Identidade e territorialidade na comunidade remanescente de quilombo Ilha de São Vicente na região do Bico do Papagaio – Tocantins

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: LOPES, Rita de Cássia Domingues
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/0013000011k9h
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/34263
Resumo: A tese analisa a ocupação agrária da região do Bico do Papagaio no extremo norte do estado do Tocantins e as relações com as questões identitárias e territoriais da Comunidade Remanescente de Quilombo Ilha de São Vicente, localizada no rio Araguaia, Araguatins (TO). O objetivo geral é compreender a história, a forma e a dinâmica da ocupação agrária da região do Bico do Papagaio e sua influência na identificação e na territorialidade da Comunidade Ilha de São Vicente. Os objetivos específicos são: descrever historicamente a ocupação territorial da região do Bico do Papagaio; contextualizar a presença negra no estado do Tocantins; etnografar a comunidade quilombola para compreender o processo de construção da identidade; verificar as categorias de identificação atuais (quilombola e remanescente) e as modalidades de organização social e econômica, partindo das relações de parentesco; verificar as modalidades históricas e atuais da ocupação e uso da terra (individual e coletiva). As pessoas dessa comunidade, assim como ocorreu em várias outras comunidades negras no Brasil, assumiram a identidade quilombola após recuperarem sua história e sua origem por meio de suas memórias, e lutam pela garantia dos direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988, que criou, também, esta nova categoria política, sociológica, antropológica e jurídica, compreendendo uma multiplicidade de casos identificados pelo país. Nesse sentido, discute-se a história, a forma e a dinâmica da ocupação agrária da região do Bico do Papagaio e sua influência na identificação quilombola e na territorialidade da referida comunidade. Trata também da presença negra no Tocantins e das comunidades quilombolas localizadas no norte do estado. É uma pesquisa qualitativa, utilizando o método etnográfico, com as seguintes etapas: levantamento bibliográfico e documental; trabalho de campo com as técnicas de observação participante e entrevistas semiestruturadas; organização e análise dos dados obtidos durante as etapas de campo. Os resultados obtidos foram que a ocupação agrária da região do Bico do Papagaio, ao longo do tempo, influenciou na identificação e na territorialidade da comunidade, e que os elementos identitários estão na relação com os territórios físico, ambiental e simbólico, evidenciado nas relações sociais estabelecidas dentro e fora da comunidade. As identidades e as distinções em que estão implicados os sujeitos não são práticas neutras, mas sim permeadas por conflito e negociação, configurando uma questão de poder e de política, daí a distinção interna entre quilombola e remanescente. A comunidade constrói e dá significado ao lugar, partindo dos vínculos com a terra, com as águas (rio e lagoas), com as relações de parentesco/afinidade que unem as famílias. Assim, a memória de suas referências históricas de origem, a manutenção do grupo de parentesco/afinidade e as ligações com o território demonstram que, dentro de um cenário regional, estes elementos marcam uma identidade de luta pelos direitos assegurados constitucionalmente, para, desta maneira, garantir as suas terras e de serem respeitados.
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Os objetivos específicos são: descrever historicamente a ocupação territorial da região do Bico do Papagaio; contextualizar a presença negra no estado do Tocantins; etnografar a comunidade quilombola para compreender o processo de construção da identidade; verificar as categorias de identificação atuais (quilombola e remanescente) e as modalidades de organização social e econômica, partindo das relações de parentesco; verificar as modalidades históricas e atuais da ocupação e uso da terra (individual e coletiva). As pessoas dessa comunidade, assim como ocorreu em várias outras comunidades negras no Brasil, assumiram a identidade quilombola após recuperarem sua história e sua origem por meio de suas memórias, e lutam pela garantia dos direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988, que criou, também, esta nova categoria política, sociológica, antropológica e jurídica, compreendendo uma multiplicidade de casos identificados pelo país. Nesse sentido, discute-se a história, a forma e a dinâmica da ocupação agrária da região do Bico do Papagaio e sua influência na identificação quilombola e na territorialidade da referida comunidade. Trata também da presença negra no Tocantins e das comunidades quilombolas localizadas no norte do estado. É uma pesquisa qualitativa, utilizando o método etnográfico, com as seguintes etapas: levantamento bibliográfico e documental; trabalho de campo com as técnicas de observação participante e entrevistas semiestruturadas; organização e análise dos dados obtidos durante as etapas de campo. Os resultados obtidos foram que a ocupação agrária da região do Bico do Papagaio, ao longo do tempo, influenciou na identificação e na territorialidade da comunidade, e que os elementos identitários estão na relação com os territórios físico, ambiental e simbólico, evidenciado nas relações sociais estabelecidas dentro e fora da comunidade. As identidades e as distinções em que estão implicados os sujeitos não são práticas neutras, mas sim permeadas por conflito e negociação, configurando uma questão de poder e de política, daí a distinção interna entre quilombola e remanescente. A comunidade constrói e dá significado ao lugar, partindo dos vínculos com a terra, com as águas (rio e lagoas), com as relações de parentesco/afinidade que unem as famílias. Assim, a memória de suas referências históricas de origem, a manutenção do grupo de parentesco/afinidade e as ligações com o território demonstram que, dentro de um cenário regional, estes elementos marcam uma identidade de luta pelos direitos assegurados constitucionalmente, para, desta maneira, garantir as suas terras e de serem respeitados.This thesis analyzes the agrarian occupation in the Bico do Papagaio region on the extreme north of the Tocantins state the identity and territoriality relations of the São Vicente Island Remaining Quilombo Community, located in Araguaia river, district of Araguatins city. The general objective is to understand the history, way and trends of the agrarian occupation in the Bico do Papagaio region and its effects in the identification and in the territoriality of the in the São Vicente Island community. The specific objectives are: describe historically the territorial occupation of the Bico do Papagaio region; contextualize the black presence in the Tocantins state; ethnograph the quilombola communities to understand the process of identity construction; verify the current identity category (quilombola and remnant) and the modalities of social and economic organization, starting from kinship; verify the historical and current modalities of the occupation and the use of land (individual or collective). The people in this community, as had occurred in many Brazilian black communities, assumed the quilombola identity after recovering histories and origin through their memories, that also created a new political, sociological and juridical category, comprehending a diversity of identified cases in the country. Therefore, it’s being discussed the history, way and trends of the agrarian occupation in the Bico do Papagaio region and its influence in the quilombola identity and the territoriality of the referred community. Additionally treats the black presence in the Tocantins state and the quilombola communities located in the North of the state. It's a research characterized as qualitative, using the ethnographic method, which were realized by the following steps: bibliographical and documents surveys; field surveys with participant observation and semi-structured interviews; analysis and organizations of the data collected during the field research. The obtained results were that the agrarian occupation in the Bico do Papagaio region, throughout the time, influenced in the identification and in the territoriality of the community, and that the identity elements relate to the physical territory, environmental and symbolic, demonstrated in the social relations stabilized inside and outside of this community. The identities and the distinctions which the subjects are involved are not neutral practices, but permeated with conflicts and deals, setting a question of power and politic, causing an internal distinction between the quilombola and the remanescente. The community builds and give a meaning for the place, sharing connections to the earth, to the water (lakes and rivers), with relations of kinship/affinity that unite families. Thus, the memory of their historical references of origin, maintaining a group of kinship/affinity and connection to the territory, demonstrating that, inside of a regional scenery, these elements set an fight identity secured by their constitutional rights, to thereby ensure their lands and to be respected.La thèse analyse l’occupation agraire de la région de Bico do Papagaio, à l’extrême nord de l’État brésilien de Tocantins, et les relations avec l’identité et les enjeux territoriaux de la Communauté restant de quilombo ilha de São Vicente, située dans le fleuve Araguaia (Araguatins, TO). L’objectif général est de comprendre l’histoire, la forme et la dynamique de l’occupation agraire de la région de Bico do Papagaio et son influence sur l’identification et la territorialité de la communauté Ilha de São Vicente. Les objectifs spécifiques sont: décrire historiquement l’occupation territoriale de la région de Bico do Papagaio; contextualiser la présence noire dans l’état de Tocantins; ethnographier la communauté quilombola pour comprendre le processus de construction de leur identité; vérifier les catégories d’identification actuelles: (quilombola et reste) et les modalités d'organisation sociale et économique à partir des relations de parenté; vérifier les modalités historiques et actuelles d'occupation et d'utilisation des terres (individuelles et collectives). Les membres de cette communauté, comme dans plusieurs autres communautés noires au Brésil, ont assumé l’identité de quilombola après avoir retrouvé leur histoire et leur origine à travers leurs souvenirs. En outre, ils s’efforcent de garantir les droits garantis par la Constitution fédérale de 1988, qui a également créé cette nouvelle catégorie politique, sociologique, anthropologique et juridique, à partir de la compréhension d’une multiplicité de cas identifiés par le pays. Dans ce sens, l’histoire, la forme et la dynamique de l’occupation agraire de la région de Bico do Papagaio et son influence sur l’identification de la quilombola et sur la territorialité de la communauté sont discutées. Il traite également de la présence noire à Tocantins et des communautés quilombola situées dans le nord de l’état. Il s’agit d’une recherche qualitative, utilisant la méthode ethnographique, comportant les étapes suivantes : enquête bibliographique et documentaire ; travail sur le terrain avec des techniques d’observation des participants et des entretiens semi-structurés ; organisation et analyse des données obtenues au cours des étapes sur le terrain. Les résultats obtenus sont que l’occupation agraire de la région de Bico do Papagaio a, au fil du temps, influencé l’identification et la territorialité de la communauté, et que les éléments d’identité sont en relation avec les territoires physiques, environnementaux et symboliques, mis en évidence dans les relations sociales établies à l’intérieur et à l’extérieur de la communauté. Les identités et les distinctions dans lesquelles les sujets sont impliqués ne sont pas des pratiques neutres, car elles sont imprégnées de conflit et de négociation. Il s’agit d’une question de pouvoir et de politique, et la distinction interne entre quilombola et restant. Partant des liens avec la terre, avec les eaux (rivière et lagunes), la communauté construit et donne un sens au lieu avec les relations de parenté / affinité qui unissent les familles. Ainsi, la mémoire de leurs références historiques d’origine, le maintien du groupe de parenté / affinité et les liens avec le territoire démontrent que ces éléments marquent, dans un cadre régional, une identité de lutte pour les droits garantis par la constitution, pour sécuriser leurs terres et pour être respectés.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em AntropologiaUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessAntropologiaQuilombos – TocantinsQuilombolas – Identidade étnicaTerritorialidade humanaIdentidade e territorialidade na comunidade remanescente de quilombo Ilha de São Vicente na região do Bico do Papagaio – Tocantinsinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILTESE Rita de Cássia Domingues Lopes.pdf.jpgTESE Rita de Cássia Domingues Lopes.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1315https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/34263/5/TESE%20Rita%20de%20C%c3%a1ssia%20Domingues%20Lopes.pdf.jpg56813d6d842d891012f8f998fc959471MD55ORIGINALTESE Rita de Cássia Domingues Lopes.pdfTESE Rita de Cássia Domingues Lopes.pdfapplication/pdf12339953https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/34263/1/TESE%20Rita%20de%20C%c3%a1ssia%20Domingues%20Lopes.pdf7f2d7b5d3dbc08e2fd5a1c7d7c599382MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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