A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freire, Francisco Oliveira
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Pensando
Texto Completo: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4040
Resumo: Este artigo pretende delinear a relação entre a mimese e a filosofia platônica a partir da República. A interpretação prevalecente caracteriza a mimese como imitação, denotando algo enganoso, ilusório ou falsificado. Platão alijaria a mimese da cidade ideal, pois ela seria capaz de corromper até os melhores cidadãos. Intérpretes influentes pressupõem a identidade entre o conceito platônico de mimese e a noção moderna e contemporânea de arte. Defende-se nesse artigo que tais interpretações são parciais e desfiguram o conceito platônico de mimese. O teatro teve importância fundamental na gênese e no desenvolvimento da filosofia platônica. A mimese cênica inspirou a concepção platônica do mundo empírico como representação do mundo das ideias. Entre os acadêmicos o termo mimese assumiu um sentido técnico, refere-se à relação entre o fundamento suprassensível – as ideias – e o mundo empírico. A representação mimética é mediação indispensável do modelo inteligível. Pela representação mimética, inscreve-se a ausência do modelo na presença sem abolir a distância ontológica. A crítica platônica visa à conversão da mimese de disseminadora de falsidades mitológicas em poderoso instrumento da verdade e do bem. O filósofo é, por um lado, o usuário da mimese, que determina os critérios de qualidade para a utilidade paidêutica. Por outro lado, o filósofo é o mais excelente mimeta, pois conhece o verdadeiro modelo e o representa em palavras. A República – assim como todo o corpus platonicum – é uma representação mimética. A densidade ontológica, epistemológica, ética, política, religiosa e paidêutica que contextualiza a mimese platônica a distingue completamente do que hoje costumamos classificar como poesia ou arte.
id UFPI-1_4b3be8b63d39a57277b7230e367071d7
oai_identifier_str oai:periodicos.ufpi.br:article/4040
network_acronym_str UFPI-1
network_name_str Pensando
repository_id_str
spelling A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICAPlatão, Mimese, Poesia, Representação, Ideia, Arte.Este artigo pretende delinear a relação entre a mimese e a filosofia platônica a partir da República. A interpretação prevalecente caracteriza a mimese como imitação, denotando algo enganoso, ilusório ou falsificado. Platão alijaria a mimese da cidade ideal, pois ela seria capaz de corromper até os melhores cidadãos. Intérpretes influentes pressupõem a identidade entre o conceito platônico de mimese e a noção moderna e contemporânea de arte. Defende-se nesse artigo que tais interpretações são parciais e desfiguram o conceito platônico de mimese. O teatro teve importância fundamental na gênese e no desenvolvimento da filosofia platônica. A mimese cênica inspirou a concepção platônica do mundo empírico como representação do mundo das ideias. Entre os acadêmicos o termo mimese assumiu um sentido técnico, refere-se à relação entre o fundamento suprassensível – as ideias – e o mundo empírico. A representação mimética é mediação indispensável do modelo inteligível. Pela representação mimética, inscreve-se a ausência do modelo na presença sem abolir a distância ontológica. A crítica platônica visa à conversão da mimese de disseminadora de falsidades mitológicas em poderoso instrumento da verdade e do bem. O filósofo é, por um lado, o usuário da mimese, que determina os critérios de qualidade para a utilidade paidêutica. Por outro lado, o filósofo é o mais excelente mimeta, pois conhece o verdadeiro modelo e o representa em palavras. A República – assim como todo o corpus platonicum – é uma representação mimética. A densidade ontológica, epistemológica, ética, política, religiosa e paidêutica que contextualiza a mimese platônica a distingue completamente do que hoje costumamos classificar como poesia ou arte.EDUFPI2023-03-09info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdfhttps://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/404010.26694/pensando.v13i29.13252PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA; Vol. 13 No. 29 (2022): VARIA; 60-73PENSANDO - REVUE DE PHILOSOPHIE; Vol. 13 No 29 (2022): VARIA; 60-73PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA; v. 13 n. 29 (2022): VARIA; 60-732178-843X10.26694/pensando.v13i29reponame:Pensandoinstname:Universidade Federal do Piauí (UFPI)instacron:UFPIporhttps://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4040/3492Copyright (c) 2023 PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIAhttps://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessFreire, Francisco Oliveira 2023-03-09T09:01:27Zoai:periodicos.ufpi.br:article/4040Revistahttp://www.ojs.ufpi.br/index.php/pensando/indexPUBhttps://revistas.ufpi.br/index.php/pensando/oai||revista.pensando@gmail.com2178-843X2178-843Xopendoar:2023-03-09T09:01:27Pensando - Universidade Federal do Piauí (UFPI)false
dc.title.none.fl_str_mv A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
title A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
spellingShingle A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
Freire, Francisco Oliveira
Platão, Mimese, Poesia, Representação, Ideia, Arte.
title_short A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
title_full A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
title_fullStr A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
title_full_unstemmed A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
title_sort A MIMESE FILOSÓFICA EM PLATÃO: DA TRAGÉDIA AO TEATRO DAS IDEIAS NA REPÚBLICA
author Freire, Francisco Oliveira
author_facet Freire, Francisco Oliveira
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Freire, Francisco Oliveira
dc.subject.por.fl_str_mv Platão, Mimese, Poesia, Representação, Ideia, Arte.
topic Platão, Mimese, Poesia, Representação, Ideia, Arte.
description Este artigo pretende delinear a relação entre a mimese e a filosofia platônica a partir da República. A interpretação prevalecente caracteriza a mimese como imitação, denotando algo enganoso, ilusório ou falsificado. Platão alijaria a mimese da cidade ideal, pois ela seria capaz de corromper até os melhores cidadãos. Intérpretes influentes pressupõem a identidade entre o conceito platônico de mimese e a noção moderna e contemporânea de arte. Defende-se nesse artigo que tais interpretações são parciais e desfiguram o conceito platônico de mimese. O teatro teve importância fundamental na gênese e no desenvolvimento da filosofia platônica. A mimese cênica inspirou a concepção platônica do mundo empírico como representação do mundo das ideias. Entre os acadêmicos o termo mimese assumiu um sentido técnico, refere-se à relação entre o fundamento suprassensível – as ideias – e o mundo empírico. A representação mimética é mediação indispensável do modelo inteligível. Pela representação mimética, inscreve-se a ausência do modelo na presença sem abolir a distância ontológica. A crítica platônica visa à conversão da mimese de disseminadora de falsidades mitológicas em poderoso instrumento da verdade e do bem. O filósofo é, por um lado, o usuário da mimese, que determina os critérios de qualidade para a utilidade paidêutica. Por outro lado, o filósofo é o mais excelente mimeta, pois conhece o verdadeiro modelo e o representa em palavras. A República – assim como todo o corpus platonicum – é uma representação mimética. A densidade ontológica, epistemológica, ética, política, religiosa e paidêutica que contextualiza a mimese platônica a distingue completamente do que hoje costumamos classificar como poesia ou arte.
publishDate 2023
dc.date.none.fl_str_mv 2023-03-09
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4040
10.26694/pensando.v13i29.13252
url https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4040
identifier_str_mv 10.26694/pensando.v13i29.13252
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/4040/3492
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2023 PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2023 PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv EDUFPI
publisher.none.fl_str_mv EDUFPI
dc.source.none.fl_str_mv PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA; Vol. 13 No. 29 (2022): VARIA; 60-73
PENSANDO - REVUE DE PHILOSOPHIE; Vol. 13 No 29 (2022): VARIA; 60-73
PENSANDO - REVISTA DE FILOSOFIA; v. 13 n. 29 (2022): VARIA; 60-73
2178-843X
10.26694/pensando.v13i29
reponame:Pensando
instname:Universidade Federal do Piauí (UFPI)
instacron:UFPI
instname_str Universidade Federal do Piauí (UFPI)
instacron_str UFPI
institution UFPI
reponame_str Pensando
collection Pensando
repository.name.fl_str_mv Pensando - Universidade Federal do Piauí (UFPI)
repository.mail.fl_str_mv ||revista.pensando@gmail.com
_version_ 1799755926598582272