Igreja e serviço de saúde mental : um estudo das narrativas de evangélicos, usuários de CAPS
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Data de Publicação: | 2012 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11118 |
Resumo: | Estudos têm mostrado uma necessidade de repensar as práticas “psi”, no tocante à predominância de um modelo explicativo no processo saúde/doença, no qual a ênfase é na esfera físico-orgânica/natural em detrimento de outras formas de abordagem. Nesse sentido, deve-se olhar atentamente para outras explicações culturalmente e socialmente construídas tentando compreender os significados veiculados não só no processo saúde/doença, como também nas noções de cura e adoecimento. Neste trabalho fazemos isso em relação a um grupo específico, os usuários evangélicos de serviços de saúde mental (CAPS). O objetivo geral da pesquisa é identificar quais os significados utilizados pelos usuários evangélicos para falar de suas vivências de cura/adoecimento. Os objetivos específicos são os seguintes: quais os repertórios interpretativos eles usam para falar do universo religioso do qual fazem parte e de temas como cura e adoecimento psíquicos; como se dão, em seus discursos, as relações entre as práticas terapêuticas e as práticas religiosas, no cotidiano de um sistema “substitutivo” como o CAPS; que tipos de estratégias discursivas são utilizadas por eles para lidar com esta questão. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, tendo como respaldo teórico-metodológico a abordagem da Psicologia Social Discursiva, perspectiva em que os discursos são vistos, fundamentalmente, como formas de ação social. Para tanto foram realizadas nove entrevistas narrativas e uma roda de conversa com usuários de CAPS na cidade de Campina Grande-PB. Como resultados, identificamos o uso de um vocabulário religioso típico das igrejas neopentecostais quando os usuários constroem discursos sobre “as guerras” contra o mal, representado pelo diabo/demônio; e um vocabulário mais próximo do universo pentecostal, no qual o gozo espiritual associado à fé tem mais destaque do que a guerra contra o demônio. Além disso, os participantes também fazem descrições de Deus e utilizam termos e expressões como “aceitei Jesus”, “estar convertido”, “coisas do mundo”, “desviar” e “testemunho” para falar da experiência da conversão e da relação desses sujeitos com as coisas mundanas. Os significados das noções de cura e adoecimento aparecem através de descrições, explicações e experiências sobre a cura e o adoecimento. Chama-nos a atenção a sobrevalorização do caráter terapêutico promovido pela religiosidade quando estes fiéis descrevem, explicam e se remetem as experiências vivenciadas neste campo. Relatos de tais experiências frequentemente são reprimidos pelo discurso psiquiátrico dominante nesses serviços de atenção psicossocial. O discurso religioso é excluído nesses serviços, contrariando o caráter democrático do discurso disseminado pela reforma psiquiátrica. Esta contradição nos leva a proporcionar discussões em torno da relação entre as práticas terapêuticas e as práticas religiosas, à medida que os usuários acabam transitando entre os diferentes serviços, tanto médicos quanto religiosos. |
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Henriques, Halline Iale BarrosOliveira Filho, Pedro de2015-03-06T13:53:05Z2015-03-06T13:53:05Z2012-01-31HENRIQUES, Halline Iale Barros. Igreja e serviço de saúde mental: um estudo das narrativas de evangélicos, usuários de CAPS. Recife, 2012. 154 f. : Dissertação (mestrado) - UFPE, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em Psicologia. Recife, 2012..https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11118ark:/64986/001300000dq8sEstudos têm mostrado uma necessidade de repensar as práticas “psi”, no tocante à predominância de um modelo explicativo no processo saúde/doença, no qual a ênfase é na esfera físico-orgânica/natural em detrimento de outras formas de abordagem. Nesse sentido, deve-se olhar atentamente para outras explicações culturalmente e socialmente construídas tentando compreender os significados veiculados não só no processo saúde/doença, como também nas noções de cura e adoecimento. Neste trabalho fazemos isso em relação a um grupo específico, os usuários evangélicos de serviços de saúde mental (CAPS). O objetivo geral da pesquisa é identificar quais os significados utilizados pelos usuários evangélicos para falar de suas vivências de cura/adoecimento. Os objetivos específicos são os seguintes: quais os repertórios interpretativos eles usam para falar do universo religioso do qual fazem parte e de temas como cura e adoecimento psíquicos; como se dão, em seus discursos, as relações entre as práticas terapêuticas e as práticas religiosas, no cotidiano de um sistema “substitutivo” como o CAPS; que tipos de estratégias discursivas são utilizadas por eles para lidar com esta questão. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, tendo como respaldo teórico-metodológico a abordagem da Psicologia Social Discursiva, perspectiva em que os discursos são vistos, fundamentalmente, como formas de ação social. Para tanto foram realizadas nove entrevistas narrativas e uma roda de conversa com usuários de CAPS na cidade de Campina Grande-PB. Como resultados, identificamos o uso de um vocabulário religioso típico das igrejas neopentecostais quando os usuários constroem discursos sobre “as guerras” contra o mal, representado pelo diabo/demônio; e um vocabulário mais próximo do universo pentecostal, no qual o gozo espiritual associado à fé tem mais destaque do que a guerra contra o demônio. Além disso, os participantes também fazem descrições de Deus e utilizam termos e expressões como “aceitei Jesus”, “estar convertido”, “coisas do mundo”, “desviar” e “testemunho” para falar da experiência da conversão e da relação desses sujeitos com as coisas mundanas. Os significados das noções de cura e adoecimento aparecem através de descrições, explicações e experiências sobre a cura e o adoecimento. Chama-nos a atenção a sobrevalorização do caráter terapêutico promovido pela religiosidade quando estes fiéis descrevem, explicam e se remetem as experiências vivenciadas neste campo. Relatos de tais experiências frequentemente são reprimidos pelo discurso psiquiátrico dominante nesses serviços de atenção psicossocial. O discurso religioso é excluído nesses serviços, contrariando o caráter democrático do discurso disseminado pela reforma psiquiátrica. Esta contradição nos leva a proporcionar discussões em torno da relação entre as práticas terapêuticas e as práticas religiosas, à medida que os usuários acabam transitando entre os diferentes serviços, tanto médicos quanto religiosos.FACEPEporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessPsicologia social discursivaSaúde mentalPentecostalismoIgreja e serviço de saúde mental : um estudo das narrativas de evangélicos, usuários de CAPSinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILDISSERTAÇÃO CORREÇÕES completa.pdf.jpgDISSERTAÇÃO CORREÇÕES completa.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1111https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/11118/5/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20CORRE%c3%87%c3%95ES%20completa.pdf.jpg001cd933de1e18a8520127c0698e9dc8MD55ORIGINALDISSERTAÇÃO CORREÇÕES completa.pdfDISSERTAÇÃO CORREÇÕES completa.pdfapplication/pdf3185143https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/11118/1/DISSERTA%c3%87%c3%83O%20CORRE%c3%87%c3%95ES%20completa.pdf0b81baabbf3bfa191426c11bf1f6d4c4MD51CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; 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