O discreto charme da democracia : os movimentos de bairro e o festim da participação popular nas periferias do Recife (1979-1988)
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Dissertação |
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Texto Completo: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/11619 |
Resumo: | Em meio ao fragmentado mosaico movimentalista característico do Brasil dos anos oitenta, inúmeros foram os embates acerca da reformulação do Estado, bem como da necessidade de extensão, tanto de direitos socioeconômicos, quanto da participação política, às camadas mais pobres. Ao levar esta ideia de cidadania a grupos historicamente excluídos das instâncias decisórias do Estado, a cultura política participacionista transmuta-se em elemento central para a resolução dos problemas enfrentados por imensas populações urbanas marginalizadas nas grandes cidades do país – através de políticas de descentralização administrativa e de aberturas de canais diretos entre os novos e numerosos atores coletivos da sociedade civil e as esferas governamentais. Esta dissertação discute a atuação destas camadas pobres do Recife, organizadas em Associações de Moradores, durante o desmantelamento da máquina estatal-repressiva criada pela ditadura, quando revelaram-se sujeitos históricos centrais à cena política recifense, a ponto de construírem demandas materiais (equipamentos de uso coletivo ausentes no precário cotidiano destas populações), mas também culturais, sociopolíticas e eleitorais. Interessa-nos compreender como ocorreu o processo histórico de constituição identitária destas classes populares nas periferias do Recife, ou seja, de que forma uma pluralidade de sujeitos e de lugares, mas com situações confluentes e experiências compartilhadas, desdobra-se em práticas sociais homogeneizadas dentro de um campo ético-político autorreferenciado como “popular”, e articuladas tanto por elementos materiais, quanto por certa unidade de conteúdo discursivo. Por outro lado, serão analisadas as relações de forças entre faces destes movimentos populares e o poder público municipal no período, sobretudo, durante os anos da administração de Jarbas Vasconcelos, eleito em 1985 pelo voto direto após 21 anos de ditadura, com o sustentáculo de ampla rede social destes movimentos de bairro, reinaugurando um paradigma “institucional-cooperativista” a partir de um projeto de gestão “participativa e descentralizada”: o “Prefeitura nos Bairros”. Busca-se reconstruir a lógica material e os elementos simbólicos que permitam perceber regularidades e descontinuidades históricas nesses embates com o Estado “democratizado”. |
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