A ciência como doadora de verdade: entre Heidegger e Nietzsche

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nascimento, Daniel Arruda
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Pensando
Texto Completo: https://periodicos.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/3050
Resumo: Duas torções teóricas ganham força com a aurora da modernidade e preconizam a mudança de paradigma apontada por Martin Heidegger: a crença na primazia da razão e a classificação do mundo como objeto de estudo. Se por um lado a metafísica moderna sustenta a divisão entre mundo inteligível e mundo sensível, reduzindo toda relação com o real ao comércio bipolar da relação que se estabelece entre sujeito e objeto, por outro lado aposta na razão como fonte universal do conhecimento e sentinela do desejo de tudo dominar. A conseqüência nefasta do movimento da metafísica moderna desembocará na eleição de uma nova instituição doadora de verdade: a ciência. O texto elaborado vinte e seis anos depois da publicação de Sein und Zeit, a conhecida conferência Die Frage nach der Tecnik, será para o filósofo apenas um marco numa trajetória que mede-se incessantemente com a questão da ciência e da técnica como novos eixos determinantes da concepção de verdade. Um outro filósofo todavia já havia deixado uma indelével inscrição nisso que agora denominamos de Filosofia da Técnica: o instinto de ciência do homem teórico sedento de validade universal já havia sido alvo da grafia ácida de Friedrich Nietzsche, tanto em Die Geburt der Tragödie quanto em Die fröhliche Wessenschaft, embora entre um texto e outro sejam sentidas contundentes variações. Alguns preconceitos da ciência, em especial aqueles que misturam moral, conhecimento e felicidade numa solução mágica e unifásica, são ali denunciados como uma nova espécie de religiosidade tão perigosa quanto às que estávamos outrora acostumados. Com a comunicação proposta, gostaria de examinar alguns dos argumentos lançados pelos críticos da ciência e da técnica. Moveremo-nos entre Heidegger e Nietzsche com a intenção de investigar se podemos ou não contar ainda com suas munições na nossa tarefa de compreender seu alcance.
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