Incidência e fatores associados à cefaléia pós-punção dural em pacientes submetidos à raquianestesia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: AMORIM, Jane Auxiliadora
Data de Publicação: 2007
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
dARK ID: ark:/64986/0013000004xtt
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/8540
Resumo: Cefaléia é a complicação mais freqüentemente observada após uma punção da duramáter/aracnóide intencional com fins diagnóstico, terapêutico e para raquianestesia ou inadvertidamente durante a realização de uma anestesia epidural.August Karl Gustav Bier, pioneiro da anestesia espinhal, descreveu o primeiro caso de cefaléia pós-punção dural (CPPD) em 1898, após a realização de uma raquianestesia com cocaína. Naquela época, Bier atribuiu à cefaléia a excessiva perda de líquido cefalorraquidiano (LCR) pelo orifício de perfuração na dura-máter/aracnóide. Nas décadas subseqüentes, vários estudos foram publicados da anestesia espinhal com agulhas de grosso calibre, nos quais a CPPD foi relatada como uma complicação em 50% a 80% dos casos, ficando a raquianestesia relegada ao segundo plano em relação à anestesia epidural. Os estudos continuaram pelo fato da raquianestesia proporcionar excelente analgesia, relaxamento muscular, facilidade técnica e baixo custo. Em meados do século passado, com o advento de agulhas descartáveis, de fino calibre e bisel atraumático, a incidênc ia de CPPD reduziu significativamente, o que fez ressurgir o interesse pela raquianestesia, no entanto, esta desagradável complicação ainda persiste de forma imprevisível. Após mais de 100 anos da primeira descrição de CPPD, as dúvidas ainda persistem sobre o exato mecanismo da CPPD. A hipótese que a CPPD é causada simplesmente pela hipotensão liqüórica não é suficiente para explicar o fato de somente alguns pacientes desenvolverem CPPD. O diagnóstico de CPPD é relativamente simples e a característica patognomônica é o caráter postural da cefaléia, que a distingue de outras cefaléias. Os pacientes que já foram acometidos por esta desagradável e incapacitante complicação não esquecem o acontecido e, na exposição à uma nova punção da dura-máter, questionarão o médico sobre a possibilidade de um novo episódio de CPPD. Na revisão da literatura constatamos que a ocorrência de CPPD é influenciada por fatores relacionados ao paciente (gênero, idade e estado gestacional) e fatores relacionados à técnica de punção (calibre da agulha, desenho do bisel e direção do bisel em relação ao eixo da coluna vertebral), no entanto, história prévia de CPPD como fator de risco para um novo episódio de CPPD foi considerada em único artigo, baseado em dois de três pacientes com CPPD, que ocorreram em duas raquianestesias consecutivas. Os objetivo s deste estudo foram avaliar a incidência e identificar os fatores associados à ocorrência de cefaléia pós-punção dural em pacientes submetidos à raquianestesia, com particular ênfase naqueles com história prévia de CPPD. Neste caso avaliando se história prévia de CPPD representa um fator de risco para um novo episódio de CPPD. O interesse pelo assunto surgiu pelo fato da raquianestesia ser uma técnica anestésica habitual na prática diária e pela observação da ocorrência relativamente freqüente de CPPD em pacientes submetidos à raquianestesia em três hospitais públicos da cidade do Recife:Restauração, Getúlio Vargas e Maria Lucinda. A viabilidade do projeto foi garantida pela própria rotina dos Serviços de anestesiologia dos referidos hospitais, respeito aos procedimentos e a dinâmica de cada serviço, não implicando em intervenções adicionais ou procedimentos invasivos de outra ordem, que não aqueles já adotados, além da presença da pesquisadora como Co-responsável pelo Centro de Ensino e Treinamento em Anestesiologia dos Hospitais da Restauração e Getúlio Vargas
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Naquela época, Bier atribuiu à cefaléia a excessiva perda de líquido cefalorraquidiano (LCR) pelo orifício de perfuração na dura-máter/aracnóide. Nas décadas subseqüentes, vários estudos foram publicados da anestesia espinhal com agulhas de grosso calibre, nos quais a CPPD foi relatada como uma complicação em 50% a 80% dos casos, ficando a raquianestesia relegada ao segundo plano em relação à anestesia epidural. Os estudos continuaram pelo fato da raquianestesia proporcionar excelente analgesia, relaxamento muscular, facilidade técnica e baixo custo. Em meados do século passado, com o advento de agulhas descartáveis, de fino calibre e bisel atraumático, a incidênc ia de CPPD reduziu significativamente, o que fez ressurgir o interesse pela raquianestesia, no entanto, esta desagradável complicação ainda persiste de forma imprevisível. Após mais de 100 anos da primeira descrição de CPPD, as dúvidas ainda persistem sobre o exato mecanismo da CPPD. A hipótese que a CPPD é causada simplesmente pela hipotensão liqüórica não é suficiente para explicar o fato de somente alguns pacientes desenvolverem CPPD. O diagnóstico de CPPD é relativamente simples e a característica patognomônica é o caráter postural da cefaléia, que a distingue de outras cefaléias. Os pacientes que já foram acometidos por esta desagradável e incapacitante complicação não esquecem o acontecido e, na exposição à uma nova punção da dura-máter, questionarão o médico sobre a possibilidade de um novo episódio de CPPD. Na revisão da literatura constatamos que a ocorrência de CPPD é influenciada por fatores relacionados ao paciente (gênero, idade e estado gestacional) e fatores relacionados à técnica de punção (calibre da agulha, desenho do bisel e direção do bisel em relação ao eixo da coluna vertebral), no entanto, história prévia de CPPD como fator de risco para um novo episódio de CPPD foi considerada em único artigo, baseado em dois de três pacientes com CPPD, que ocorreram em duas raquianestesias consecutivas. Os objetivo s deste estudo foram avaliar a incidência e identificar os fatores associados à ocorrência de cefaléia pós-punção dural em pacientes submetidos à raquianestesia, com particular ênfase naqueles com história prévia de CPPD. Neste caso avaliando se história prévia de CPPD representa um fator de risco para um novo episódio de CPPD. O interesse pelo assunto surgiu pelo fato da raquianestesia ser uma técnica anestésica habitual na prática diária e pela observação da ocorrência relativamente freqüente de CPPD em pacientes submetidos à raquianestesia em três hospitais públicos da cidade do Recife:Restauração, Getúlio Vargas e Maria Lucinda. 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