Fragmentação e erística na Escola do Recife: uma leitura retórica da filosofia de Tobias Barreto

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: HORA, Graziela Bacchi
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/001300000vk18
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/3714
Resumo: A presente pesquisa pretende apresentar uma compreensão da obra de Tobias Barreto de Menezes a partir dos elementos do convencimento desenvolvidos pela retórica clássica. A qualidade polemista e critica é associada à erística, arte da disputa, e serve como medida para a interpretação de Tobias Barreto. A antinomia apontada na obra do líder mais expressivo da Escola do Recife entre naturalismo e culturalismo, considerando-se a mais saliente dentre seus posicionamentos sempre cambiantes seria típica de uma abordagem retórica e relativista, bem delineada pela doutrina dos dissoi logoi atribuída a Protágoras. A qualidade fragmentária da produção de Tobias Barreto é explorada como qualidade sofística, o que não representa demérito, mas tão-somente o resultado de seu momento histórico de vanguarda, e do anti-dogmatismo que acompanha sua trajetória intelectual, associados à necessidade de formação autêntica da identidade nacional, conforme se propõe. A partir da apresentação dos elementos fundadores da retórica, ethos pathos e logos, relacionados às características da obra de Tobias Barreto, oferecese uma interpretação em conexão com a situação de guinada em que se encontrava o Nordeste do século XIX, obrigado a derrubar tradições da assucarocracia , na expressão de Tobias Barreto. A qualidade de veiculo para a divulgação e incorporação critica das inovações culturais e cientificas é ressaltada. A resistência à hipótese de se considerar Tobias Barreto como um autor retórico, por força de uma visão parcial de sua obra, que o reduza a defensor de algum sistema especifico e acabado, ou mesmo da ciência empírica, é diluída ao longo do trabalho na medida em que se esclarecem as contribuições das técnicas retóricas para a compreensão de sua obra não afeita à construção de sistemas logicamente coerentes. A novidade implicada no contato entre ciência empírica e filosofia, bem como na substituição da imitação da tradição européia pela absorção do espírito critico, que Tobias vislumbrara estar presente na produção intelectual alemã, delineiam a ocasião para o discurso emocional e justificam a batalha verbal entre os diversos sistemas filosóficos e arranjos científicos. Condições do ethos pessoal de Tobias são problematizadas no sentido de reforçar o vínculo entre a sua produção e as pressões sociais que o rodearam. A dimensão histórica é considerada relevante para a pesquisa porque permite a ambientação da produção de Tobias Barreto, como também porque delineia o desenvolvimento dos elementos da retórica quanto a sua valorização no discurso
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A antinomia apontada na obra do líder mais expressivo da Escola do Recife entre naturalismo e culturalismo, considerando-se a mais saliente dentre seus posicionamentos sempre cambiantes seria típica de uma abordagem retórica e relativista, bem delineada pela doutrina dos dissoi logoi atribuída a Protágoras. A qualidade fragmentária da produção de Tobias Barreto é explorada como qualidade sofística, o que não representa demérito, mas tão-somente o resultado de seu momento histórico de vanguarda, e do anti-dogmatismo que acompanha sua trajetória intelectual, associados à necessidade de formação autêntica da identidade nacional, conforme se propõe. A partir da apresentação dos elementos fundadores da retórica, ethos pathos e logos, relacionados às características da obra de Tobias Barreto, oferecese uma interpretação em conexão com a situação de guinada em que se encontrava o Nordeste do século XIX, obrigado a derrubar tradições da assucarocracia , na expressão de Tobias Barreto. A qualidade de veiculo para a divulgação e incorporação critica das inovações culturais e cientificas é ressaltada. A resistência à hipótese de se considerar Tobias Barreto como um autor retórico, por força de uma visão parcial de sua obra, que o reduza a defensor de algum sistema especifico e acabado, ou mesmo da ciência empírica, é diluída ao longo do trabalho na medida em que se esclarecem as contribuições das técnicas retóricas para a compreensão de sua obra não afeita à construção de sistemas logicamente coerentes. A novidade implicada no contato entre ciência empírica e filosofia, bem como na substituição da imitação da tradição européia pela absorção do espírito critico, que Tobias vislumbrara estar presente na produção intelectual alemã, delineiam a ocasião para o discurso emocional e justificam a batalha verbal entre os diversos sistemas filosóficos e arranjos científicos. Condições do ethos pessoal de Tobias são problematizadas no sentido de reforçar o vínculo entre a sua produção e as pressões sociais que o rodearam. 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