Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/0013000007vkz
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/1074
Resumo: A literatura antropológica sobre famílias de grupos populares brasileiras assinala que, face à precariedade da condição de subsistência, há enfraquecimento do papel de provedor do homem, seu afastamento do grupo doméstico e valorização da atividade econômica feminina, os resultados desta pesquisa são diferentes. O objetivo deste trabalho foi buscar compreender como homens pobres, em situação de desemprego, vivenciam a relação com a casa. O tripé de análise - rua, homens pobres e casa é norteado pelos pressupostos da Antropologia Feminista (Henrrieta Moore, 2004) e pela perspectiva das relações de gênero (Joan Scott, 1995). Sob o referencial da Antropologia Interpretativa, foi elaborada uma etnografia na comunidade Parque Residencial Bola na Rede, situada numa região de periferia do Recife (PE), onde realizou-se observação participante entre janeiro e junho de 2009. Foram feitas entrevistas com seis homens da comunidade, três deles na faixa etária de 20 anos e três na faixa de 40 anos. Os resultados indicam que homens, em situação de desemprego, procuram reinventar o espaço da casa, como um dos principais mecanismos de manutenção de poder e status masculino. O argumento central, defendido, é de que: ao não se configurarem como os principais (ou únicos) provedores, os homens, em situação de desemprego, buscam outros mecanismos que lhes possibilitam estar no domínio da casa. Esse argumento está sustentado na análise dos discursos dos homens sobre: (1) suas trajetórias de trabalho; (2) a organização domiciliar, com ênfase sobre a realização de tarefas domésticas e (3) as fontes de renda para o provimento familiar que não advém do trabalho masculino, mas sobretudo do trabalho feminino e da participação em um programa nacional de transferência de renda o Programa Bolsa Família. Em face das trajetórias no mercado formal e informal, a possibilidade de sustento econômico da família torna-se pouco viável. No entanto, os relatos buscam minimizar a situação de desemprego. Eles se apresentam como homens ativos, que estão sempre em probabilidade de conseguir rendimentos financeiros. O processo de valorização é corroborado pela apresentação da construção/compra da casa, que abriga a família, como um símbolo do provimento; pelos relatos de esperteza masculina e pela proclamação da virilidade. No reforço de tal valorização, a realização de tarefas domésticas é um espaço importante de afirmação masculina, principalmente, porque vem acompanhada de falas que exaltam o poder na distribuição dessas tarefas: que atividades fazer, como e quando. Nesse contexto, a relação do homem com o espaço doméstico continua predominantemente a se estabelecer no campo do sob controle em oposição a no controle (Parry Scott, 1990). Os homens discursam sobre a realização de tarefas relativas à arrumação da casa, ao cuidado com as crianças e à preparação de alguns alimentos, mesmo levando em conta que o trabalho requerido pela organização doméstica continua sob responsabilidade feminina. O trabalho feminino e os rendimentos advindos de programas governamentais (PBF) não se configuram como uma desonra. Afinal, eles só são uma ajuda! Dessa forma, os homens, moradores de Parque Residencial de Bola na Rede, nos relatam que ainda cantam de galo . A condição de homens pobres, em situação de desemprego, não faz com que sejam uma carta fora do baralho (Klaas Woortmann, 1987) dentro da casa. A escolha seletiva, que privilegiou as falas dos homens como principal material de análise, certamente nos mostra ângulos fundamentais, mas não esgota a problemática. No entanto, ao privilegiar as vozes masculinas no estudo das relações de gênero, foi possível aprofundar a compressão dos mecanismos de poder que possibilitam a manutenção e o status masculino de homens que estão na condição de desempregado
id UFPE_c4647b6dfcacaec6bc5c492a7dd39df9
oai_identifier_str oai:repositorio.ufpe.br:123456789/1074
network_acronym_str UFPE
network_name_str Repositório Institucional da UFPE
repository_id_str 2221
spelling Maria Nanes Correia dos Santos, GiselleTeodósio de Quadros, Marion 2014-06-12T15:07:25Z2014-06-12T15:07:25Z2010-01-31Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle; Teodósio de Quadros, Marion. Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa. 2010. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/1074ark:/64986/0013000007vkzA literatura antropológica sobre famílias de grupos populares brasileiras assinala que, face à precariedade da condição de subsistência, há enfraquecimento do papel de provedor do homem, seu afastamento do grupo doméstico e valorização da atividade econômica feminina, os resultados desta pesquisa são diferentes. O objetivo deste trabalho foi buscar compreender como homens pobres, em situação de desemprego, vivenciam a relação com a casa. O tripé de análise - rua, homens pobres e casa é norteado pelos pressupostos da Antropologia Feminista (Henrrieta Moore, 2004) e pela perspectiva das relações de gênero (Joan Scott, 1995). Sob o referencial da Antropologia Interpretativa, foi elaborada uma etnografia na comunidade Parque Residencial Bola na Rede, situada numa região de periferia do Recife (PE), onde realizou-se observação participante entre janeiro e junho de 2009. Foram feitas entrevistas com seis homens da comunidade, três deles na faixa etária de 20 anos e três na faixa de 40 anos. Os resultados indicam que homens, em situação de desemprego, procuram reinventar o espaço da casa, como um dos principais mecanismos de manutenção de poder e status masculino. O argumento central, defendido, é de que: ao não se configurarem como os principais (ou únicos) provedores, os homens, em situação de desemprego, buscam outros mecanismos que lhes possibilitam estar no domínio da casa. Esse argumento está sustentado na análise dos discursos dos homens sobre: (1) suas trajetórias de trabalho; (2) a organização domiciliar, com ênfase sobre a realização de tarefas domésticas e (3) as fontes de renda para o provimento familiar que não advém do trabalho masculino, mas sobretudo do trabalho feminino e da participação em um programa nacional de transferência de renda o Programa Bolsa Família. Em face das trajetórias no mercado formal e informal, a possibilidade de sustento econômico da família torna-se pouco viável. No entanto, os relatos buscam minimizar a situação de desemprego. Eles se apresentam como homens ativos, que estão sempre em probabilidade de conseguir rendimentos financeiros. O processo de valorização é corroborado pela apresentação da construção/compra da casa, que abriga a família, como um símbolo do provimento; pelos relatos de esperteza masculina e pela proclamação da virilidade. No reforço de tal valorização, a realização de tarefas domésticas é um espaço importante de afirmação masculina, principalmente, porque vem acompanhada de falas que exaltam o poder na distribuição dessas tarefas: que atividades fazer, como e quando. Nesse contexto, a relação do homem com o espaço doméstico continua predominantemente a se estabelecer no campo do sob controle em oposição a no controle (Parry Scott, 1990). Os homens discursam sobre a realização de tarefas relativas à arrumação da casa, ao cuidado com as crianças e à preparação de alguns alimentos, mesmo levando em conta que o trabalho requerido pela organização doméstica continua sob responsabilidade feminina. O trabalho feminino e os rendimentos advindos de programas governamentais (PBF) não se configuram como uma desonra. Afinal, eles só são uma ajuda! Dessa forma, os homens, moradores de Parque Residencial de Bola na Rede, nos relatam que ainda cantam de galo . A condição de homens pobres, em situação de desemprego, não faz com que sejam uma carta fora do baralho (Klaas Woortmann, 1987) dentro da casa. A escolha seletiva, que privilegiou as falas dos homens como principal material de análise, certamente nos mostra ângulos fundamentais, mas não esgota a problemática. No entanto, ao privilegiar as vozes masculinas no estudo das relações de gênero, foi possível aprofundar a compressão dos mecanismos de poder que possibilitam a manutenção e o status masculino de homens que estão na condição de desempregadoUniversidade Federal Rural de PernambucoporUniversidade Federal de PernambucoAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCasaDesempregoHomensRelações de GêneroAntropologiaEle ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPEORIGINALarquivo787_1.pdfapplication/pdf881577https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/1/arquivo787_1.pdf5b2773959af4a5501e05c4d95afcaccbMD51LICENSElicense.txttext/plain1748https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52TEXTarquivo787_1.pdf.txtarquivo787_1.pdf.txtExtracted texttext/plain273737https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/3/arquivo787_1.pdf.txtc3d38f6a05bff22aa3fb1a73bc151a1bMD53THUMBNAILarquivo787_1.pdf.jpgarquivo787_1.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1267https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/4/arquivo787_1.pdf.jpgcf3bc3619a186474905c747eaf071234MD54123456789/10742019-10-25 02:35:51.68oai:repositorio.ufpe.br:123456789/1074Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T05:35:51Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
title Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
spellingShingle Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle
Casa
Desemprego
Homens
Relações de Gênero
Antropologia
title_short Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
title_full Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
title_fullStr Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
title_full_unstemmed Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
title_sort Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa
author Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle
author_facet Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Teodósio de Quadros, Marion
contributor_str_mv Teodósio de Quadros, Marion
dc.subject.por.fl_str_mv Casa
Desemprego
Homens
Relações de Gênero
Antropologia
topic Casa
Desemprego
Homens
Relações de Gênero
Antropologia
description A literatura antropológica sobre famílias de grupos populares brasileiras assinala que, face à precariedade da condição de subsistência, há enfraquecimento do papel de provedor do homem, seu afastamento do grupo doméstico e valorização da atividade econômica feminina, os resultados desta pesquisa são diferentes. O objetivo deste trabalho foi buscar compreender como homens pobres, em situação de desemprego, vivenciam a relação com a casa. O tripé de análise - rua, homens pobres e casa é norteado pelos pressupostos da Antropologia Feminista (Henrrieta Moore, 2004) e pela perspectiva das relações de gênero (Joan Scott, 1995). Sob o referencial da Antropologia Interpretativa, foi elaborada uma etnografia na comunidade Parque Residencial Bola na Rede, situada numa região de periferia do Recife (PE), onde realizou-se observação participante entre janeiro e junho de 2009. Foram feitas entrevistas com seis homens da comunidade, três deles na faixa etária de 20 anos e três na faixa de 40 anos. Os resultados indicam que homens, em situação de desemprego, procuram reinventar o espaço da casa, como um dos principais mecanismos de manutenção de poder e status masculino. O argumento central, defendido, é de que: ao não se configurarem como os principais (ou únicos) provedores, os homens, em situação de desemprego, buscam outros mecanismos que lhes possibilitam estar no domínio da casa. Esse argumento está sustentado na análise dos discursos dos homens sobre: (1) suas trajetórias de trabalho; (2) a organização domiciliar, com ênfase sobre a realização de tarefas domésticas e (3) as fontes de renda para o provimento familiar que não advém do trabalho masculino, mas sobretudo do trabalho feminino e da participação em um programa nacional de transferência de renda o Programa Bolsa Família. Em face das trajetórias no mercado formal e informal, a possibilidade de sustento econômico da família torna-se pouco viável. No entanto, os relatos buscam minimizar a situação de desemprego. Eles se apresentam como homens ativos, que estão sempre em probabilidade de conseguir rendimentos financeiros. O processo de valorização é corroborado pela apresentação da construção/compra da casa, que abriga a família, como um símbolo do provimento; pelos relatos de esperteza masculina e pela proclamação da virilidade. No reforço de tal valorização, a realização de tarefas domésticas é um espaço importante de afirmação masculina, principalmente, porque vem acompanhada de falas que exaltam o poder na distribuição dessas tarefas: que atividades fazer, como e quando. Nesse contexto, a relação do homem com o espaço doméstico continua predominantemente a se estabelecer no campo do sob controle em oposição a no controle (Parry Scott, 1990). Os homens discursam sobre a realização de tarefas relativas à arrumação da casa, ao cuidado com as crianças e à preparação de alguns alimentos, mesmo levando em conta que o trabalho requerido pela organização doméstica continua sob responsabilidade feminina. O trabalho feminino e os rendimentos advindos de programas governamentais (PBF) não se configuram como uma desonra. Afinal, eles só são uma ajuda! Dessa forma, os homens, moradores de Parque Residencial de Bola na Rede, nos relatam que ainda cantam de galo . A condição de homens pobres, em situação de desemprego, não faz com que sejam uma carta fora do baralho (Klaas Woortmann, 1987) dentro da casa. A escolha seletiva, que privilegiou as falas dos homens como principal material de análise, certamente nos mostra ângulos fundamentais, mas não esgota a problemática. No entanto, ao privilegiar as vozes masculinas no estudo das relações de gênero, foi possível aprofundar a compressão dos mecanismos de poder que possibilitam a manutenção e o status masculino de homens que estão na condição de desempregado
publishDate 2010
dc.date.issued.fl_str_mv 2010-01-31
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2014-06-12T15:07:25Z
dc.date.available.fl_str_mv 2014-06-12T15:07:25Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.citation.fl_str_mv Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle; Teodósio de Quadros, Marion. Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa. 2010. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/1074
dc.identifier.dark.fl_str_mv ark:/64986/0013000007vkz
identifier_str_mv Maria Nanes Correia dos Santos, Giselle; Teodósio de Quadros, Marion. Ele ainda canta de galo: etnografando homens pobres no domínio da casa. 2010. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2010.
ark:/64986/0013000007vkz
url https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/1074
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Pernambuco
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFPE
instname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron:UFPE
instname_str Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
instacron_str UFPE
institution UFPE
reponame_str Repositório Institucional da UFPE
collection Repositório Institucional da UFPE
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/1/arquivo787_1.pdf
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/2/license.txt
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/3/arquivo787_1.pdf.txt
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/1074/4/arquivo787_1.pdf.jpg
bitstream.checksum.fl_str_mv 5b2773959af4a5501e05c4d95afcaccb
8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
c3d38f6a05bff22aa3fb1a73bc151a1b
cf3bc3619a186474905c747eaf071234
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
repository.mail.fl_str_mv attena@ufpe.br
_version_ 1815172753501716480