Ciência e costume na assistência ao parto
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPE |
Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29485 |
Resumo: | Esta tese trata de relações sociais desenvolvidas no campo profissional da assistência obstétrica e aponta para a dimensão epistemológica da hierarquia profissional estabelecida nesse campo. O recorte da pesquisa abarcou profissionais médicos, enfermeiras, parteiras e doulas e toma como referência o caso da assistência na cidade do Recife/PE. O objeto da pesquisa se constituiu na trama de práticas discursivas que reproduzem formas de conhecimento sobre o parto, desenvolvidos num gradiente entre saberes formais canônicos coloniais, como a biomedicina, e saberes não formais anti-coloniais, como pode ser entendido o saber tradicional. A investigação buscou, por meio da análise das práticas discursivas que permeiam as atuações profissionais, aprofundar o entendimento da hierarquia e do trânsito de saberes que compõem a prática da assistência, mapeando parte desse vasto território de diversidade de modos de assistência ao parto. Tomou-se como hipótese geral a ideia de que o discurso sobre o parto foi colonizado pela concepção biomédica do evento e do corpo, com prejuízos graves para sujeitos não médicos e, sobretudo, para as mulheres. Nesse sentido, a hierarquia profissional estabelecida no campo da assistência obstétrica pode ser vista como fruto da hierarquização de saberes que também é refletida por padrões de dominação sobre o corpo que pare. A proposta da investigação foi identificar os sinais desses processos de colonialidade de práticas e saberes. A tese demonstra que a medicalização do parto é uma expressão da hierarquia profissional e não tem sido efetivamente combatida por importantes políticas públicas voltadas para humanização da assistência, na medida em que essas não alteram o padrão de centralidade médica, historicamente construído a partir de estratégias de difamação e criminalização da assistência não-médica. O risco é um traço epistemológico marcante em todo saber obstétrico e como categoria discursiva é fundamental para a compreensão da hierarquia profissional que reproduz sistemas de privilégios e ausência de reconhecimento e autonomia profissional. Como desdobramento da centralidade do risco, o tempo do parto torna-se objeto de escrutínio, passível de controle e medicalização. A partir disso, pode-se dizer que a prática obstétrica dentro do modelo hegemônico tecnocrático contribui para a supressão da variabilidade dos tempos do parto (ou das formas de parir), contribuindo mais com o controle do que com o cuidado. |
id |
UFPE_d5adcf2f0987a11858889881867ee363 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:repositorio.ufpe.br:123456789/29485 |
network_acronym_str |
UFPE |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFPE |
repository_id_str |
2221 |
spelling |
PORTELLA, Mariana de Oliveirahttp://lattes.cnpq.br/6173456373642175http://lattes.cnpq.br/6218095707596245MARTINS, Paulo Henrique Novaes2019-02-26T20:22:23Z2019-02-26T20:22:23Z2017-02-24https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29485Esta tese trata de relações sociais desenvolvidas no campo profissional da assistência obstétrica e aponta para a dimensão epistemológica da hierarquia profissional estabelecida nesse campo. O recorte da pesquisa abarcou profissionais médicos, enfermeiras, parteiras e doulas e toma como referência o caso da assistência na cidade do Recife/PE. O objeto da pesquisa se constituiu na trama de práticas discursivas que reproduzem formas de conhecimento sobre o parto, desenvolvidos num gradiente entre saberes formais canônicos coloniais, como a biomedicina, e saberes não formais anti-coloniais, como pode ser entendido o saber tradicional. A investigação buscou, por meio da análise das práticas discursivas que permeiam as atuações profissionais, aprofundar o entendimento da hierarquia e do trânsito de saberes que compõem a prática da assistência, mapeando parte desse vasto território de diversidade de modos de assistência ao parto. Tomou-se como hipótese geral a ideia de que o discurso sobre o parto foi colonizado pela concepção biomédica do evento e do corpo, com prejuízos graves para sujeitos não médicos e, sobretudo, para as mulheres. Nesse sentido, a hierarquia profissional estabelecida no campo da assistência obstétrica pode ser vista como fruto da hierarquização de saberes que também é refletida por padrões de dominação sobre o corpo que pare. A proposta da investigação foi identificar os sinais desses processos de colonialidade de práticas e saberes. A tese demonstra que a medicalização do parto é uma expressão da hierarquia profissional e não tem sido efetivamente combatida por importantes políticas públicas voltadas para humanização da assistência, na medida em que essas não alteram o padrão de centralidade médica, historicamente construído a partir de estratégias de difamação e criminalização da assistência não-médica. O risco é um traço epistemológico marcante em todo saber obstétrico e como categoria discursiva é fundamental para a compreensão da hierarquia profissional que reproduz sistemas de privilégios e ausência de reconhecimento e autonomia profissional. Como desdobramento da centralidade do risco, o tempo do parto torna-se objeto de escrutínio, passível de controle e medicalização. A partir disso, pode-se dizer que a prática obstétrica dentro do modelo hegemônico tecnocrático contribui para a supressão da variabilidade dos tempos do parto (ou das formas de parir), contribuindo mais com o controle do que com o cuidado.CAPESThe present thesis deals with the social relations developed in the professional field of obstetric care and points to the epistemological dimension of the professional hierarchy established in the field. The study scope covered medics, nurses, midwives and doulas and takes as reference the provision of care in Recife/PE. The goal of the study was constituted in the web of discursive practices which reproduce forms of knowledge regarding childbirth, developed in a gradient between colonial formal canonical knowledges, such as biomedicine, and anticolonial non-formal knowledges, as the traditional knowledge may be considered. The investigation tried to, through the analysis of the discursive practices that permeate professional performance, deepen the understanding of hierarchy and traffic of knowledges which compose the practice of care, mapping part of this vast territory of diversity of modes of childbirth care. The idea that the discourse regarding childbirth has been colonized by the biomedical conception of the event and of body with severe prejudice, to non-medical individuals and, above all, to women has been taken as the general hypothesis. Under that perspective, the professional hierarchy established in the filed of obstetric care may be seen as a consequence of the tiering of knowledges that is also reflected by standards of domination over the body that gives birth. The goal of the investigation was to identify the flags of these coloniality processes over practices and knowledges. The thesis demonstrates that medicalization of childbirth is one expression of the professional hierarchy and have not been effectively fought with important public policies aimed at the humanization of the care, insofar as these do not change the standard of medical centrality, historically constituted from strategies of defamation and criminalization of the non-medical care. The risk is a striking epistemological trace in all obstetric knowledge and as discursive category it is fundamental to the understanding of the professional hierarchy that reproduce systems of privilege and absence of recognition and professional autonomy. As an unfolding of the centrality of the risk, the length of the childbirth turns into the object of scrutiny, liable of control and medicalization. From that, it is possible to affirm that the obstetric practice within the hegemonic technocratic model contributes with the suppression of the diversity of lengths of childbirths (or of forms of childbirths), contributing more with control then with care.porUniversidade Federal de PernambucoPrograma de Pos Graduacao em SociologiaUFPEBrasilAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessSociologiaPolítica públicaParto (Obstetrícia) – Aspectos sociaisParto (Obstetrícia) – Fatores de riscoCiência e costume na assistência ao partoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisdoutoradoreponame:Repositório Institucional da UFPEinstname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)instacron:UFPETHUMBNAILTESE Mariana de Oliveira Portella.pdf.jpgTESE Mariana de Oliveira Portella.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1086https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/6/TESE%20Mariana%20de%20Oliveira%20Portella.pdf.jpg0ad4f9aea0111b91c09a86e54548a098MD56ORIGINALTESE Mariana de Oliveira Portella.pdfTESE Mariana de Oliveira Portella.pdfapplication/pdf7762556https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/1/TESE%20Mariana%20de%20Oliveira%20Portella.pdfce0b7c9bb716986855e9e92e888662c9MD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-82311https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/3/license.txt4b8a02c7f2818eaf00dcf2260dd5eb08MD53CC-LICENSElicense_rdflicense_rdfapplication/rdf+xml; charset=utf-8811https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/4/license_rdfe39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34MD54TEXTTESE Mariana de Oliveira Portella.pdf.txtTESE Mariana de Oliveira Portella.pdf.txtExtracted texttext/plain710991https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/5/TESE%20Mariana%20de%20Oliveira%20Portella.pdf.txt649b631d418152698e0bfe46d4ddc36cMD55123456789/294852019-10-25 08:03:23.495oai:repositorio.ufpe.br:123456789/29485TGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKClRvZG8gZGVwb3NpdGFudGUgZGUgbWF0ZXJpYWwgbm8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgKFJJKSBkZXZlIGNvbmNlZGVyLCDDoCBVbml2ZXJzaWRhZGUgRmVkZXJhbCBkZSBQZXJuYW1idWNvIChVRlBFKSwgdW1hIExpY2Vuw6dhIGRlIERpc3RyaWJ1acOnw6NvIE7Do28gRXhjbHVzaXZhIHBhcmEgbWFudGVyIGUgdG9ybmFyIGFjZXNzw612ZWlzIG9zIHNldXMgZG9jdW1lbnRvcywgZW0gZm9ybWF0byBkaWdpdGFsLCBuZXN0ZSByZXBvc2l0w7NyaW8uCgpDb20gYSBjb25jZXNzw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhIG7Do28gZXhjbHVzaXZhLCBvIGRlcG9zaXRhbnRlIG1hbnTDqW0gdG9kb3Mgb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IuCl9fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fX19fXwoKTGljZW7Dp2EgZGUgRGlzdHJpYnVpw6fDo28gTsOjbyBFeGNsdXNpdmEKCkFvIGNvbmNvcmRhciBjb20gZXN0YSBsaWNlbsOnYSBlIGFjZWl0w6EtbGEsIHZvY8OqIChhdXRvciBvdSBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMpOgoKYSkgRGVjbGFyYSBxdWUgY29uaGVjZSBhIHBvbMOtdGljYSBkZSBjb3B5cmlnaHQgZGEgZWRpdG9yYSBkbyBzZXUgZG9jdW1lbnRvOwpiKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBjb25oZWNlIGUgYWNlaXRhIGFzIERpcmV0cml6ZXMgcGFyYSBvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBJbnN0aXR1Y2lvbmFsIGRhIFVGUEU7CmMpIENvbmNlZGUgw6AgVUZQRSBvIGRpcmVpdG8gbsOjbyBleGNsdXNpdm8gZGUgYXJxdWl2YXIsIHJlcHJvZHV6aXIsIGNvbnZlcnRlciAoY29tbyBkZWZpbmlkbyBhIHNlZ3VpciksIGNvbXVuaWNhciBlL291IGRpc3RyaWJ1aXIsIG5vIFJJLCBvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZSAoaW5jbHVpbmRvIG8gcmVzdW1vL2Fic3RyYWN0KSBlbSBmb3JtYXRvIGRpZ2l0YWwgb3UgcG9yIG91dHJvIG1laW87CmQpIERlY2xhcmEgcXVlIGF1dG9yaXphIGEgVUZQRSBhIGFycXVpdmFyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZXN0ZSBkb2N1bWVudG8gZSBjb252ZXJ0w6otbG8sIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gc2V1IGNvbnRlw7pkbywgcGFyYSBxdWFscXVlciBmb3JtYXRvIGRlIGZpY2hlaXJvLCBtZWlvIG91IHN1cG9ydGUsIHBhcmEgZWZlaXRvcyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBwcmVzZXJ2YcOnw6NvIChiYWNrdXApIGUgYWNlc3NvOwplKSBEZWNsYXJhIHF1ZSBvIGRvY3VtZW50byBzdWJtZXRpZG8gw6kgbyBzZXUgdHJhYmFsaG8gb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgZGV0w6ltIG8gZGlyZWl0byBkZSBjb25jZWRlciBhIHRlcmNlaXJvcyBvcyBkaXJlaXRvcyBjb250aWRvcyBuZXN0YSBsaWNlbsOnYS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBhIGVudHJlZ2EgZG8gZG9jdW1lbnRvIG7Do28gaW5mcmluZ2Ugb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgb3V0cmEgcGVzc29hIG91IGVudGlkYWRlOwpmKSBEZWNsYXJhIHF1ZSwgbm8gY2FzbyBkbyBkb2N1bWVudG8gc3VibWV0aWRvIGNvbnRlciBtYXRlcmlhbCBkbyBxdWFsIG7Do28gZGV0w6ltIG9zIGRpcmVpdG9zIGRlCmF1dG9yLCBvYnRldmUgYSBhdXRvcml6YcOnw6NvIGlycmVzdHJpdGEgZG8gcmVzcGVjdGl2byBkZXRlbnRvciBkZXNzZXMgZGlyZWl0b3MgcGFyYSBjZWRlciDDoApVRlBFIG9zIGRpcmVpdG9zIHJlcXVlcmlkb3MgcG9yIGVzdGEgTGljZW7Dp2EgZSBhdXRvcml6YXIgYSB1bml2ZXJzaWRhZGUgYSB1dGlsaXrDoS1sb3MgbGVnYWxtZW50ZS4gRGVjbGFyYSB0YW1iw6ltIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGN1am9zIGRpcmVpdG9zIHPDo28gZGUgdGVyY2Vpcm9zIGVzdMOhIGNsYXJhbWVudGUgaWRlbnRpZmljYWRvIGUgcmVjb25oZWNpZG8gbm8gdGV4dG8gb3UgY29udGXDumRvIGRvIGRvY3VtZW50byBlbnRyZWd1ZTsKZykgU2UgbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgw6kgYmFzZWFkbyBlbSB0cmFiYWxobyBmaW5hbmNpYWRvIG91IGFwb2lhZG8gcG9yIG91dHJhIGluc3RpdHVpw6fDo28gcXVlIG7Do28gYSBVRlBFLMKgZGVjbGFyYSBxdWUgY3VtcHJpdSBxdWFpc3F1ZXIgb2JyaWdhw6fDtWVzIGV4aWdpZGFzIHBlbG8gcmVzcGVjdGl2byBjb250cmF0byBvdSBhY29yZG8uCgpBIFVGUEUgaWRlbnRpZmljYXLDoSBjbGFyYW1lbnRlIG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBhdXRvciAoZXMpIGRvcyBkaXJlaXRvcyBkbyBkb2N1bWVudG8gZW50cmVndWUgZSBuw6NvIGZhcsOhIHF1YWxxdWVyIGFsdGVyYcOnw6NvLCBwYXJhIGFsw6ltIGRvIHByZXZpc3RvIG5hIGFsw61uZWEgYykuCg==Repositório InstitucionalPUBhttps://repositorio.ufpe.br/oai/requestattena@ufpe.bropendoar:22212019-10-25T11:03:23Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
Ciência e costume na assistência ao parto |
title |
Ciência e costume na assistência ao parto |
spellingShingle |
Ciência e costume na assistência ao parto PORTELLA, Mariana de Oliveira Sociologia Política pública Parto (Obstetrícia) – Aspectos sociais Parto (Obstetrícia) – Fatores de risco |
title_short |
Ciência e costume na assistência ao parto |
title_full |
Ciência e costume na assistência ao parto |
title_fullStr |
Ciência e costume na assistência ao parto |
title_full_unstemmed |
Ciência e costume na assistência ao parto |
title_sort |
Ciência e costume na assistência ao parto |
author |
PORTELLA, Mariana de Oliveira |
author_facet |
PORTELLA, Mariana de Oliveira |
author_role |
author |
dc.contributor.authorLattes.pt_BR.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/6173456373642175 |
dc.contributor.advisorLattes.pt_BR.fl_str_mv |
http://lattes.cnpq.br/6218095707596245 |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
PORTELLA, Mariana de Oliveira |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
MARTINS, Paulo Henrique Novaes |
contributor_str_mv |
MARTINS, Paulo Henrique Novaes |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Sociologia Política pública Parto (Obstetrícia) – Aspectos sociais Parto (Obstetrícia) – Fatores de risco |
topic |
Sociologia Política pública Parto (Obstetrícia) – Aspectos sociais Parto (Obstetrícia) – Fatores de risco |
description |
Esta tese trata de relações sociais desenvolvidas no campo profissional da assistência obstétrica e aponta para a dimensão epistemológica da hierarquia profissional estabelecida nesse campo. O recorte da pesquisa abarcou profissionais médicos, enfermeiras, parteiras e doulas e toma como referência o caso da assistência na cidade do Recife/PE. O objeto da pesquisa se constituiu na trama de práticas discursivas que reproduzem formas de conhecimento sobre o parto, desenvolvidos num gradiente entre saberes formais canônicos coloniais, como a biomedicina, e saberes não formais anti-coloniais, como pode ser entendido o saber tradicional. A investigação buscou, por meio da análise das práticas discursivas que permeiam as atuações profissionais, aprofundar o entendimento da hierarquia e do trânsito de saberes que compõem a prática da assistência, mapeando parte desse vasto território de diversidade de modos de assistência ao parto. Tomou-se como hipótese geral a ideia de que o discurso sobre o parto foi colonizado pela concepção biomédica do evento e do corpo, com prejuízos graves para sujeitos não médicos e, sobretudo, para as mulheres. Nesse sentido, a hierarquia profissional estabelecida no campo da assistência obstétrica pode ser vista como fruto da hierarquização de saberes que também é refletida por padrões de dominação sobre o corpo que pare. A proposta da investigação foi identificar os sinais desses processos de colonialidade de práticas e saberes. A tese demonstra que a medicalização do parto é uma expressão da hierarquia profissional e não tem sido efetivamente combatida por importantes políticas públicas voltadas para humanização da assistência, na medida em que essas não alteram o padrão de centralidade médica, historicamente construído a partir de estratégias de difamação e criminalização da assistência não-médica. O risco é um traço epistemológico marcante em todo saber obstétrico e como categoria discursiva é fundamental para a compreensão da hierarquia profissional que reproduz sistemas de privilégios e ausência de reconhecimento e autonomia profissional. Como desdobramento da centralidade do risco, o tempo do parto torna-se objeto de escrutínio, passível de controle e medicalização. A partir disso, pode-se dizer que a prática obstétrica dentro do modelo hegemônico tecnocrático contribui para a supressão da variabilidade dos tempos do parto (ou das formas de parir), contribuindo mais com o controle do que com o cuidado. |
publishDate |
2017 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2017-02-24 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2019-02-26T20:22:23Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2019-02-26T20:22:23Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
format |
doctoralThesis |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29485 |
url |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/29485 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Attribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/ |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Pernambuco |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Programa de Pos Graduacao em Sociologia |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UFPE |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Federal de Pernambuco |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFPE instname:Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) instacron:UFPE |
instname_str |
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) |
instacron_str |
UFPE |
institution |
UFPE |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFPE |
collection |
Repositório Institucional da UFPE |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/6/TESE%20Mariana%20de%20Oliveira%20Portella.pdf.jpg https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/1/TESE%20Mariana%20de%20Oliveira%20Portella.pdf https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/3/license.txt https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/4/license_rdf https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/29485/5/TESE%20Mariana%20de%20Oliveira%20Portella.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
0ad4f9aea0111b91c09a86e54548a098 ce0b7c9bb716986855e9e92e888662c9 4b8a02c7f2818eaf00dcf2260dd5eb08 e39d27027a6cc9cb039ad269a5db8e34 649b631d418152698e0bfe46d4ddc36c |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFPE - Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) |
repository.mail.fl_str_mv |
attena@ufpe.br |
_version_ |
1802310745090686976 |