Poéticas da comunidade em Giorgio Agamben: espectros da espiritualidade em uma educação qualquer

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: NUNES, Cleiton de Barros
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
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Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31729
Resumo: O exercício proposto nesta tese buscou recolher, a partir do pensamento de Giorgio Agamben, fragmentos poéticos de uma comunidade que vem, ficcionalizando a ideia de uma educação qualquer como experiência formativa extrema, que não está assentada ou pretende reivindicar uma identidade e que, ao mesmo tempo, não abdica do viver junto como experiência éticopolítica fundamental. Tratou-se de assombrar o sujeito da educação com os fantasmas que ele mesmo produziu na forja da sua experiência formativa, inseparável da eliminação maciça de todos aqueles que não se identificam com e como ele mesmo. A espiritualidade, aqui, foi tomada como a vida imprópria daqueles que fazem da experiência da comunidade uma maneira singular de resistir ao biopoder fundado no sujeito e na identidade, cujo paradigma é o humanismo assentado na figura/substância do sujeito-homem. Do ponto de vista metodológico, a experiência consistiu em recolher os fragmentos de outras experiências formativas possíveis utilizando a leitura do livro "A comunidade que vem" como chave arcana para abrir fendas e revirar os escombros do nosso pensamento pedagógico, entrevendo outros mundos lá mesmo onde o próprio mundo do pesquisador se mostra fadado ao desaparecimento. Inicialmente, apresento a discussão em torno do alcance e dos limites do pensamento antropológico como ideia central da educação no Ocidente, mostrando como esse pensamento se projeta na definição de uma teleologia formativa. O exercício implicado consistiu em remover a mitologia da finalidade enquanto eixo privilegiado na reflexão filosófico-educacional, argumentando que essa narrativa dos meios e dos fins sustenta a existência do sujeito como pressuposto fundante da educação ao mesmo tempo em que é sustentada por ele. A seguir, apresento a constelação de pensamento à qual Agamben está conectado nos múltiplos tensionamentos presentes na sua reflexão sobre a comunidade que vem, menos como um esforço exegético e mais como um trabalho para situar o lugar de Agamben na cartografia contemporânea do comum. Talvez ele próprio não se reconheça nas proximidades e distâncias apenas esboçadas aqui. Logo depois, apresento o pensamento da comunidade do filósofo italiano argumentando que se trata ao mesmo tempo, de uma ontologia e de uma poética. A pretensão aqui é tornar claro nosso argumento central: uma poética da comunidade nos expõe a modos radicalmente outros de pensar a educação. O quarto capítulo tem a pretensão de apresentar mais diretamente a noção de "educação qualquer" que estou propondo nessa tese a partir de três pontos centrais: a ideia de uma forma-de-vida como vida inseparável de sua formação; a ideia de nudez como chave para pensar uma educação que não toma o corpo como mero objeto de intervenção, mas como aparição de uma presença irreparável; e a ideia de gesto como exibição de um modo de ser e de formar no espaço do qualquer. Por fim, o limiar final do trabalho consiste em um gesto de abandonar o nosso desejo de propriedade na experiência formativa, admitindo que é na imprópria experiência de uma comunidade qualquer que podemos, ainda, devir outros
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A espiritualidade, aqui, foi tomada como a vida imprópria daqueles que fazem da experiência da comunidade uma maneira singular de resistir ao biopoder fundado no sujeito e na identidade, cujo paradigma é o humanismo assentado na figura/substância do sujeito-homem. Do ponto de vista metodológico, a experiência consistiu em recolher os fragmentos de outras experiências formativas possíveis utilizando a leitura do livro "A comunidade que vem" como chave arcana para abrir fendas e revirar os escombros do nosso pensamento pedagógico, entrevendo outros mundos lá mesmo onde o próprio mundo do pesquisador se mostra fadado ao desaparecimento. Inicialmente, apresento a discussão em torno do alcance e dos limites do pensamento antropológico como ideia central da educação no Ocidente, mostrando como esse pensamento se projeta na definição de uma teleologia formativa. O exercício implicado consistiu em remover a mitologia da finalidade enquanto eixo privilegiado na reflexão filosófico-educacional, argumentando que essa narrativa dos meios e dos fins sustenta a existência do sujeito como pressuposto fundante da educação ao mesmo tempo em que é sustentada por ele. A seguir, apresento a constelação de pensamento à qual Agamben está conectado nos múltiplos tensionamentos presentes na sua reflexão sobre a comunidade que vem, menos como um esforço exegético e mais como um trabalho para situar o lugar de Agamben na cartografia contemporânea do comum. Talvez ele próprio não se reconheça nas proximidades e distâncias apenas esboçadas aqui. Logo depois, apresento o pensamento da comunidade do filósofo italiano argumentando que se trata ao mesmo tempo, de uma ontologia e de uma poética. A pretensão aqui é tornar claro nosso argumento central: uma poética da comunidade nos expõe a modos radicalmente outros de pensar a educação. O quarto capítulo tem a pretensão de apresentar mais diretamente a noção de "educação qualquer" que estou propondo nessa tese a partir de três pontos centrais: a ideia de uma forma-de-vida como vida inseparável de sua formação; a ideia de nudez como chave para pensar uma educação que não toma o corpo como mero objeto de intervenção, mas como aparição de uma presença irreparável; e a ideia de gesto como exibição de um modo de ser e de formar no espaço do qualquer. Por fim, o limiar final do trabalho consiste em um gesto de abandonar o nosso desejo de propriedade na experiência formativa, admitindo que é na imprópria experiência de uma comunidade qualquer que podemos, ainda, devir outrosCNPqThe exercise proposed in this thesis sought to collect, from the thought of Giorgio Agamben, poetic fragments of a community that comes, fictionalizing the idea of whatever education as an extreme formative experience, that is not settled or intends to claim an identity and that, at the same time, do not give up living together as a fundamental ethical-political experience. We tried to frightened the subject of education with the ghosts he produced in the forge of his formative experience, inseparable from the mass elimination of all those who do not identify with and like himself. Spirituality here has been taken as the improper life of those who make of the experience of the community a unique way of resisting biopower based on the subject and identity, whose paradigm is humanism based on the figure / substance of the subject-man. From the methodological point of view, the experience consisted in collecting fragments of other formative experiences by reading the book "The Coming Community" as an arcane key to open wreaks of our pedagogical thinking and seeing other worlds at the same place where the researcher’s world is bound to disappear. Initially, I present the discussion about the scope and limits of anthropological thought as the central idea of education in western world, showing how this thoughts are projected in the definition of a formative teleology. The implied exercise consisted in removing the mythology of purpose as a privileged axis in philosophical-educational reflection, arguing that this narrative of means and ends supports the existence of the subject as the underlying assumption of education at the same time as it is sustained by it. Next, I present the constellation of thought to which Agamben is connected in the multiple tensions present in his reflection on the coming community, less as an exegetical effort and more as a work to situate Agamben's place in contemporary cartography of the ordinary. Perhaps he does not recognize himself in the surroundings and distances outlined in this work. Soon after, I present the thought of the community of this Italian philosopher arguing that it is both an ontology and poetics. The claim here is to state our central argument: poetics of the community exposes us to radically different ways of thinking about education. The fourth chapter intends to present more directly the notion of "whatever education" that I am proposing in this thesis from three central points: the idea of a form-of-life as life inseparable from its formation; the idea of nudity as a key to think of an education that does not take the body as a mere object of intervention, but as the appearance of an irreparable presence; and the idea of gesture as a display of a way of being and of forming in the space of the whatever. The final threshold of this work consists in a gesture of abandoning our desire for property in formative experience, admitting that it is in the improper experience of whatever community where we can still become others.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em EducacaoUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessEducação - FilosofiaEspiritualidadeAgamben, Giorgio, 1942-UFPE - Pós-graduaçãoPoéticas da comunidade em Giorgio Agamben: espectros da espiritualidade em uma educação qualquerinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILTESE Cleiton de Barros Nunes.pdf.jpgTESE Cleiton de Barros Nunes.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1219https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31729/6/TESE%20Cleiton%20de%20Barros%20Nunes.pdf.jpgeaba9cf9d4773a0fb8f14c68aaacf58dMD56ORIGINALTESE Cleiton de Barros Nunes.pdfTESE Cleiton de Barros Nunes.pdfapplication/pdf4796842https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31729/1/TESE%20Cleiton%20de%20Barros%20Nunes.pdf6079805358c0cd906a16e2a4ca3de030MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; 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