexto tem influência direta sobre a vulnerabilidade feminina durante o casamento, gestação e parto, e sobre as práticas preventivas à infecção do HIV e o uso de métodos contraceptivos. Destaca-se ainda a presença de práticas culturais arraigadas que também exercem influência sobre o parto, que tem de ser realizado em casa, por outra mulher e caso haja alguma intercorrência é porque a esposa foi infiel ao marido e está sendo castigada pelos espíritos. Esta pesquisa é uma etnografia da Fístula Obstétrica em Moçambique. Tendo como objetivo analisar, não tanto as questões biomédicas da doença, mas mais substancialmente com o desejo de compreendermos se, e em que medida, o ambiente hospitalar se constitui como um espaço social caracterizado pelas relações de poder e que reproduz as relações de gênero e o controle sob os corpos femininos presentes na sociedade moçambicana.CAPESIn Mozambique, although there is a reduction in maternal mortality from 1,300 deaths / 100,000 births in 1990 to 480 / 100,000 in 2012, it is still a serious health problem (Pathfinder, 2016). The high maternal mortality rates are correlated with the high prevalence of Obstetric Fistula cases. It is estimated that for every woman who dies in pregnancy / childbirth, thirty suffer from acute complications, are chronic or disabling diseases (Bergstrom, 2002: 16). According to the Mozambican Ministry of Health in 2013, approximately one million births were performed in the country, the of which resulted in at least two thousand new cases of Fistula. Obstetric Fistula is an abnormal communication between the bladder and the vagina due to the destruction of pelvic tissues by compression of the fetal head during labor. Causing constant loss of urine and / or feces through the vagina, destruction of urinary organs and in some cases the inability to walk or have children. If the physical pain of the disease were not enough, they also suffer from the blame for losing their child, who usually dies during childbirth. Being abandoned by their husbands, they live as dead women walking, isolated due to the foul odor they exude (Ahmed and Holtz, 2007). Afraid of being labeled, they hide this secret under the cloth tied around their waist, the capulanas. Another relevant aspect is that in Mozambican society the social construction of gender is based on female submission. This context has a direct influence on female vulnerability during marriage, pregnancy and childbirth and on HIV prevention practices and the use of contraceptive methods. Also noteworthy is the presence of ingrained cultural practices that also influence the birth, which has to be performed at home, by another woman and if there is any complication, it is because the wife has been unfaithful to her husband and is being punished by the spirits. This research is an ethnography of Obstetric Fistula in Mozambique. Having as its objective to analyze, not so much the biomedical questions of the disease, but more substantially with the desire to understand if, and to what extent, the hospital environment is constituted as a social space characterized by the relations of power and that reproduces the relations of gender and control over the female bodies present in Mozambican society.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em AntropologiaUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessAntropologiaMães – Mortalidade – MoçambiqueFístula obstétricaServiços de saúde à maternidade – MoçambiqueMulheres – Moçambique – Condições sociaisPor debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambiqueinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETEXTTESE Lúcia Helena Barbosa Guerra.pdf.txtTESE Lúcia Helena Barbosa Guerra.pdf.txtExtracted texttext/plain740031https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/4/TESE%20L%c3%bacia%20Helena%20Barbosa%20Guerra.pdf.txtc38c0e818f68d5b41756f3395d526d51MD54THUMBNAILTESE Lúcia Helena Barbosa Guerra.pdf.jpgTESE Lúcia Helena Barbosa Guerra.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1534https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/5/TESE%20L%c3%bacia%20Helena%20Barbosa%20Guerra.pdf.jpg02e43d051c7f758ed2b6355dc7da90afMD55ORIGINALTESE Lúcia Helena Barbosa Guerra.pdfTESE Lúcia Helena Barbosa Guerra.pdfapplication/pdf6196576https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/1/TESE%20L%c3%bacia%20Helena%20Barbosa%20Guerra.pdf0582ecd40a3a43d73f556a446797733bMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/2/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82310https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/3/license.txtbd573a5ca8288eb7272482765f819534MD53123456789/387662020-11-26 02:11:33.577oai:repositorio.ufpe.br:123456789/38766TGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKClRvZG8gZGVwb3NpdGFudGUgZGUgbWF0ZXJpYWwgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgKFJJKSBkZXZlIGNvbmNlZGVyLCDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBQZXJuYW1idWNvIChVRlBFKSwgdW1hIExpY2Vuw6dhIGRlIERpc3RyaWJ1acOnw6NvIE7Do28gRXhjbHVzaXZhIHBhcmEgbWFudGVyIGUgdG9ybmFyIGFjZXNzw612ZWlzIG9zIHNldXMgZG9jdW1lbnRvcywgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsLCBuZXN0ZSByZXBvc2l0w7NyaW8uCgpDb20gYSBjb25jZXNzw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhIG7Do28gZXhjbHVzaXZhLCBvIGRlcG9zaXRhbnRlIG1hbnTDqW0gdG9kb3Mgb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IuCl9fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fXwoKTGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKCkFvIGNvbmNvcmRhciBjb20gZXN0YSBsaWNlbsOnYSBlIGFjZWl0w6EtbGEsIHZvY8OqIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMpOgoKYSkgRGVjbGFyYSBxdWUgY29uaGVjZSBhIHBvbMOtdGljYSBkZSBjb3B5cmlnaHQgZGEgZWRpdG9yYSBkbyBzZXUgZG9jdW1lbnRvOwpiKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGUgYWNlaXRhIGFzIERpcmV0cml6ZXMgcGFyYSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGUEU7CmMpIENvbmNlZGUgw6AgVUZQRSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZGUgYXJxdWl2YXIsIHJlcHJvZHV6aXIsIGNvbnZlcnRlciAoY29tbyBkZWZpbmlkbyBhIHNlZ3VpciksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIsIG5vIFJJLCBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSAoaW5jbHVpbmRvIG8gcmVzdW1vL2Fic3RyYWN0KSBlbSBmb3JtYXRvIGRpZ2l0YWwgb3UgcG9yIG91dHJvIG1laW87CmQpIERlY2xhcmEgcXVlIGF1dG9yaXphIGEgVUZQRSBhIGFycXVpdmFyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZXN0ZSBkb2N1bWVudG8gZSBjb252ZXJ0w6otbG8sIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gc2V1IGNvbnRlw7pkbywgcGFyYSBxdWFscXVlciBmb3JtYXRvIGRlIGZpY2hlaXJvLCBtZWlvIG91IHN1cG9ydGUsIHBhcmEgZWZlaXRvcyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBwcmVzZXJ2YcOnw6NvIChiYWNrdXApIGUgYWNlc3NvOwplKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRvY3VtZW50byBzdWJtZXRpZG8gw6kgbyBzZXUgdHJhYmFsaG8gb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBhIHRlcmNlaXJvcyBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2Ugb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgb3V0cmEgcGVzc29hIG91IGVudGlkYWRlOwpmKSBEZWNsYXJhIHF1ZSwgbm8gY2FzbyBkbyBkb2N1bWVudG8gc3VibWV0aWRvIGNvbnRlciBtYXRlcmlhbCBkbyBxdWFsIG7Do28gZGV0w6ltIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlCmF1dG9yLCBvYnRldmUgYSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gcmVzcGVjdGl2byBkZXRlbnRvciBkZXNzZXMgZGlyZWl0b3MgcGFyYSBjZWRlciDDoApVRlBFIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgTGljZW7Dp2EgZSBhdXRvcml6YXIgYSB1bml2ZXJzaWRhZGUgYSB1dGlsaXrDoS1sb3MgbGVnYWxtZW50ZS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGN1am9zIGRpcmVpdG9zIHPDo28gZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3UgY29udGXDumRvIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZTsKZykgU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVRlBFLCBkZWNsYXJhIHF1ZSBjdW1wcml1IHF1YWlzcXVlciBvYnJpZ2HDp8O1ZXMgZXhpZ2lkYXMgcGVsbyByZXNwZWN0aXZvIGNvbnRyYXRvIG91IGFjb3Jkby4KCkEgVUZQRSBpZGVudGlmaWNhcsOhIGNsYXJhbWVudGUgbyhzKSBub21lKHMpIGRvKHMpIGF1dG9yIChlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIHBhcmEgYWzDqW0gZG8gcHJldmlzdG8gbmEgYWzDrW5lYSBjKS4KRepositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212020-11-26T05:11:33Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
title Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
spellingShingle Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
GUERRA, Lúcia Helena Barbosa
Antropologia
Mães – Mortalidade – Moçambique
Fístula obstétrica
Serviços de saúde à maternidade – Moçambique
Mulheres – Moçambique – Condições sociais
title_short Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
title_full Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
title_fullStr Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
title_full_unstemmed Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
title_sort Por debaixo dos panos : um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique
author GUERRA, Lúcia Helena Barbosa
author_facet GUERRA, Lúcia Helena Barbosa
author_role author
dc.contributor.authorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4776600539255496
dc.contributor.advisorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3496902001574617
dc.contributor.author.fl_str_mv GUERRA, Lúcia Helena Barbosa
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv SCOTT, Russell Parry
dc.contributor.advisor-co1.fl_str_mv MARIANO, Esmeralda Celeste
contributor_str_mv SCOTT, Russell Parry
MARIANO, Esmeralda Celeste
dc.subject.por.fl_str_mv Antropologia
Mães – Mortalidade – Moçambique
Fístula obstétrica
Serviços de saúde à maternidade – Moçambique
Mulheres – Moçambique – Condições sociais
topic Antropologia
Mães – Mortalidade – Moçambique
Fístula obstétrica
Serviços de saúde à maternidade – Moçambique
Mulheres – Moçambique – Condições sociais
description Em Moçambique, embora se observe uma redução da mortalidade materna de 1.300mortes/100mil nascimentos em 1990 para 480/100mil em 2012, ela ainda constitui um grave problema de saúde (Pathfinder, 2016). As altas taxas de mortalidade materna estão correlacionadas com a alta prevalência dos casos de Fístula Obstétrica. Estima-se que a cada mulher que morre na gravidez/parto, trinta sofrem de complicações agudas, são doenças crônicas ou incapacitantes (Bergstrom, 2002:16). De acordo com o Ministério da Saúde de Moçambique no ano de 2013 foram realizados cerca de um milhão de partos no país, dos quais surgiram pelo menos dois mil novos casos de Fístula. A Fístula Obstétrica consiste numa comunicação anormal entre a bexiga e a vagina decorrente da destruição dos tecidos da região pélvica por compressão da cabeça do feto durante o trabalho de parto. Causando perda constante de urina e/ou fezes pela vagina, destruição de órgãos do aparelho urinário e em alguns casos a impossibilidade de andar ou de ter filhos. Se não bastasse a dor física decorrente da doença, elas também sofrem com a culpa por perderem o filho, que geralmente morre durante o parto. Sendo abandonadas pelos maridos passam a viver como “deadwomenwalking”, isoladas devido ao odor fétido que exalam (Ahmed e Holtz, 2007). Com receio de serem rotuladas escondem esse segredo por debaixo dos panos amarrados na cintura, as capulanas. Outro aspecto relevante é que na sociedade moçambicana a construção social de gênero está baseada na submissão feminina. Esse contexto tem influência direta sobre a vulnerabilidade feminina durante o casamento, gestação e parto, e sobre as práticas preventivas à infecção do HIV e o uso de métodos contraceptivos. Destaca-se ainda a presença de práticas culturais arraigadas que também exercem influência sobre o parto, que tem de ser realizado em casa, por outra mulher e caso haja alguma intercorrência é porque a esposa foi infiel ao marido e está sendo castigada pelos espíritos. Esta pesquisa é uma etnografia da Fístula Obstétrica em Moçambique. Tendo como objetivo analisar, não tanto as questões biomédicas da doença, mas mais substancialmente com o desejo de compreendermos se, e em que medida, o ambiente hospitalar se constitui como um espaço social caracterizado pelas relações de poder e que reproduz as relações de gênero e o controle sob os corpos femininos presentes na sociedade moçambicana.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018-03-22
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2020-11-25T19:20:00Z
dc.date.available.fl_str_mv 2020-11-25T19:20:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv GUERRA, Lúcia Helena Barbosa. Por debaixo dos panos: um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique. 2018. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38766
identifier_str_mv GUERRA, Lúcia Helena Barbosa. Por debaixo dos panos: um estudo etnográfico com pacientes de fístula obstétrica no Hospital Central de Maputo – Moçambique. 2018. Tese (Doutorado em Antropologia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018.
url https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38766
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pos Graduacao em Antropologia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFPE
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFPE
instname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron:UFPE
instname_str Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron_str UFPE
institution UFPE
reponame_str Repositório Institucional da UFPE
collection Repositório Institucional da UFPE
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/4/TESE%20L%c3%bacia%20Helena%20Barbosa%20Guerra.pdf.txt
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/5/TESE%20L%c3%bacia%20Helena%20Barbosa%20Guerra.pdf.jpg
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/1/TESE%20L%c3%bacia%20Helena%20Barbosa%20Guerra.pdf
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/2/license_rdf
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/38766/3/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv c38c0e818f68d5b41756f3395d526d51
02e43d051c7f758ed2b6355dc7da90af
0582ecd40a3a43d73f556a446797733b
e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34
bd573a5ca8288eb7272482765f819534
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
repository.mail.fl_str_mv attena@ufpe.br
_version_ 1802310806167093248