Forjadas na arte da resistência : um estudo sobre a formação de Maria Oyá, Mãe Biu e Madrinha Tila da Nação Xambá (1927-1978)
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49316 |
Resumo: | Esta dissertação teve como objetivo analisar os percursos formativos das líderes religiosas Maria Oyá, Mãe Biu e Madrinha Tila, as três primeiras ialorixás do Terreiro de Santa Bárbara – Nação Xambá, ou Ilê Axé Oyá Meguê, localizado na cidade de Olinda, em Pernambuco e criado em 1930. A pesquisa esteve ancorada no campo da História das Mulheres, campo este que incentiva a escrita de novas histórias em que elas são entendidas enquanto agentes de seus próprios destinos. Tendo-se em vista as possibilidades de desconstrução das visões unificadoras sobre o feminino, tomamos como referência as obras das historiadoras Michelle Perrot (1988; 1995; 2005; 2007) e Mary del Priore (2020) e, por se tratarem de mulheres negras, esta pesquisa se valeu também das obras das feministas negras Lélia Gonzalez (1984; 1988), Luíza Bairros (1995) e Sueli Carneiro (2001). Enquanto aporte teórico, esta dissertação se deu sob a inspiração dos estudos de Michel de Certeau (1995; 2014). Os estudos do autor permitem aos historiadores da educação empreenderem investigações que centralizam a cultura como parte que constitui a experiência dos sujeitos e de suas práticas cotidianas e, neste sentido, a noção de tática foi fundamental, uma vez que ela nos ajuda a pensar nas ações desenvolvidas pelos sujeitos no ímpeto de solucionar as necessidades que surgem em meio à lida cotidiana. Os conceitos de "formação", segundo Pierre Dominicé (1988), "geração", conforme o sociólogo Karl Mannheim (1982) e “educação tradicional”, de acordo com Pierre Kita Massandi (2003) também foram fundamentais para compreender que a formação do indivíduo não se restringe aos marcos educacionais e às instituições de educação formal, mas que dependem da ambiência cultural e social em que estiveram inseridos, bem como pelas vivências e práticas que desenvolvem ao longo de seus caminhos. Metodologicamente, foram utilizadas as pesquisas bibliográfica e documental, de acordo com Bacellar (2020), bem como a metodologia da História Oral, segundo Verena Alberti (2005). Deste modo, por meio do método de investigação histórica, foram desvelados os caminhos formativos enquanto líderes religiosas por parte das três ialorixás, que revelaram também os problemas do ser mulher negra e praticante do Candomblé no século XX, bem como as táticas acionadas por elas para continuarem no caminho do sagrado e manterem circulando o axé da nação Xambá em terras pernambucanas. Por meio de sua tradição afro-religiosa, essas mulheres assumiram um papel social de destaque não apenas como guardiãs, intérpretes e condutoras do axé, mas como lideranças locais que organizavam as demandas da comunidade dentro e, por vezes, fora de sua casa de culto. Para tanto, essas mulheres trabalharam em diferentes ofícios para sustentarem financeiramente seus terreiros, formaram redes de sociabilidade com a classe médica e com intelectuais de sua época, impetraram petições, disfarçaram seus terreiros de maracatu e coco de roda, bem como mobilizaram suas famílias consanguíneas e de santo em prol do funcionamento de sua casa de culto, atuando também na negociação e recriação dos meios de transmissão da cultura. |
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SILVA, Tayanne Adrian Santana Morais dahttp://lattes.cnpq.br/9923662999985451http://lattes.cnpq.br/6749653436674174BARRETO, Raylane Andreza Dias Navarro2023-03-10T12:18:21Z2023-03-10T12:18:21Z2022-12-20SILVA, Tayanne Adrian Santana Morais da. Forjadas na arte da resistência: um estudo sobre a formação de Maria Oyá, Mãe Biu e Madrinha Tila da Nação Xambá (1927-1978). 2022. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2022.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/49316Esta dissertação teve como objetivo analisar os percursos formativos das líderes religiosas Maria Oyá, Mãe Biu e Madrinha Tila, as três primeiras ialorixás do Terreiro de Santa Bárbara – Nação Xambá, ou Ilê Axé Oyá Meguê, localizado na cidade de Olinda, em Pernambuco e criado em 1930. A pesquisa esteve ancorada no campo da História das Mulheres, campo este que incentiva a escrita de novas histórias em que elas são entendidas enquanto agentes de seus próprios destinos. Tendo-se em vista as possibilidades de desconstrução das visões unificadoras sobre o feminino, tomamos como referência as obras das historiadoras Michelle Perrot (1988; 1995; 2005; 2007) e Mary del Priore (2020) e, por se tratarem de mulheres negras, esta pesquisa se valeu também das obras das feministas negras Lélia Gonzalez (1984; 1988), Luíza Bairros (1995) e Sueli Carneiro (2001). Enquanto aporte teórico, esta dissertação se deu sob a inspiração dos estudos de Michel de Certeau (1995; 2014). Os estudos do autor permitem aos historiadores da educação empreenderem investigações que centralizam a cultura como parte que constitui a experiência dos sujeitos e de suas práticas cotidianas e, neste sentido, a noção de tática foi fundamental, uma vez que ela nos ajuda a pensar nas ações desenvolvidas pelos sujeitos no ímpeto de solucionar as necessidades que surgem em meio à lida cotidiana. 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Deste modo, por meio do método de investigação histórica, foram desvelados os caminhos formativos enquanto líderes religiosas por parte das três ialorixás, que revelaram também os problemas do ser mulher negra e praticante do Candomblé no século XX, bem como as táticas acionadas por elas para continuarem no caminho do sagrado e manterem circulando o axé da nação Xambá em terras pernambucanas. Por meio de sua tradição afro-religiosa, essas mulheres assumiram um papel social de destaque não apenas como guardiãs, intérpretes e condutoras do axé, mas como lideranças locais que organizavam as demandas da comunidade dentro e, por vezes, fora de sua casa de culto. Para tanto, essas mulheres trabalharam em diferentes ofícios para sustentarem financeiramente seus terreiros, formaram redes de sociabilidade com a classe médica e com intelectuais de sua época, impetraram petições, disfarçaram seus terreiros de maracatu e coco de roda, bem como mobilizaram suas famílias consanguíneas e de santo em prol do funcionamento de sua casa de culto, atuando também na negociação e recriação dos meios de transmissão da cultura.FACEPEThis dissertation aimed to analyze the formative paths of religious leaders Maria Oyá, Mãe Biu and Madrinha Tila, the first three ialorixás of Terreiro de Santa Bárbara – Nação Xambá, or Ilê Axé Oyá Meguê, located in the city of Olinda, Pernambuco, and created in 1930. The research was anchored in the field of Women's History, a field that encourages the writing of new stories in which they are understood as agents of their own destinies. In view of the possibilities of deconstructing unifying views on the feminine, we take as reference the works of the historians Michelle Perrot (1988; 1995; 2005; 2007) and Mary del Priore (2020) and, because they are black women, this research also used the works of black feminists Lélia Gonzalez (1984; 1988), Luíza Bairros (1995) and Sueli Carneiro (2001). As a theoretical contribution, this dissertation was under the inspiration of the studies of Michel de Certeau (1995; 2014). The author's studies allow the historians of education to undertake investigations that centralize culture as part of the experience of the subjects and their daily practices and, in this sense, the notion of tactics was fundamental, since it helps us to think about the actions developed by the subjects in the impulse to solve the needs that arise in the midst of daily management. The concepts of "formation", according to Pierre Dominicé (1988), "generation", according to sociologist Karl Mannheim (1982) and "traditional education", according to Pierre Kita Massandi (2003) were also fundamental to understand that the formation of the individual is not restricted to educational milestones and formal education institutions, but that they depend on the cultural and social ambience in which they were inserted, as well as the experiences and practices they develop along their paths. Methodologically, bibliographic and documentary research was used, according to Bacellar (2020), as well as the methodology of Oral History, according to Verena Alberti (2005). Thus, through the method of historical investigation, the formative paths were unveiled as religious leaders on the part of the three ialorixás, who also revealed the problems of being a black woman and practitioner of Candomblé in the twentieth century, as well as the tactics triggered by them to continue on the path of the sacred and keep circulating the axé of the Xambá nation in Pernambuco lands. Through their Afro-religious tradition, these women assumed a prominent social role not only as guardians, interpreters and conductors of the axé, but as local leaders who organized the demands of the community inside and sometimes outside their house of worship. To this end, these women worked in different offices to financially support their terreiros, formed sociability networks with the medical class and with intellectuals of their time, filed petitions, disguised their terreiros of maracatu and coco de roda, as well as mobilized their bloodline and saint families in favor of the functioning of their house of worship, also acting in the negotiation and recreation of the means of transmission of culture.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em EducacaoUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/embargoedAccessEducação- históriaFormação no CandombléMaria OyáMãe BiuMadrinha TilaForjadas na arte da resistência : um estudo sobre a formação de Maria Oyá, Mãe Biu e Madrinha Tila da Nação Xambá (1927-1978)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesismestradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALDISSERTAÇÃO Tayanne Adrian Santana Morais da Silva.pdfDISSERTAÇÃO Tayanne Adrian Santana Morais da Silva.pdfapplication/pdf4117196https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/49316/1/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20Tayanne%20Adrian%20Santana%20Morais%20da%20Silva.pdffa1205e36bcbc17c8f8937485bdb0c1eMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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