Influência das condições ambientais sobre o comportamento do Boto-Cinza (Sotalia guianensis) e sua interação com as atividades antrópicas em Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pauline de Araújo, Janaina
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/0013000012ncg
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8092
Resumo: Sotalia guianensis (Van Bénéden, 1864) é o cetáceo mais encontrado na costa brasileira, entretanto, os dados sobre a ocorrência desses animais nas praias pernambucanas estão limitados aos registros de encalhes, sendo inéditas observações diretas de botos-cinza, principalmente referindo-se aos aspectos ecológicos e comportamentais. Este trabalho teve como objetivos determinar o uso do habitat e o comportamento de S. guianensis, avaliando as possíveis influências dos fatores ambientais: período do dia, sazonalidade, estado da maré. Foi também objetivo desta pesquisa avaliar a reação desses animais às embarcações e a sua interação com a atividade de pesca artesanal sob o ponto de vista dos pescadores, incluindo entrevistas. O presente estudo comparou os resultados entre as praias de Bairro Novo (Olinda) e Piedade, e as bacias portuárias do Recife e Suape. As observações em campo ocorreram entre 09/2004 e 08/2006, com duração de 11 horas diárias, sendo dois dias consecutivos por mês para cada uma das quatro áreas. Os dados resultaram em cerca de 380 horas de amostragens efetivas. Os resultados relativos ao tamanho de grupos demonstraram que eles são pequenos, variando entre um e dez indivíduos, sendo cinco o número mais freqüente para as áreas portuárias e dois para as praias. O número de filhotes por grupo não ultrapassou a um. De modo similar, as atividades dos botos-cinza foram mais freqüentes nas áreas portuárias, principalmente no Porto do Recife (mais de 66%). Analisando as diferentes categorias de comportamento, foram contadas dez atividades comportamentais para Olinda e as áreas portuárias, sendo a maioria delas relacionadas à alimentação, enquanto para Piedade, os quatro comportamentos observados foram utilizados apenas para passagem dos animais. O comportamento caudal está comumente relacionado a busca de presas capturadas no fundo, e este foi o comportamento mais freqüente sugerindo que essas áreas sejam de forrageio, com exceção de Piedade. Nessa praia, o salto total foi a conduta mais freqüente. Dos 46 registros de comportamentos de filhotes, o salto total foi mais comum para as áreas portuárias, periscópio em Olinda e deslocamento em Piedade. De maneira geral, os comportamentos realizados pelos filhotes foram semelhantes aos adultos, porém, o contexto parecia ser de brincadeira e não de forrageio. Analisando as possíveis influências do período de atividade (matinal ou vespertino), a sazonalidade e os níveis da maré sobre as condutas dos botos-cinza, verificou-se não haver variações nas freqüências dos comportamentos. Como se poderia esperar, o fluxo de embarcações nas regiões portuárias foi significativamente maior em relação às áreas abertas. Embora os transportes náuticos registrados tenham variado desde grandes navios, dragas, rebocadores, até barcos de pesca, de turismo e a vela, o índice de reações negativas dos botos-cinza foi baixo não ultrapassando a 2,6% em todas as áreas. Em Piedade não foi observada simultaneamente a presença desses animais e embarcações. Os botos-cinza mostraram uma aparente falta de interesse pelos barcos, sendo a reação neutra predominante, independente da distância em que se encontravam as embarcações. No que se refere a interação entre pescadores e botos-cinza, a presença destes cetáceos próximos às áreas de pesca parece não interferir na quantidade de peixes. Os pescadores confirmaram capturas acidentais em redes de espera, sendo possível que exista uma ameaça à população desses animais em Pernambuco. Os botos-cinza apresentaram uma movimentação constante durante todo o dia e permaneceram nas localidades estudadas durante todo o ano, o que pode estar relacionado à disponibilidade da presa, uma vez que as áreas de concentração (áreas portuárias) parecem estar destinadas à alimentação. A maior quantidade de efluentes domésticos no Porto do Recife provavelmente resulta em um aumento na quantidade de peixes; a dragagem que ocorrem nas áreas portuárias também pode contribuir para este fato. Além disso, a preferência dos botos-cinza por águas calmas, como nos portos, possivelmente contribuiu para uma maior presença do Sotalia guianensis nesses locais
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spelling Pauline de Araújo, JanainaElisabeth de Araújo, Maria 2014-06-12T22:57:02Z2014-06-12T22:57:02Z2008-01-31Pauline de Araújo, Janaina; Elisabeth de Araújo, Maria. Influência das condições ambientais sobre o comportamento do Boto-Cinza (Sotalia guianensis) e sua interação com as atividades antrópicas em Pernambuco. 2008. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2008.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8092ark:/64986/0013000012ncgSotalia guianensis (Van Bénéden, 1864) é o cetáceo mais encontrado na costa brasileira, entretanto, os dados sobre a ocorrência desses animais nas praias pernambucanas estão limitados aos registros de encalhes, sendo inéditas observações diretas de botos-cinza, principalmente referindo-se aos aspectos ecológicos e comportamentais. Este trabalho teve como objetivos determinar o uso do habitat e o comportamento de S. guianensis, avaliando as possíveis influências dos fatores ambientais: período do dia, sazonalidade, estado da maré. Foi também objetivo desta pesquisa avaliar a reação desses animais às embarcações e a sua interação com a atividade de pesca artesanal sob o ponto de vista dos pescadores, incluindo entrevistas. O presente estudo comparou os resultados entre as praias de Bairro Novo (Olinda) e Piedade, e as bacias portuárias do Recife e Suape. As observações em campo ocorreram entre 09/2004 e 08/2006, com duração de 11 horas diárias, sendo dois dias consecutivos por mês para cada uma das quatro áreas. Os dados resultaram em cerca de 380 horas de amostragens efetivas. Os resultados relativos ao tamanho de grupos demonstraram que eles são pequenos, variando entre um e dez indivíduos, sendo cinco o número mais freqüente para as áreas portuárias e dois para as praias. O número de filhotes por grupo não ultrapassou a um. De modo similar, as atividades dos botos-cinza foram mais freqüentes nas áreas portuárias, principalmente no Porto do Recife (mais de 66%). Analisando as diferentes categorias de comportamento, foram contadas dez atividades comportamentais para Olinda e as áreas portuárias, sendo a maioria delas relacionadas à alimentação, enquanto para Piedade, os quatro comportamentos observados foram utilizados apenas para passagem dos animais. O comportamento caudal está comumente relacionado a busca de presas capturadas no fundo, e este foi o comportamento mais freqüente sugerindo que essas áreas sejam de forrageio, com exceção de Piedade. Nessa praia, o salto total foi a conduta mais freqüente. Dos 46 registros de comportamentos de filhotes, o salto total foi mais comum para as áreas portuárias, periscópio em Olinda e deslocamento em Piedade. De maneira geral, os comportamentos realizados pelos filhotes foram semelhantes aos adultos, porém, o contexto parecia ser de brincadeira e não de forrageio. Analisando as possíveis influências do período de atividade (matinal ou vespertino), a sazonalidade e os níveis da maré sobre as condutas dos botos-cinza, verificou-se não haver variações nas freqüências dos comportamentos. Como se poderia esperar, o fluxo de embarcações nas regiões portuárias foi significativamente maior em relação às áreas abertas. Embora os transportes náuticos registrados tenham variado desde grandes navios, dragas, rebocadores, até barcos de pesca, de turismo e a vela, o índice de reações negativas dos botos-cinza foi baixo não ultrapassando a 2,6% em todas as áreas. Em Piedade não foi observada simultaneamente a presença desses animais e embarcações. Os botos-cinza mostraram uma aparente falta de interesse pelos barcos, sendo a reação neutra predominante, independente da distância em que se encontravam as embarcações. No que se refere a interação entre pescadores e botos-cinza, a presença destes cetáceos próximos às áreas de pesca parece não interferir na quantidade de peixes. Os pescadores confirmaram capturas acidentais em redes de espera, sendo possível que exista uma ameaça à população desses animais em Pernambuco. Os botos-cinza apresentaram uma movimentação constante durante todo o dia e permaneceram nas localidades estudadas durante todo o ano, o que pode estar relacionado à disponibilidade da presa, uma vez que as áreas de concentração (áreas portuárias) parecem estar destinadas à alimentação. A maior quantidade de efluentes domésticos no Porto do Recife provavelmente resulta em um aumento na quantidade de peixes; a dragagem que ocorrem nas áreas portuárias também pode contribuir para este fato. Além disso, a preferência dos botos-cinza por águas calmas, como nos portos, possivelmente contribuiu para uma maior presença do Sotalia guianensis nesses locaisCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessBoto-cinzaComportamentoFatores ambientaisEmbarcaçõesEtnobiologiaInfluência das condições ambientais sobre o comportamento do Boto-Cinza (Sotalia guianensis) e sua interação com as atividades antrópicas em Pernambucoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILarquivo1341_1.pdf.jpgarquivo1341_1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1820https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8092/4/arquivo1341_1.pdf.jpgb745581f1d12b9ebfe38d4617226e9a7MD54ORIGINALarquivo1341_1.pdfapplication/pdf1749313https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8092/1/arquivo1341_1.pdf0f994b345313dd66421bc8b7924f820bMD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8092/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTarquivo1341_1.pdf.txtarquivo1341_1.pdf.txtExtracted texttext/plain143377https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/8092/3/arquivo1341_1.pdf.txte784d53fce7a378be11ca3d494f1e316MD53123456789/80922019-10-25 03:46:28.557oai:repositorio.ufpe.br:123456789/8092Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T06:46:28Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
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