O funcionamento da memória discursiva na designação do evento político de 2016 como “impeachment” e como “golpe” : uma luta na/pela palavra

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: COSTA, Maria Alcione Gonçalves da
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37806
Resumo: O processo de impedimento de Dilma Rousseff, ocorrido em 2016, foi um dos acontecimentos históricos mais emblemáticos e tensos de nossa história política recente, sendo marcado por uma luta acirrada pelo poder e pelo poder dizer: enquanto uma parcela da população lutava pela designação do evento como “impeachment”, em nome da justiça e da estabilidade econômica e política do Brasil; outra parcela lutava pela designação do evento como “golpe”, em nome da justiça e da democracia. Diante desse confronto discursivo, surgiu o objetivo central da presente pesquisa, que é analisar o funcionamento da memória discursiva no processo de designação do acontecimento histórico em tela, observando os modos pelos quais os efeitos de sentido de golpe e de impeachment vêm sendo (re)formulados e postos em circulação na mídia digital. Para tanto, filiamo-nos à Análise de Discurso Pecheuxtiana e aos estudos de Guimarães sobre o processo de designação, mobilizando algumas noções teóricas centrais para o desenvolvimento de nossos gestos analítico-interpretativos, dentre as quais encontram-se a noção de discurso como efeito de sentidos entre interlocutores (PÊCHEUX, [1969]2010); a noção de formação discursiva (PÊCHEUX, [1975]2009), a noção de memória discursiva (COURTINE, 2014); a noção de designação (GUIMARÃES, 2018) e a noção de narratividade (MARIANI, 1998). Com base nesses pressupostos teóricos, selecionamos o nosso arquivo, que é composto por textos jornalísticos divulgados nos sites do jornal O Globo, das revistas Veja e Carta Capital e do Pragmatismo Político. Em termos metodológicos, buscamos identificar os saberes regularizados na FD do golpe e do impeachment que retornaram na atualidade do dizer como efeito de memória. Para tanto, elegemos os enunciados “Impeachment é democracia. Impeachment é constitucional” e “impeachment sem crime é golpe” como sequências discursivas de referência (COURTINE, 2014), a partir das quais delimitamos o nosso corpus discursivo, que é composto por sequências discursivas recortadas de textos jornalísticos produzidos sobre os três momentos que consideramos determinantes para o desenrolar do processo de destituição de Dilma Rousseff: a admissibilidade do pedido de afastamento na Câmara dos Deputados, a votação na referida Casa Legislativa e o processo de julgamento no Senado. Sequências essas que, de alguma forma, se encontram em relação com as SDR, quer sejam por relações homogêneas de repetição, retomada, sustentação, quer sejam por relações heterogêneas de refutação, confronto, exclusão. Após a delimitação do corpus, passamos a observar o funcionamento da memória discursiva no processo de designação do evento político de 2016 como impeachment e como golpe, analisando os efeitos parafrásticos, os efeitos metafóricos e os efeitos de silenciamento responsáveis pela regularização/desregulação dos efeitos de sentidos nos discursos midiáticos em análise. Para efeitos de conclusão, podemos dizer que a narrativa midiática produzida sobre o evento de 2016 foi determinada por um jogo de forças que acabou institucionalizando o discurso da legalidade (grande mídia, Casas Legislativas, STF, etc.), o qual foi construído, essencialmente, por meio do funcionamento da paráfrase discursiva, que (re)atualizou os saberes da FD do impeachment, cristalizados no imaginário social brasileiro, especialmente após o processo de impeachment de Collor. Por seu turno, a narrativa midiática do golpe foi construída, essencialmente, por meio do efeito metafórico, que produziu a divisão dos sentidos em torno do significante “impeachment” que, em meio ao jogo de forças existentes, gradativamente, tem se descolado do sentido de legalidade e tem funcionado como paráfrase de golpe.
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Diante desse confronto discursivo, surgiu o objetivo central da presente pesquisa, que é analisar o funcionamento da memória discursiva no processo de designação do acontecimento histórico em tela, observando os modos pelos quais os efeitos de sentido de golpe e de impeachment vêm sendo (re)formulados e postos em circulação na mídia digital. Para tanto, filiamo-nos à Análise de Discurso Pecheuxtiana e aos estudos de Guimarães sobre o processo de designação, mobilizando algumas noções teóricas centrais para o desenvolvimento de nossos gestos analítico-interpretativos, dentre as quais encontram-se a noção de discurso como efeito de sentidos entre interlocutores (PÊCHEUX, [1969]2010); a noção de formação discursiva (PÊCHEUX, [1975]2009), a noção de memória discursiva (COURTINE, 2014); a noção de designação (GUIMARÃES, 2018) e a noção de narratividade (MARIANI, 1998). 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Sequências essas que, de alguma forma, se encontram em relação com as SDR, quer sejam por relações homogêneas de repetição, retomada, sustentação, quer sejam por relações heterogêneas de refutação, confronto, exclusão. Após a delimitação do corpus, passamos a observar o funcionamento da memória discursiva no processo de designação do evento político de 2016 como impeachment e como golpe, analisando os efeitos parafrásticos, os efeitos metafóricos e os efeitos de silenciamento responsáveis pela regularização/desregulação dos efeitos de sentidos nos discursos midiáticos em análise. Para efeitos de conclusão, podemos dizer que a narrativa midiática produzida sobre o evento de 2016 foi determinada por um jogo de forças que acabou institucionalizando o discurso da legalidade (grande mídia, Casas Legislativas, STF, etc.), o qual foi construído, essencialmente, por meio do funcionamento da paráfrase discursiva, que (re)atualizou os saberes da FD do impeachment, cristalizados no imaginário social brasileiro, especialmente após o processo de impeachment de Collor. Por seu turno, a narrativa midiática do golpe foi construída, essencialmente, por meio do efeito metafórico, que produziu a divisão dos sentidos em torno do significante “impeachment” que, em meio ao jogo de forças existentes, gradativamente, tem se descolado do sentido de legalidade e tem funcionado como paráfrase de golpe.The Brazilian president Dilma Rousseff‟s impeachment process, occurred in 2016, has been one of the most emblematic and unsettling historic events of Brazilian recent political history. This event has generated a fierce dispute both for power and for having a voice, that is, while part of the population of this country defended this event as a legal impeachment, which would be important to justice and economic-political stability in Brazil; another part of this population understood this event as a “coup”, which would be against justice and democracy. Before this discursive confrontation, the main goal of this study is to analyze the functioning of the discursive memory during this historical event. It is observed the ways the sense effects about the terms coup and impeachment have been (re)formulated and disclosed by the digital media. For that, this analysis is based on Pecheuxian Discourse Analysis and Guimarães‟s designation process. It approaches important theoretical reviews in order to develop a plausible interpretation, including the notion of discourse as sense effects among interlocutors (PÊCHEUX, [1969]2010); discursive formation (PÊCHEUX, [1975]2009), discursive memory (COURTINE, 2014); designation (GUIMARÃES, 2018) and narrativity (MARIANI, 1998). Based on such theoretical premises, the corpora are composed by journalistic texts published on Brazilian websites by O Globo, Veja and Carta Capital magazines and Pragmatismo Político. As a method, this study aims to identify the knowledge generated in the discursive formation about the coup or impeachment, which returned nowadays as a memory effect. Hence, the statements “Impeachment is democracy. Impeachment is constitutional” and “impeachment without crime is coup” were chosen as discursive reference sequences (COURTINE, 2014). Considering these statements, the discursive corpus was delimited in discursive sequences taken from journalistic texts about three crucial moments for Dilma Rousseff‟s dismissal process: the removal request admissibility at Chamber of Deputies, the voting process and the trial process at Senate. These events have somehow a relationship to the discursive reference sequences, whether by homogeneous relations of repetition, resumption, support, or by heterogeneous relations of refutation, confrontation and exclusion. After delimiting the corpus, it is observed the functioning of the discursive memory in the process of designating this political event in 2016 as an impeachment or a coup, by analyzing the paraphrastic, metaphoric and silencing effects responsible for regulation/deregulation of the sense effects in the discourses produced by the studied media. It concludes that the media narrative produced about this 2016 event was determined by a power game that institutionalized the discourse of legality (mainstream media, Legislative Houses, Federal Court of Justice, etc.). Such discourse was mainly elaborated with discursive paraphrases, which refreshed the knowledge of the discursive formation about the impeachment, fixed in Brazilian social imaginary, especially after Collor‟s impeachment process, in 1992. In turn, the media narrative about the coup was mainly elaborated with metaphoric effects that promoted a split in the senses of the significant “impeachment”, which, in the middle of the power game, was gradually disconnected from the legality sense and it has worked as a paraphrase of coup.El proceso de impedimento de Dilma Rousseff, ocurrido en 2016, representa uno de los acontecimientos históricos más emblemáticos y tensos de nuestra historia política reciente, siendo marcado por una intensa lucha por el poder decir: mientras una parte de la población luchaba por la designación del evento como “impeachment”, en nombre de la justicia y de la estabilidad económica y política del Brasil, otra parte luchaba por la designación del evento como “golpe”, en nombre de la justicia y de la democracia. Ante ese confronto discursivo, surgió el objetivo central de la presente investigación, que es analizar el funcionamiento de la memoria discursiva en el proceso de designación del acontecimiento histórico en análisis, observando los modos por los cuales los efectos de sentido de golpe y de impeachment vienen siendo (re)formulados y puestos en circulación en los medios digitales. Para ello, nos filiamos al Análisis del Discurso Pecheuxtiano y a los estudios de Guimarães sobre el proceso de designación, movilizando algunas nociones teóricas centrales para el desarrollo de nuestros gestos analíticos-interpretativos, entre las cuales se encuentran la noción de discurso como efecto sentidos entre interlocutores (PÊCHEUX, [1969]2010); la noción de formación discursiva (PÊCHEUX, [1975]2009); la noción de memoria discursiva (COURTINE, 2014); la noción de designación (GUIMARÃES, 2018) y la noción de narratividad (MARIANI, 1998). En base a esos presupuestos teóricos, seleccionamos nuestro archivo, compuesto por textos periodísticos divulgados en los sitios del periódico O Globo, de las revistas Veja y Carta Capital y del Pragmatismo Político. En cuanto a la metodología, buscamos identificar los saberes regularizados en la FD del golpe y del impeachment que regresaron en la actualidad del decir como efecto de memoria. Para ese propósito, elegimos los enunciados “Impeachment es democracia. Impeachment es constitucional” e “Impeachment sin crimen es golpe” como secuencias discursivas de referencia (COURTINE, 2014), a partir de las cuales delimitamos nuestro corpus discursivo, que se compone de secuencias discursivas extraídas de textos periodísticos producidos sobre los tres momentos que consideramos determinantes para el desarrollo del proceso de destitución de Dilma Rousseff: la admisibilidad del pedido de expulsión en la Cámara de los Diputados, la votación en la referida Casa Legislativa y el proceso de juzgado en el Senado. Secuencias estas que, de alguna manera, se encuentran en relación con las SDR, sea por relaciones homogéneas de repetición, reanudación, sostenimiento, sea por relaciones heterogéneas de refutación, confronto, exclusión. Tras la delimitación del corpus, pasamos a observar el funcionamiento de la memoria discursiva en el proceso de designación del evento político de 2016 como impeachment y como golpe, analizando los efectos parafrásticos, los efectos metafóricos y los efectos de silenciamiento responsables por la regularización/desregulación de los efectos de sentidos en los discursos mediáticos en análisis. Para efectos de conclusión, podemos decir que la narrativa mediática producida sobre el evento de 2016 se determinó por un juego de fuerzas que acabó institucionalizando el discurso de legalidad (grandes medios de comunicación, Casas Legislativas, STF, etc.), el cual se construyó, esencialmente, por medio del funcionamiento de la paráfrasis discursiva, que (re)actualizó los saberes de la FD del impeachment, cristalizados en el imaginario social brasileño, especialmente, tras el proceso de impeachment de Collor. Por otra parte, la narrativa mediática del golpe se construyó, esencialmente, por medio del efecto metafórico, que produjo la división de los sentidos en torno al significante “impeachment” que, mediante a los juegos de fuerzas existentes, gradualmente, se ha despegado del sentido de legalidad y ha funcionado como paráfrasis de golpe.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em LetrasUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessIdeologiaNarrativa midiáticaMemória discursivaImpeachmentGolpeO funcionamento da memória discursiva na designação do evento político de 2016 como “impeachment” e como “golpe” : uma luta na/pela palavrainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALTESE Maria Alcione Gonçalves da Costa.pdfTESE Maria Alcione Gonçalves da Costa.pdfapplication/pdf3489948https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/37806/1/TESE%20Maria%20Alcione%20Gon%c3%a7alves%20da%20Costa.pdfc56664d9a02e842cb402a1718f030461MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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description O processo de impedimento de Dilma Rousseff, ocorrido em 2016, foi um dos acontecimentos históricos mais emblemáticos e tensos de nossa história política recente, sendo marcado por uma luta acirrada pelo poder e pelo poder dizer: enquanto uma parcela da população lutava pela designação do evento como “impeachment”, em nome da justiça e da estabilidade econômica e política do Brasil; outra parcela lutava pela designação do evento como “golpe”, em nome da justiça e da democracia. Diante desse confronto discursivo, surgiu o objetivo central da presente pesquisa, que é analisar o funcionamento da memória discursiva no processo de designação do acontecimento histórico em tela, observando os modos pelos quais os efeitos de sentido de golpe e de impeachment vêm sendo (re)formulados e postos em circulação na mídia digital. Para tanto, filiamo-nos à Análise de Discurso Pecheuxtiana e aos estudos de Guimarães sobre o processo de designação, mobilizando algumas noções teóricas centrais para o desenvolvimento de nossos gestos analítico-interpretativos, dentre as quais encontram-se a noção de discurso como efeito de sentidos entre interlocutores (PÊCHEUX, [1969]2010); a noção de formação discursiva (PÊCHEUX, [1975]2009), a noção de memória discursiva (COURTINE, 2014); a noção de designação (GUIMARÃES, 2018) e a noção de narratividade (MARIANI, 1998). Com base nesses pressupostos teóricos, selecionamos o nosso arquivo, que é composto por textos jornalísticos divulgados nos sites do jornal O Globo, das revistas Veja e Carta Capital e do Pragmatismo Político. Em termos metodológicos, buscamos identificar os saberes regularizados na FD do golpe e do impeachment que retornaram na atualidade do dizer como efeito de memória. Para tanto, elegemos os enunciados “Impeachment é democracia. Impeachment é constitucional” e “impeachment sem crime é golpe” como sequências discursivas de referência (COURTINE, 2014), a partir das quais delimitamos o nosso corpus discursivo, que é composto por sequências discursivas recortadas de textos jornalísticos produzidos sobre os três momentos que consideramos determinantes para o desenrolar do processo de destituição de Dilma Rousseff: a admissibilidade do pedido de afastamento na Câmara dos Deputados, a votação na referida Casa Legislativa e o processo de julgamento no Senado. Sequências essas que, de alguma forma, se encontram em relação com as SDR, quer sejam por relações homogêneas de repetição, retomada, sustentação, quer sejam por relações heterogêneas de refutação, confronto, exclusão. Após a delimitação do corpus, passamos a observar o funcionamento da memória discursiva no processo de designação do evento político de 2016 como impeachment e como golpe, analisando os efeitos parafrásticos, os efeitos metafóricos e os efeitos de silenciamento responsáveis pela regularização/desregulação dos efeitos de sentidos nos discursos midiáticos em análise. Para efeitos de conclusão, podemos dizer que a narrativa midiática produzida sobre o evento de 2016 foi determinada por um jogo de forças que acabou institucionalizando o discurso da legalidade (grande mídia, Casas Legislativas, STF, etc.), o qual foi construído, essencialmente, por meio do funcionamento da paráfrase discursiva, que (re)atualizou os saberes da FD do impeachment, cristalizados no imaginário social brasileiro, especialmente após o processo de impeachment de Collor. Por seu turno, a narrativa midiática do golpe foi construída, essencialmente, por meio do efeito metafórico, que produziu a divisão dos sentidos em torno do significante “impeachment” que, em meio ao jogo de forças existentes, gradativamente, tem se descolado do sentido de legalidade e tem funcionado como paráfrase de golpe.
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