Tartarugas marinhas, macroalgas e derramamento de óleo : áreas de alimentação e contaminação (Ipojuca, Pernambuco)

• Autor(a) principal: SILVA, Matheus Felipe de Souza Dias da
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
• dARK ID: ark:/64986/001300000zwwq
• Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/46083
• topic: Geociências; Testudomorpha; coprologia; Chelonya mydas; Algas marinhas; Resíduos antropogênicos; Concentração de HPA

Cinco espécies de tartarugas marinhas têm sido registradas para Pernambuco, onde usam os habitats costeiros para completar seu ciclo de vida, iniciado pelas desovas em suas praias. O objetivo deste estudo foi determinar os potenciais locais de ocorrência desses animais e das macroalgas, visando inferir o litoral de Ipojuca (sul do Estado) como uma área de alimentação. Além disso este estudo visou investigar os impactos antropogênicos, principalmente em decorrência do vazamento de petróleo na região, sobre as tartarugas marinhas. A pesquisa foi desenvolvida entre junho/2019 a abril/2021, e as coletas foram realizadas na cidade, praia e recifes de Porto de Galinhas (PG) e na praia e recifes de Serrambi (SE). Para cumprir o objetivo, foram realizadas quatro etapas desta pesquisa: 1) Entrevistas pelo método Snowball para seleção da área de maior ocorrência de tartarugas marinhas; 2) Censo visual estacionário náutico para registros desses animais em ambientes recifais; 3) Levantamento bibliográfico de macroalgas ocorrentes na região, e 4) Busca intensiva por fezes de tartarugas para o estudo coproscópico. Foram identificadas 21 locais de ocorrência de Eretmochelys imbricata, Chelonia mydas, Caretta caretta e Lepidochelys olivacea, sendo as maiores concentrações nos recifes da Baixa Sul (PG) e Baixa do Mamão (SE). Em seis expedições e 24 horas de monitoramento nesses dois recifes, observou-se 681 momentos de registros com 1.332 avistagens, onde ocorreram as espécies C. mydas (fase adulta e juvenil), e E. imbricata (fase juvenil). Vinte publicações sobre levantamentos de macroalgas forneceram uma lista com 130 táxons registrados para a região, sendo Rhodophyta o filo predominante (66 espécies), seguido por Chlorophyta e Ochrophyta que apresentaram 45 e 19 espécies, respectivamente. Amostras de bolos fecais pesaram cerca de 15 kg e a biomassa vegetal compôs 90% dos itens alimentares, representando 30 táxons identificados de macroalgas e fanerógamas marinhas. Os demais itens corresponderam a quatro grupos animais (Ascidiacea, Molusca, Porifera, Scleractinia), além de 225 itens de resíduos antropogênicos. As amostras de fezes coletadas nos dias 19, 20 e 21/02/2020 continham petróleo e, segundo análises de componentes químicos, sua origem era a mesma do grande derramamento ocorrido em final de 2019 no Brasil. As porções de óleo encontradas nas fezes estavam aderidas às macroalgas e os resultados indicam que as tartarugas marinhas usam os ambientes recifais da região para se alimentar, principalmente as tartarugas-verdes (C. mydas) na fase juvenil; uma espécie herbívora. Acidentalmente, as tartarugas estudadas acabam por ingerir resíduos antropogênicos, principalmente plásticos, e involuntariamente o óleo que permanecem contaminando a região. Após esse vazamento, um indivíduo juvenil de tartaruga-verde foi encontrado oleado e morto por asfixia. Em 2021 cinco ninhos da espécie E. imbricata foram registrados com petróleo na mesma área de estudo e, até o momento, não se tem informação oficial sobre origem ou quem são os responsáveis por este crime ambiental. As informações contidas nesta pesquisa são inéditas, urgentes e contribuem para o entendimento da ecologia alimentar das tartarugas marinhas na região, e de como suas espécies estão ameaçadas, principalmente devido a atividades antropogênicas.