Os fazedores de cidade: uma história da mudança da capital no Piauí (1800-1852)
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Data de Publicação: | 2016 |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17281 |
Resumo: | Este trabalho busca investigar o fenômeno da transferência da capital do Piauí, em 1852, de Oeiras para Teresina. Fato inédito na história do Brasil, nunca antes uma cidade fora pensada e construída para abrigar uma sede administrativa no país. Desde 1844, o debate político no universo da Província resultou numa série de atos legislativos que culminaram na mudança definitiva, a partir da lei provincial de agosto de 1852. Mais precisamente, a pesquisa procura compreender a natureza do discurso mudancista, com o objetivo de historicizar seus temas e desconstruir os conceitos que lhe deram sentido. Para isso, foram analisados os relatórios provinciais de 1836 até 1863, o espaço privilegiado onde a mudança da capital foi construída. Teresina foi resultado de uma projeção de futuro do Império, que a partir de conceitos como civilização e progresso, procurou elaborar a sua imagem política. Esse esforço de legitimação produziu o esquecimento sobre as expectativas que definiram a primeira capital do Piauí, Oeiras. Sua fundação, em 1762, foi resultado da criação da Capitania de São José do Piauí a partir de um projeto urbanístico e civilizatório do Estado português, com conceitos políticos específicos daquele período. No final do século XVIII, a mudança da capital foi deliberada através de uma consulta formal no Conselho Ultramarino, que decidiu a permanência em Oeiras. Apesar disso, o processo elaborou todas as possibilidades que foram apropriadas, quase meio século depois, pelo discurso mudancista no Segundo Reinado. Projetando o futuro de Teresina como o da própria Província, as narrativas políticas oitocentistas representaram a cidade como ícone da civilização, e superioridade do universo urbano sobre o sertão – o obstáculo à materialização plena desta visão. Essa perspectiva foi incorporada pela historiografia local a partir da publicação do primeiro livro de história do Piauí, a Memória Cronológica, Histórica e Corográfica, de autoria de Martins Pereira de Alencastre, e publicada na Revista do IHGB em 1857. Porém, décadas depois, a literatura romântica – através da obra poética Lira Sertaneja, de autoria de Hermínio Castelo Branco, mobilizou os mesmos conceitos de civilização, cidade e sertão para operar uma inversão: a construção da identidade do Piauí a partir da crítica ao universo urbano representado pela nova capital, e a valorização da experiência rural através da vida sertaneja. |
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Teresina foi resultado de uma projeção de futuro do Império, que a partir de conceitos como civilização e progresso, procurou elaborar a sua imagem política. Esse esforço de legitimação produziu o esquecimento sobre as expectativas que definiram a primeira capital do Piauí, Oeiras. Sua fundação, em 1762, foi resultado da criação da Capitania de São José do Piauí a partir de um projeto urbanístico e civilizatório do Estado português, com conceitos políticos específicos daquele período. No final do século XVIII, a mudança da capital foi deliberada através de uma consulta formal no Conselho Ultramarino, que decidiu a permanência em Oeiras. Apesar disso, o processo elaborou todas as possibilidades que foram apropriadas, quase meio século depois, pelo discurso mudancista no Segundo Reinado. Projetando o futuro de Teresina como o da própria Província, as narrativas políticas oitocentistas representaram a cidade como ícone da civilização, e superioridade do universo urbano sobre o sertão – o obstáculo à materialização plena desta visão. Essa perspectiva foi incorporada pela historiografia local a partir da publicação do primeiro livro de história do Piauí, a Memória Cronológica, Histórica e Corográfica, de autoria de Martins Pereira de Alencastre, e publicada na Revista do IHGB em 1857. Porém, décadas depois, a literatura romântica – através da obra poética Lira Sertaneja, de autoria de Hermínio Castelo Branco, mobilizou os mesmos conceitos de civilização, cidade e sertão para operar uma inversão: a construção da identidade do Piauí a partir da crítica ao universo urbano representado pela nova capital, e a valorização da experiência rural através da vida sertaneja.FACEPEThis work seeks to investigate the phenomenon of the transfer of the capital of Piauí, in 1852, of Oeiras to Teresina. Unprecedented fact in the history of Brazil, never before a city outside conceived and built to house an administrative headquarters in the country. Since 1844, the political debate in the universe of the Province has resulted in a series of legislative acts which culminated in the definitive change, from the Provincial Law of August 1852. More precisely, the research seeks to understand the nature of the speech change, with the objective of its themes and historicizar deconstruct the concepts that gave him the direction. For this reason, it was analyzed the reports of 1836 until 1863 provincial, the privileged space where the change of the capital was built. Teresina was the result of a projection of the future of the Empire, who from concepts such as civilization and progress, has sought to develop its political image. This effort to legitimize produced the forgotten about the expectations that have defined the first capital of Piauí, Oeiras. Its foundation, in 1762, was a result of the creation of the Captaincy of St Joseph of Piauí from an urban project and the civilizing the Portuguese State, with specific political concepts of that period. At the end of the 18th century, the change of the capital was deliberate through a formal consultation in the Ultramarine Council, which has decided to overseas permanence in Oeiras. Despite this, the process has produced all the possibilities that were appropriate, almost half century after, by speech change in Second Reign. Designing the future of Teresina as the own province, the narratives nineteenth century policies represented the city as an icon of civilization, and superiority of urban universe on the hinterland - the obstacle to the materialization of this vision. This perspective was incorporated by the historiography location from the publication of the first book on the history of Piauí, Memória Cronológica, Histórica e Corográfica of Martins Pereira Alencastre, and published in the Journal of the IHGB in 1857. However, decades later, the Romantic literature - through the poetic Lira Sertaneja, authored by Hermínio Castelo Branco, mobilized the same concepts of civilization, city and hinterland to operate a reversal: the identity construction of Piauí from the criticism of the urban universe represented by the new capital and the valorization of rural experience through the rustic life.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em HistoriaUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessPiauí - HistóriaCidades e vilasCapitais (Cidades).Teresina (PI).Os fazedores de cidade: uma história da mudança da capital no Piauí (1800-1852)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILGUSTAVO VILHENA - TESE DE DOUTORADO - OS FAZEDORES DE CIDADE.pdf.jpgGUSTAVO VILHENA - TESE DE DOUTORADO - OS FAZEDORES DE CIDADE.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1149https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/17281/5/GUSTAVO%20VILHENA%20-%20TESE%20DE%20DOUTORADO%20-%20OS%20FAZEDORES%20DE%20CIDADE.pdf.jpg3437c9768f694a0bb1fbffb2a5a125d5MD55ORIGINALGUSTAVO VILHENA - TESE DE DOUTORADO - OS FAZEDORES DE CIDADE.pdfGUSTAVO VILHENA - TESE DE DOUTORADO - OS FAZEDORES DE CIDADE.pdfapplication/pdf1761660https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/17281/1/GUSTAVO%20VILHENA%20-%20TESE%20DE%20DOUTORADO%20-%20OS%20FAZEDORES%20DE%20CIDADE.pdf0bf3a8c0a2d0df07cbfad5c91bf8bc89MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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