A geopolítica da sede no Brasil: um estudo sobre água e pobreza no campo

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SILVEIRA, Sandra Maria Batista
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
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Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28990
Resumo: Esta tese apresenta um estudo crítico sobre a relação entre água e pobreza no campo. A disponibilidade de água para o consumo humano e para o saneamento básico tornou-se indicador importante da miséria, tanto no campo quanto nas periferias urbanas. Especificamente para as populações rurais os organismos internacionais recomendam a elaboração de políticas de enfrentamento à pobreza extrema que estabelecem o acesso à água como parte das estratégias centrais. A articulação entre políticas de água e políticas de enfrentamento à pobreza extrema é recomendada mundialmente a partir das constatações de que as áreas rurais geralmente concentram o maior contingente de pobres e sedentos. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo identificar as determinações e tendências do enfrentamento público da questão da água no semiárido brasileiro, a partir de uma análise crítica do Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Água - Água para Todos e do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – Projeto de Transposição do Rio São Francisco. Defendemos a tese de que há uma política hídrica para o semiárido brasileiro que articula a política capitalista da água, por meio do modelo do agronegócio e dos grandes projetos de irrigação, e uma política de água para os pobres, identificada na análise do Programa Água para Todos, direcionado às populações rurais. Do ponto de vista teórico-metodológico, realizamos uma análise documental, a partir de uma abordagem histórico-dialética, e definimos como principais categorias de análise a acumulação primitiva, a expropriação e a supercapitalização. Buscamos demonstrar em que medida estas políticas alteram o cenário geral do abastecimento hídrico das populações difusas do Semiárido, e em que medida incorporam os interesses da política capitalista da água, comandada pelas oligarquias rurais do agronegócio, que fundam novas contradições ao processo de acumulação do capital no campo e apresentam novos desafios às lutas socioecológicas dos pobres. Concluímos que as determinações da política hídrica direcionada ao semiárido revelam como o Estado brasileiro, comprometido seriamente com o capital financeiro e com as oligarquias agrárias, legitima a perpetuação da sede e da pobreza rural no território do semiárido, mesmo quando eventualmente atende algumas das demandas dos camponeses e movimentos sociais rurais. As respostas favoráveis aos trabalhadores geralmente são ligadas às demandas técnicas, e são implementadas ignorando propositadamente o debate da propriedade da terra e a questão agrária. Nenhuma política hídrica, por melhor que sejam sua formulação ou pressupostos, poderá resolver o problema da sede se não enfrentar a perversidade da estrutura fundiária no campo brasileiro. De igual maneira, a pobreza rural não será erradicada se não for apreendida a partir das relações de propriedade, como o avesso da abundância do negócio da água e do negócio da terra.
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Neste sentido, este trabalho teve por objetivo identificar as determinações e tendências do enfrentamento público da questão da água no semiárido brasileiro, a partir de uma análise crítica do Programa Nacional de Universalização do Acesso e Uso da Água - Água para Todos e do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional – Projeto de Transposição do Rio São Francisco. Defendemos a tese de que há uma política hídrica para o semiárido brasileiro que articula a política capitalista da água, por meio do modelo do agronegócio e dos grandes projetos de irrigação, e uma política de água para os pobres, identificada na análise do Programa Água para Todos, direcionado às populações rurais. Do ponto de vista teórico-metodológico, realizamos uma análise documental, a partir de uma abordagem histórico-dialética, e definimos como principais categorias de análise a acumulação primitiva, a expropriação e a supercapitalização. Buscamos demonstrar em que medida estas políticas alteram o cenário geral do abastecimento hídrico das populações difusas do Semiárido, e em que medida incorporam os interesses da política capitalista da água, comandada pelas oligarquias rurais do agronegócio, que fundam novas contradições ao processo de acumulação do capital no campo e apresentam novos desafios às lutas socioecológicas dos pobres. Concluímos que as determinações da política hídrica direcionada ao semiárido revelam como o Estado brasileiro, comprometido seriamente com o capital financeiro e com as oligarquias agrárias, legitima a perpetuação da sede e da pobreza rural no território do semiárido, mesmo quando eventualmente atende algumas das demandas dos camponeses e movimentos sociais rurais. As respostas favoráveis aos trabalhadores geralmente são ligadas às demandas técnicas, e são implementadas ignorando propositadamente o debate da propriedade da terra e a questão agrária. Nenhuma política hídrica, por melhor que sejam sua formulação ou pressupostos, poderá resolver o problema da sede se não enfrentar a perversidade da estrutura fundiária no campo brasileiro. De igual maneira, a pobreza rural não será erradicada se não for apreendida a partir das relações de propriedade, como o avesso da abundância do negócio da água e do negócio da terra.This doctoral thesis presents a critical study on the relationship between water and poverty in the countryside. The availability of water for human consumption and basic sanitation has become an important indicator of the misery, both in the countryside and in the urban peripheries. Specifically for rural populations, international agencies recommend the development of policies to address extreme poverty that establish access to water as part of the central strategies. The articulation between water policies and policies to cope with extreme poverty is recommended worldwide based on the findings that rural areas generally concentrate the largest contingent of the poor and thirsty. In this sense, this work aimed to identify the determinations and trends of the public confrontation of the water issue in the Brazilian semiarid, based on a critical analysis of the National Program for Universal Access to and Use of Water - Water for All and the Integration Project of the São Francisco River with Hydrographic Basins of the Northern Northeast of Brazil - Transposition Project of the São Francisco River. We defend the thesis that there is a water policy for the Brazilian semi-arid that articulates the capitalist politics of water, through the agribusiness model and the great irrigation projects, and a policy of water for the poor, identified in the analysis of the Water for All Program, directed to the rural populations. From a theoretical-methodological point of view, we perform a documentary analysis, based on a dialectical-historical approach, and define primitive accumulation, expropriation and supercapitalization as the main categories of analysis. We seek to demonstrate to what extent these policies alter the general water supply scenario of the semi-arid populations, and to what extent they incorporate the interests of the capitalist water policy, led by agribusiness rural oligarchies, that found new contradictions in the process of capital accumulation in the countryside and present new challenges to the socioecological struggles of the poor. We conclude that determinations of water policy directed to the semi-arid region reveal how the Brazilian State, seriously committed to financial capital and agrarian oligarchies, legitimizes the perpetuation of thirst and rural poverty in the semi-arid territory, even when it eventually meets some of the demands of the peasants and rural social movements. Favorable responses to workers are often linked to technical demands, and are implemented deliberately by ignoring the land ownership debate and the agrarian question. No water policy, however good its formulation or assumptions, can solve the problem of thirst without facing the perversity of the land structure in the Brazilian countryside. Similarly, rural poverty will not be eradicated if it is not apprehended from property relations, such as the reverse of the abundance of the water business and the land business.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em Servico SocialUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessÁguaPobrezaPobreza ruralA geopolítica da sede no Brasil: um estudo sobre água e pobreza no campoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILTESE Sandra Maria Batista Silveira.pdf.jpgTESE Sandra Maria Batista Silveira.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1391https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/28990/8/TESE%20Sandra%20Maria%20Batista%20Silveira.pdf.jpg5d9369144f21dd1d30ffd60d1c6671c0MD58ORIGINALTESE Sandra Maria Batista Silveira.pdfTESE Sandra Maria Batista Silveira.pdfapplication/pdf2171848https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/28990/4/TESE%20Sandra%20Maria%20Batista%20Silveira.pdf4630043d4ceca41365e8d55608b54bcbMD54LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; 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