Contaminação ambiental por microplásticos em Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindade
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Data de Publicação: | 2014 |
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Resumo: | Recentemente, a comunidade científica especializada vem concentrando seus esforços na identificação, caracterização e quantificação dos microplásticos, definidos pela literatura como partículas plásticas menores que 5 milímetros. Microplásticos então presentes na superfície dos oceanos, em praias arenosas e ambientes lamosos, desde o Equador até os Pólos, em praias urbanas e regiões remotas do globo, e ainda depositados em sedimentos profundos (>2.000m). Experimentos de laboratório indicam que estas partículas plásticas podem ser ingeridas por organismos de todos os níveis da teia trófica marinha. Poluentes orgânicos, como DDTs e PCBs, e inorgânicos presentes na água do mar podem estar adsorvidos a estes plásticos, transportando contaminantes químicos para diversas regiões do globo, ou sendo liberados quando no trato gastrointestinal de vertebrados e invertebrados se ingeridos, podendo ainda ser transportados ao longo da teia trófica marinha. Há mais de 10 anos relata-se que no Oceano Pacífico Norte microplásticos estão presentes principalmente no centro do giro subtropical, aparentemente influenciados por variáveis oceanográficas. Para o Oceano Atlântico tropical, evidências sobre a presença de microplásticos existiam apenas para as praias arenosas do Arquipélago de Fernando de Noronha (3°S, 32°W), e para as águas adjacentes ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Para preencher esta lacuna, microplásticos foram o foco da amostragem em três importantes ambientes insulares no oeste do Oceano Atlântico tropical: Arquipélago de Fernando de Noronha, Arquipélago de Abrolhos (17°S, 38°W) e a Ilha da Trindade (20°S, 29°W) em 4 expedições científicas realizadas entre dezembro de 2011 e março de 2013. Plásticos flutuantes foram amostrados através de arrastos planctônicos (neuston) nas áreas marinhas adjacentes a estes ambientes. Um total de 160 arrastos foi realizado. Em Trindade, mais de 90% dos arrastos estavam contaminados por microplásticos, identificados como fragmentos duros, fragmentos moles, paint chips, linhas e fibras. Em Noronha e Abrolhos aproximadamente metade dos arrastos estava contaminada. Fragmentos plásticos duros foram os tipos de itens mais amostrados assim como em outros estudos de microplásticos em amostras de plâncton. Entre os fragmentos, >75% tinham 5mm ou menos. A contaminação média foi de 0,03 partículas por m3, inferior às quantidades previamente conhecidas no Oceano Pacífico. As amostras de microplásticos depositados na superfície do sedimento foram coletadas nas praias arenosas em cada uma das ilhas através de quadrantes. As amostras coletadas também foram analisadas quanto a granulometria predominante, já que estas informações ainda eram inexistentes para as ilhas estudadas. Em Abrolhos nenhuma partícula plástica foi amostrada. Fragmentos plásticos duros e esférulas plásticas foram identificados somente em Fernando de Noronha e Trindade, sendo que o lado mais exposto à ação de ventos e corrente superficias predominantes estava mais contaminado, quando comparado ao lado relativamente mais protegido nas ilhas estudadas. Estes resultados são os primeiros indícios da contaminação do oeste do Oceano Atlântico tropical em relação à contaminação por microplásticos. A presença destes microplásticos alerta para a vulnerabilidade destas ilhas e sua biota em relação á contaminação por plásticos. |
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SUL, Juliana Assunção Ivar doCOSTA, Monica F.FILLMANN, Gilberto2017-05-22T16:32:34Z2017-05-22T16:32:34Z2014-05-16https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18853ark:/64986/001300000m7pbRecentemente, a comunidade científica especializada vem concentrando seus esforços na identificação, caracterização e quantificação dos microplásticos, definidos pela literatura como partículas plásticas menores que 5 milímetros. Microplásticos então presentes na superfície dos oceanos, em praias arenosas e ambientes lamosos, desde o Equador até os Pólos, em praias urbanas e regiões remotas do globo, e ainda depositados em sedimentos profundos (>2.000m). Experimentos de laboratório indicam que estas partículas plásticas podem ser ingeridas por organismos de todos os níveis da teia trófica marinha. Poluentes orgânicos, como DDTs e PCBs, e inorgânicos presentes na água do mar podem estar adsorvidos a estes plásticos, transportando contaminantes químicos para diversas regiões do globo, ou sendo liberados quando no trato gastrointestinal de vertebrados e invertebrados se ingeridos, podendo ainda ser transportados ao longo da teia trófica marinha. Há mais de 10 anos relata-se que no Oceano Pacífico Norte microplásticos estão presentes principalmente no centro do giro subtropical, aparentemente influenciados por variáveis oceanográficas. Para o Oceano Atlântico tropical, evidências sobre a presença de microplásticos existiam apenas para as praias arenosas do Arquipélago de Fernando de Noronha (3°S, 32°W), e para as águas adjacentes ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Para preencher esta lacuna, microplásticos foram o foco da amostragem em três importantes ambientes insulares no oeste do Oceano Atlântico tropical: Arquipélago de Fernando de Noronha, Arquipélago de Abrolhos (17°S, 38°W) e a Ilha da Trindade (20°S, 29°W) em 4 expedições científicas realizadas entre dezembro de 2011 e março de 2013. Plásticos flutuantes foram amostrados através de arrastos planctônicos (neuston) nas áreas marinhas adjacentes a estes ambientes. Um total de 160 arrastos foi realizado. Em Trindade, mais de 90% dos arrastos estavam contaminados por microplásticos, identificados como fragmentos duros, fragmentos moles, paint chips, linhas e fibras. Em Noronha e Abrolhos aproximadamente metade dos arrastos estava contaminada. Fragmentos plásticos duros foram os tipos de itens mais amostrados assim como em outros estudos de microplásticos em amostras de plâncton. Entre os fragmentos, >75% tinham 5mm ou menos. A contaminação média foi de 0,03 partículas por m3, inferior às quantidades previamente conhecidas no Oceano Pacífico. As amostras de microplásticos depositados na superfície do sedimento foram coletadas nas praias arenosas em cada uma das ilhas através de quadrantes. As amostras coletadas também foram analisadas quanto a granulometria predominante, já que estas informações ainda eram inexistentes para as ilhas estudadas. Em Abrolhos nenhuma partícula plástica foi amostrada. Fragmentos plásticos duros e esférulas plásticas foram identificados somente em Fernando de Noronha e Trindade, sendo que o lado mais exposto à ação de ventos e corrente superficias predominantes estava mais contaminado, quando comparado ao lado relativamente mais protegido nas ilhas estudadas. Estes resultados são os primeiros indícios da contaminação do oeste do Oceano Atlântico tropical em relação à contaminação por microplásticos. A presença destes microplásticos alerta para a vulnerabilidade destas ilhas e sua biota em relação á contaminação por plásticos.Recently, the scientific community is focussed on the identification, characterization e quantification of microplastics, defined in the literature as those plastic particles with less than 5 millimetres. Microplastics are widespread on the ocean’s surface, on sand beaches and mud sediments, from the equator to the poles, on urban beaches and remote regions in the globe, and even deposited on deep sediments (>2,000m). Laboratory experiments indicate that organisms from every level of the marine food web potentially ingest microplastic particles. Organic, such as DDTs and PCBs, and inorganic pollutants available in seawater may adsorbed onto microplastics, transporting chemical contaminants to diverse regions in the globe, or being released in the gastrointestinal tract of vertebrates and invertebrates if ingested, when they are even transported along the marine food web. For more than 10 years, there were reports on the occurrence of microplastics in the North Pacific Ocean, mainly in the centre of the subtropical gyre, probably influenced by oceanographic variables. To the tropical Atlantic Ocean, however, evidences on the presence of microplastics were available only to sandy beaches in the Fernando de Noronha Archipelago (3°S, 32°W), and to waters around the São Pedro e São Paulo Archipelago. To fulfil this gap, microplastics were studied in three important insular environments in the western Atlantic Ocean: the Fernando de Noronha Archipelago, the Abrolhos Archipelago (17°S, 38°W) and the Trindade island (20°S, 29°W), during four scientific expeditions between December 2011 and March 2103. Floating plastics were collected by plankton tows (neuston) on the sea surface in the adjacent region to these environments. A total of 160 tows were conducted. In Trindade Island, more than 90% of the tows were contaminated with microplastics, identified as hard plastic fragments, soft fragments, paint chips, lines and fibres. In Fernando de Noronha and Abrolhos, approximately half of the tows were contaminated. Hard plastic fragments were the majority of the sampled items, as well as reported in other studies with plankton samples. Among plastic fragments, >75% had 5mm or less. The mean contamination pattern was 0.03 particles/m3, less than previously reported on the Pacific Ocean. Microplastics sampled on sediments were collected on sandy beaches in each island by quadrants dispoded in the strandline. Samples were also analysed in the relation to the main grain size of sediments because these information was still non-existent to the studied islands. In Abrolhos, no plastic particle was sampled. Hard plastic fragments and plastic pellets were identified in Fernando de Noronha and Trindade, where the windward side of the islans were significantly more contaminated when compared to the leeward side. These results are the first results indicating the occurrence of microplastic debris particles in the Western tropical Atlantic Ocean. The occurrence of microplastics highlights the vulnerability of these islands and their biota in relation to microplastic pollution.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em OceanografiaUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessAmazônia AzulIlhas oceânicas brasileirasLixo marinhoPelletsTransporte por longa distânciaLong-range transportMarine debrisBrazilian oceanic islandsBlue AmazonContaminação ambiental por microplásticos em Fernando de Noronha, Abrolhos e Trindadeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILTESE_Juliana Ivar do Sul_SEM assinaturas.pdf.jpgTESE_Juliana Ivar do Sul_SEM assinaturas.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1326https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/18853/5/TESE_Juliana%20Ivar%20do%20Sul_SEM%20assinaturas.pdf.jpg13e7f51a7cd8571688752522bb3461d8MD55ORIGINALTESE_Juliana Ivar do Sul_SEM assinaturas.pdfTESE_Juliana Ivar do Sul_SEM assinaturas.pdfapplication/pdf5438964https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/18853/1/TESE_Juliana%20Ivar%20do%20Sul_SEM%20assinaturas.pdf3a47f8c982e48dec47ae2a5fbae63c0bMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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Recentemente, a comunidade científica especializada vem concentrando seus esforços na identificação, caracterização e quantificação dos microplásticos, definidos pela literatura como partículas plásticas menores que 5 milímetros. Microplásticos então presentes na superfície dos oceanos, em praias arenosas e ambientes lamosos, desde o Equador até os Pólos, em praias urbanas e regiões remotas do globo, e ainda depositados em sedimentos profundos (>2.000m). Experimentos de laboratório indicam que estas partículas plásticas podem ser ingeridas por organismos de todos os níveis da teia trófica marinha. Poluentes orgânicos, como DDTs e PCBs, e inorgânicos presentes na água do mar podem estar adsorvidos a estes plásticos, transportando contaminantes químicos para diversas regiões do globo, ou sendo liberados quando no trato gastrointestinal de vertebrados e invertebrados se ingeridos, podendo ainda ser transportados ao longo da teia trófica marinha. Há mais de 10 anos relata-se que no Oceano Pacífico Norte microplásticos estão presentes principalmente no centro do giro subtropical, aparentemente influenciados por variáveis oceanográficas. Para o Oceano Atlântico tropical, evidências sobre a presença de microplásticos existiam apenas para as praias arenosas do Arquipélago de Fernando de Noronha (3°S, 32°W), e para as águas adjacentes ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Para preencher esta lacuna, microplásticos foram o foco da amostragem em três importantes ambientes insulares no oeste do Oceano Atlântico tropical: Arquipélago de Fernando de Noronha, Arquipélago de Abrolhos (17°S, 38°W) e a Ilha da Trindade (20°S, 29°W) em 4 expedições científicas realizadas entre dezembro de 2011 e março de 2013. Plásticos flutuantes foram amostrados através de arrastos planctônicos (neuston) nas áreas marinhas adjacentes a estes ambientes. Um total de 160 arrastos foi realizado. Em Trindade, mais de 90% dos arrastos estavam contaminados por microplásticos, identificados como fragmentos duros, fragmentos moles, paint chips, linhas e fibras. Em Noronha e Abrolhos aproximadamente metade dos arrastos estava contaminada. Fragmentos plásticos duros foram os tipos de itens mais amostrados assim como em outros estudos de microplásticos em amostras de plâncton. Entre os fragmentos, >75% tinham 5mm ou menos. A contaminação média foi de 0,03 partículas por m3, inferior às quantidades previamente conhecidas no Oceano Pacífico. As amostras de microplásticos depositados na superfície do sedimento foram coletadas nas praias arenosas em cada uma das ilhas através de quadrantes. As amostras coletadas também foram analisadas quanto a granulometria predominante, já que estas informações ainda eram inexistentes para as ilhas estudadas. Em Abrolhos nenhuma partícula plástica foi amostrada. Fragmentos plásticos duros e esférulas plásticas foram identificados somente em Fernando de Noronha e Trindade, sendo que o lado mais exposto à ação de ventos e corrente superficias predominantes estava mais contaminado, quando comparado ao lado relativamente mais protegido nas ilhas estudadas. Estes resultados são os primeiros indícios da contaminação do oeste do Oceano Atlântico tropical em relação à contaminação por microplásticos. A presença destes microplásticos alerta para a vulnerabilidade destas ilhas e sua biota em relação á contaminação por plásticos. |
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