Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: PORTELA JÚNIOR, Aristeu
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31840
Resumo: O trabalho analisa os discursos de identidade nacional brasileira presentes no debate acerca das políticas de ação afirmativa com recorte racial no ensino superior, entre os anos de 2004 e 2012. Partindo da compreensão de identidade nacional como construção discursiva, observamos como os textos opinativos sobre as ações afirmativas publicados no jornal O Globo construíram representações acerca da “memória histórica”, do “caráter nacional” e de “antecipações e orientações para o futuro” do Brasil. Sistematizamos os argumentos dos textos contrários e favoráveis às ações afirmativas, e mostramos como eles são acompanhados de posicionamentos acerca das relações raciais no Brasil, isto é, de um modo particular de interpretá-las. E destacamos que tais discursos são construídos a partir de diálogos interdiscursivos com discussões, temas e conceitos presentes, há décadas, no estudo das relações raciais no país. Mostramos que o discurso de identidade nacional construído pelos textos contrários às ações afirmativas acentua: uma “memória histórica” do Brasil que o caracteriza como uma nação fundada na mestiçagem, entendida tanto como sinal de uma população indistinguível em termos raciais, quanto como indicador de relações raciais harmoniosas; um “caráter nacional” em que o racismo e as distinções raciais não são considerados aspectos centrais; e uma “orientação para o futuro” que aponta para o perigo da “racialização” da sociedade representado pelas políticas de ação afirmativa. Argumentamos que os elementos definidores desse discurso de identidade nacional foram construídos em diálogo com as formulações de Gilberto Freyre acerca das relações raciais no Brasil, mas que adquiriram sua forma atual a partir do Seminário Multiculturalismo e Racismo, de 1996, e sobretudo nas obras de Peter Fry e Yvonne Maggie, principais formuladores teóricos desse discurso de nação, cuja marca é a revitalização e ressignificação do mito da democracia racial, agora visto como ideal civilizacional a ser alcançado. Já os textos favoráveis às ações afirmativas constroem: uma “memória histórica” que enfatiza, no passado, a escravização violentadora da população negra e o abandono por parte do Estado, quando do fim do regime escravocrata – e, no presente, um cenário de desigualdades a dividir brancos e negros, além da presença marcante do racismo; um “caráter nacional” marcado pela negação da existência desses problemas; e uma “orientação para o futuro” relacionada à possibilidade de as ações afirmativas contribuírem para a discussão dessas questões e a criação de uma igualdade de oportunidades. Mostramos que os diálogos interdiscursivos que orientaram essa representação de nação remetem ao Projeto Unesco, e à caracterização da democracia racial como “mito”, por parte de Florestan Fernandes e do movimento negro, bem como à reflexão de Abdias Nascimento e Kabengele Munanga sobre as especificidades do racismo no Brasil. A caracterização das desigualdades raciais é estabelecida no diálogo com a obra de Carlos Hasenbalg e com a ampla divulgação de pesquisas quantitativas no início dos anos 2000. Terminamos por observar como a noção de “mito da democracia racial” aproxima e distancia os dois discursos de identidade nacional, e acentuamos a impossibilidade de conciliação dessas posições, dados os seus posicionamentos acerca das relações raciais amplamente divergentes.
id UFPE_9aeaaf34cb0ec77bc0ce12c3ebee48b7
oai_identifier_str oai:repositorio.ufpe.br:123456789/31840
network_acronym_str UFPE
network_name_str Repositório Institucional da UFPE
repository_id_str 2221
spelling PORTELA JÚNIOR, Aristeuhttp://lattes.cnpq.br/2261345425063739http://lattes.cnpq.br/8991148779865105SOARES, Eliane Veras2019-08-15T19:57:47Z2019-08-15T19:57:47Z2018-08-06https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31840O trabalho analisa os discursos de identidade nacional brasileira presentes no debate acerca das políticas de ação afirmativa com recorte racial no ensino superior, entre os anos de 2004 e 2012. Partindo da compreensão de identidade nacional como construção discursiva, observamos como os textos opinativos sobre as ações afirmativas publicados no jornal O Globo construíram representações acerca da “memória histórica”, do “caráter nacional” e de “antecipações e orientações para o futuro” do Brasil. Sistematizamos os argumentos dos textos contrários e favoráveis às ações afirmativas, e mostramos como eles são acompanhados de posicionamentos acerca das relações raciais no Brasil, isto é, de um modo particular de interpretá-las. E destacamos que tais discursos são construídos a partir de diálogos interdiscursivos com discussões, temas e conceitos presentes, há décadas, no estudo das relações raciais no país. Mostramos que o discurso de identidade nacional construído pelos textos contrários às ações afirmativas acentua: uma “memória histórica” do Brasil que o caracteriza como uma nação fundada na mestiçagem, entendida tanto como sinal de uma população indistinguível em termos raciais, quanto como indicador de relações raciais harmoniosas; um “caráter nacional” em que o racismo e as distinções raciais não são considerados aspectos centrais; e uma “orientação para o futuro” que aponta para o perigo da “racialização” da sociedade representado pelas políticas de ação afirmativa. Argumentamos que os elementos definidores desse discurso de identidade nacional foram construídos em diálogo com as formulações de Gilberto Freyre acerca das relações raciais no Brasil, mas que adquiriram sua forma atual a partir do Seminário Multiculturalismo e Racismo, de 1996, e sobretudo nas obras de Peter Fry e Yvonne Maggie, principais formuladores teóricos desse discurso de nação, cuja marca é a revitalização e ressignificação do mito da democracia racial, agora visto como ideal civilizacional a ser alcançado. Já os textos favoráveis às ações afirmativas constroem: uma “memória histórica” que enfatiza, no passado, a escravização violentadora da população negra e o abandono por parte do Estado, quando do fim do regime escravocrata – e, no presente, um cenário de desigualdades a dividir brancos e negros, além da presença marcante do racismo; um “caráter nacional” marcado pela negação da existência desses problemas; e uma “orientação para o futuro” relacionada à possibilidade de as ações afirmativas contribuírem para a discussão dessas questões e a criação de uma igualdade de oportunidades. Mostramos que os diálogos interdiscursivos que orientaram essa representação de nação remetem ao Projeto Unesco, e à caracterização da democracia racial como “mito”, por parte de Florestan Fernandes e do movimento negro, bem como à reflexão de Abdias Nascimento e Kabengele Munanga sobre as especificidades do racismo no Brasil. A caracterização das desigualdades raciais é estabelecida no diálogo com a obra de Carlos Hasenbalg e com a ampla divulgação de pesquisas quantitativas no início dos anos 2000. Terminamos por observar como a noção de “mito da democracia racial” aproxima e distancia os dois discursos de identidade nacional, e acentuamos a impossibilidade de conciliação dessas posições, dados os seus posicionamentos acerca das relações raciais amplamente divergentes.CNPqThis thesis analyzes the discourses of Brazilian national identity present in the debate about race-based affirmative action policies in higher education, between the years of 2004 and 2012. It starts understanding national identity as a discursive construction, and observes how the opinion texts about the affirmative actions published in newspaper O Globo constructed representations of the “historical memory”, the “national character” and “anticipations and orientations for the future” of Brazil. The arguments of texts opposing affirmative action and texts favorable to these policies are systematized, showing how they are accompanied by statements about racial relations in Brazil, that is, by a particular way of interpreting these relations. It is also emphasized that such discourses are constructed from interdiscursive dialogues with themes and concepts presented, for decades, in the study of racial relations in Brazil. It is shown that the discourse of national identity constructed by the texts opposing affirmative actions accentuates: a “historical memory” of Brazil that characterizes it as a nation founded on mestizaje, understood both as a sign of a racially indistinguishable population and as an indicator of harmonious racial relations; a “national character” in which racism and racial distinctions are not considered central aspects; and an “orientation for the future” that points to the danger of the “racialization” of society represented by affirmative action policies. It is argued that the defining elements of this discourse of national identity were constructed in dialogue with Gilberto Freyre’s formulations about race relations in Brazil, but that they acquired their present form from the 1996’s Seminar on Multiculturalism and Racism, and especially in Peter Fry and Yvonne Maggie’s work, the main theoretical formulators of this discourse of nation, whose mark is the revitalization and resignification of the myth of racial democracy, now understood as a civilizational ideal to be achieved. On the other hand, the texts favorable to affirmative action policies construct a discourse of national identity marked by: a “historical memory” that emphasizes the past of violent enslavement of the black population and the abandonment by the State, when the slavery regime ends – and, in the present, emphasizes a scenery of racial inequalities, in addition to the acute presence of racism; a “national character” marked by the denial of the existence of these problems; and an “orientation for the future” related to the possibility of affirmative action contributing to the discussion of these issues and the creation of equal opportunities. It is shown that the interdiscursive dialogues that guided this representation of the nation are based on the Unesco Project and on the characterization of racial democracy as “myth”, by Florestan Fernandes and the black movement, as well as on the reflection of Abdias Nascimento and Kabengele Munanga on specificities of racism in Brazil. The characterization of racial inequalities is established in the dialogue with the work of Carlos Hasenbalg and the widespread dissemination of quantitative researches in the early 2000s. This thesis ends by pointing out how the notion of the “myth of racial democracy” approximates and distances the two discourses of national identity, and by emphasizing the impossibility of reconciling these positions, given their divergente statements about Brazilian racial relations.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em SociologiaUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessSociologiaCaracterísticas nacionaisRelações raciaisProgramas de ação afirmativaAções afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILTESE Aristeu Portela Júnior.pdf.jpgTESE Aristeu Portela Júnior.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1212https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/5/TESE%20Aristeu%20Portela%20J%c3%banior.pdf.jpg2210e8ddab08870c35d6058af97037f1MD55ORIGINALTESE Aristeu Portela Júnior.pdfTESE Aristeu Portela Júnior.pdfapplication/pdf7817371https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/1/TESE%20Aristeu%20Portela%20J%c3%banior.pdf60a16ab803fb7569644f652d4ef27b4fMD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/2/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD52LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82311https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/3/license.txt4b8a02c7f2818eaf00dcf2260dd5eb08MD53TEXTTESE Aristeu Portela Júnior.pdf.txtTESE Aristeu Portela Júnior.pdf.txtExtracted texttext/plain981105https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/4/TESE%20Aristeu%20Portela%20J%c3%banior.pdf.txt3b9332610c23cc23a0faa65c6dd5810aMD54123456789/318402019-10-25 10:08:43.085oai:repositorio.ufpe.br:123456789/31840TGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKClRvZG8gZGVwb3NpdGFudGUgZGUgbWF0ZXJpYWwgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgKFJJKSBkZXZlIGNvbmNlZGVyLCDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBQZXJuYW1idWNvIChVRlBFKSwgdW1hIExpY2Vuw6dhIGRlIERpc3RyaWJ1acOnw6NvIE7Do28gRXhjbHVzaXZhIHBhcmEgbWFudGVyIGUgdG9ybmFyIGFjZXNzw612ZWlzIG9zIHNldXMgZG9jdW1lbnRvcywgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsLCBuZXN0ZSByZXBvc2l0w7NyaW8uCgpDb20gYSBjb25jZXNzw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhIG7Do28gZXhjbHVzaXZhLCBvIGRlcG9zaXRhbnRlIG1hbnTDqW0gdG9kb3Mgb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IuCl9fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fXwoKTGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKCkFvIGNvbmNvcmRhciBjb20gZXN0YSBsaWNlbsOnYSBlIGFjZWl0w6EtbGEsIHZvY8OqIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMpOgoKYSkgRGVjbGFyYSBxdWUgY29uaGVjZSBhIHBvbMOtdGljYSBkZSBjb3B5cmlnaHQgZGEgZWRpdG9yYSBkbyBzZXUgZG9jdW1lbnRvOwpiKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGUgYWNlaXRhIGFzIERpcmV0cml6ZXMgcGFyYSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGUEU7CmMpIENvbmNlZGUgw6AgVUZQRSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZGUgYXJxdWl2YXIsIHJlcHJvZHV6aXIsIGNvbnZlcnRlciAoY29tbyBkZWZpbmlkbyBhIHNlZ3VpciksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIsIG5vIFJJLCBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSAoaW5jbHVpbmRvIG8gcmVzdW1vL2Fic3RyYWN0KSBlbSBmb3JtYXRvIGRpZ2l0YWwgb3UgcG9yIG91dHJvIG1laW87CmQpIERlY2xhcmEgcXVlIGF1dG9yaXphIGEgVUZQRSBhIGFycXVpdmFyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZXN0ZSBkb2N1bWVudG8gZSBjb252ZXJ0w6otbG8sIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gc2V1IGNvbnRlw7pkbywgcGFyYSBxdWFscXVlciBmb3JtYXRvIGRlIGZpY2hlaXJvLCBtZWlvIG91IHN1cG9ydGUsIHBhcmEgZWZlaXRvcyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBwcmVzZXJ2YcOnw6NvIChiYWNrdXApIGUgYWNlc3NvOwplKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRvY3VtZW50byBzdWJtZXRpZG8gw6kgbyBzZXUgdHJhYmFsaG8gb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBhIHRlcmNlaXJvcyBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2Ugb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgb3V0cmEgcGVzc29hIG91IGVudGlkYWRlOwpmKSBEZWNsYXJhIHF1ZSwgbm8gY2FzbyBkbyBkb2N1bWVudG8gc3VibWV0aWRvIGNvbnRlciBtYXRlcmlhbCBkbyBxdWFsIG7Do28gZGV0w6ltIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlCmF1dG9yLCBvYnRldmUgYSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gcmVzcGVjdGl2byBkZXRlbnRvciBkZXNzZXMgZGlyZWl0b3MgcGFyYSBjZWRlciDDoApVRlBFIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgTGljZW7Dp2EgZSBhdXRvcml6YXIgYSB1bml2ZXJzaWRhZGUgYSB1dGlsaXrDoS1sb3MgbGVnYWxtZW50ZS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGN1am9zIGRpcmVpdG9zIHPDo28gZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3UgY29udGXDumRvIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZTsKZykgU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVRlBFLMKgZGVjbGFyYSBxdWUgY3VtcHJpdSBxdWFpc3F1ZXIgb2JyaWdhw6fDtWVzIGV4aWdpZGFzIHBlbG8gcmVzcGVjdGl2byBjb250cmF0byBvdSBhY29yZG8uCgpBIFVGUEUgaWRlbnRpZmljYXLDoSBjbGFyYW1lbnRlIG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBhdXRvciAoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgZSBuw6NvIGZhcsOhIHF1YWxxdWVyIGFsdGVyYcOnw6NvLCBwYXJhIGFsw6ltIGRvIHByZXZpc3RvIG5hIGFsw61uZWEgYykuCg==Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T13:08:43Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
title Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
spellingShingle Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
PORTELA JÚNIOR, Aristeu
Sociologia
Características nacionais
Relações raciais
Programas de ação afirmativa
title_short Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
title_full Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
title_fullStr Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
title_full_unstemmed Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
title_sort Ações afirmativas com recorte racial no ensino superior e disputas de identidade nacional no Brasil
author PORTELA JÚNIOR, Aristeu
author_facet PORTELA JÚNIOR, Aristeu
author_role author
dc.contributor.authorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/2261345425063739
dc.contributor.advisorLattes.pt_BR.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/8991148779865105
dc.contributor.author.fl_str_mv PORTELA JÚNIOR, Aristeu
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv SOARES, Eliane Veras
contributor_str_mv SOARES, Eliane Veras
dc.subject.por.fl_str_mv Sociologia
Características nacionais
Relações raciais
Programas de ação afirmativa
topic Sociologia
Características nacionais
Relações raciais
Programas de ação afirmativa
description O trabalho analisa os discursos de identidade nacional brasileira presentes no debate acerca das políticas de ação afirmativa com recorte racial no ensino superior, entre os anos de 2004 e 2012. Partindo da compreensão de identidade nacional como construção discursiva, observamos como os textos opinativos sobre as ações afirmativas publicados no jornal O Globo construíram representações acerca da “memória histórica”, do “caráter nacional” e de “antecipações e orientações para o futuro” do Brasil. Sistematizamos os argumentos dos textos contrários e favoráveis às ações afirmativas, e mostramos como eles são acompanhados de posicionamentos acerca das relações raciais no Brasil, isto é, de um modo particular de interpretá-las. E destacamos que tais discursos são construídos a partir de diálogos interdiscursivos com discussões, temas e conceitos presentes, há décadas, no estudo das relações raciais no país. Mostramos que o discurso de identidade nacional construído pelos textos contrários às ações afirmativas acentua: uma “memória histórica” do Brasil que o caracteriza como uma nação fundada na mestiçagem, entendida tanto como sinal de uma população indistinguível em termos raciais, quanto como indicador de relações raciais harmoniosas; um “caráter nacional” em que o racismo e as distinções raciais não são considerados aspectos centrais; e uma “orientação para o futuro” que aponta para o perigo da “racialização” da sociedade representado pelas políticas de ação afirmativa. Argumentamos que os elementos definidores desse discurso de identidade nacional foram construídos em diálogo com as formulações de Gilberto Freyre acerca das relações raciais no Brasil, mas que adquiriram sua forma atual a partir do Seminário Multiculturalismo e Racismo, de 1996, e sobretudo nas obras de Peter Fry e Yvonne Maggie, principais formuladores teóricos desse discurso de nação, cuja marca é a revitalização e ressignificação do mito da democracia racial, agora visto como ideal civilizacional a ser alcançado. Já os textos favoráveis às ações afirmativas constroem: uma “memória histórica” que enfatiza, no passado, a escravização violentadora da população negra e o abandono por parte do Estado, quando do fim do regime escravocrata – e, no presente, um cenário de desigualdades a dividir brancos e negros, além da presença marcante do racismo; um “caráter nacional” marcado pela negação da existência desses problemas; e uma “orientação para o futuro” relacionada à possibilidade de as ações afirmativas contribuírem para a discussão dessas questões e a criação de uma igualdade de oportunidades. Mostramos que os diálogos interdiscursivos que orientaram essa representação de nação remetem ao Projeto Unesco, e à caracterização da democracia racial como “mito”, por parte de Florestan Fernandes e do movimento negro, bem como à reflexão de Abdias Nascimento e Kabengele Munanga sobre as especificidades do racismo no Brasil. A caracterização das desigualdades raciais é estabelecida no diálogo com a obra de Carlos Hasenbalg e com a ampla divulgação de pesquisas quantitativas no início dos anos 2000. Terminamos por observar como a noção de “mito da democracia racial” aproxima e distancia os dois discursos de identidade nacional, e acentuamos a impossibilidade de conciliação dessas posições, dados os seus posicionamentos acerca das relações raciais amplamente divergentes.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018-08-06
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2019-08-15T19:57:47Z
dc.date.available.fl_str_mv 2019-08-15T19:57:47Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31840
url https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/31840
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pos Graduacao em Sociologia
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFPE
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFPE
instname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron:UFPE
instname_str Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron_str UFPE
institution UFPE
reponame_str Repositório Institucional da UFPE
collection Repositório Institucional da UFPE
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/5/TESE%20Aristeu%20Portela%20J%c3%banior.pdf.jpg
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/1/TESE%20Aristeu%20Portela%20J%c3%banior.pdf
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/2/license_rdf
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/3/license.txt
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/31840/4/TESE%20Aristeu%20Portela%20J%c3%banior.pdf.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 2210e8ddab08870c35d6058af97037f1
60a16ab803fb7569644f652d4ef27b4f
e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34
4b8a02c7f2818eaf00dcf2260dd5eb08
3b9332610c23cc23a0faa65c6dd5810a
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
repository.mail.fl_str_mv attena@ufpe.br
_version_ 1802310640964993024