O potencial expressivo da linguagem em Nietzsche: da dissolução dos opostos à intertextualidade de Assim falava Zaratustra
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Data de Publicação: | 2019 |
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Texto Completo: | http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8792 |
Resumo: | A presente tese assume a radicalidade da dissolução dos opostos como a culminância de um longo processo de amadurecimento do pensamento de Nietzsche. Não se trata, todavia, apenas de uma taxativa crítica da moral que inviabiliza as polaridades avaliativas bem/mal, justo/injusto, etc. O principal problema que emerge da dissolução dos opostos está na consentânea impossibilidade linguística de dizer algo para além das oposições. O impedimento, aqui, é lógico, uma vez que o axiomático princípio de não contradição sempre garante que uma verdade afirmada carregue consigo a simultânea negação de seu inverso. Assim, no interior da vigência de uma linguagem logicamente determinada, sempre haverá opostos, independente da pujança da crítica da moral estabelecida; independente de qualquer tentativa genealógica de expor as origens canhestras do sistema de avaliação moral do ocidente. Em uma linguagem que recebe da lógica suas divisas e orientações, invariavelmente se estará, mesmo que implicitamente, decretando verdades substitutivas àquelas que estão sendo criticadas. A hipótese da vontade de poder é o caso exemplar para ilustrar isso, e Heidegger o interprete que marcou de maneira duradoura a ambiguidade que onera a expressão de Nietzsche: quando Nietzsche critica todo supra-sensível e, em seu lugar, faz repercutir que o lugar da verdade passa a ser ocupado pelo sensível; pelo vir-a-ser; pela vontade de poder, o caso necessariamente se mostra como uma mera inversão no interior da polaridade verdade/aparência. Mais precisamente, uma inversão do platonismo. Essa conclusão, todavia, somente é pertinente a partir do amparo da lógica e através de uma equivocada compreensão da hipótese da vontade de poder. Em vista disso, com o objetivo de marcar tanto a radicalidade da dissolução dos opostos quanto para evidenciar que Nietzsche supera a normatividade axiomaticamente atuante na linguagem, defendemos que Assim falava Zaratustra mobiliza o potencial expressivo da linguagem para além dos liames lógicos. A principal característica dos discursos de Zaratustra, tal como esta tese defende, está no paradoxo do mentiroso como meio para a dispensabilidade dos juízos verdadeiro e falso e, consequentemente, de uma decisiva destituição da normatividade lógica. |
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2022-11-10T22:56:35Z2022-11-10T22:56:35Z2019-12-12LEIDENS, Francisco Rafael. O potencial expressivo da linguagem em Nietzsche : da dissolução dos opostos à intertextualidade de Assim falava Zaratustra. Orientador: Clademir Luís Araldi. 2019. 311 f. Tese (Doutorado em Filosofia) – Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Instituto de Filosofia, Sociologia e Política, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019.http://guaiaca.ufpel.edu.br/handle/prefix/8792A presente tese assume a radicalidade da dissolução dos opostos como a culminância de um longo processo de amadurecimento do pensamento de Nietzsche. Não se trata, todavia, apenas de uma taxativa crítica da moral que inviabiliza as polaridades avaliativas bem/mal, justo/injusto, etc. O principal problema que emerge da dissolução dos opostos está na consentânea impossibilidade linguística de dizer algo para além das oposições. O impedimento, aqui, é lógico, uma vez que o axiomático princípio de não contradição sempre garante que uma verdade afirmada carregue consigo a simultânea negação de seu inverso. Assim, no interior da vigência de uma linguagem logicamente determinada, sempre haverá opostos, independente da pujança da crítica da moral estabelecida; independente de qualquer tentativa genealógica de expor as origens canhestras do sistema de avaliação moral do ocidente. Em uma linguagem que recebe da lógica suas divisas e orientações, invariavelmente se estará, mesmo que implicitamente, decretando verdades substitutivas àquelas que estão sendo criticadas. A hipótese da vontade de poder é o caso exemplar para ilustrar isso, e Heidegger o interprete que marcou de maneira duradoura a ambiguidade que onera a expressão de Nietzsche: quando Nietzsche critica todo supra-sensível e, em seu lugar, faz repercutir que o lugar da verdade passa a ser ocupado pelo sensível; pelo vir-a-ser; pela vontade de poder, o caso necessariamente se mostra como uma mera inversão no interior da polaridade verdade/aparência. Mais precisamente, uma inversão do platonismo. Essa conclusão, todavia, somente é pertinente a partir do amparo da lógica e através de uma equivocada compreensão da hipótese da vontade de poder. Em vista disso, com o objetivo de marcar tanto a radicalidade da dissolução dos opostos quanto para evidenciar que Nietzsche supera a normatividade axiomaticamente atuante na linguagem, defendemos que Assim falava Zaratustra mobiliza o potencial expressivo da linguagem para além dos liames lógicos. A principal característica dos discursos de Zaratustra, tal como esta tese defende, está no paradoxo do mentiroso como meio para a dispensabilidade dos juízos verdadeiro e falso e, consequentemente, de uma decisiva destituição da normatividade lógica.The present thesis assumes the radicality of the dissolution of opposites as the culmination of a long process of maturation of Nietzsche's thought. However, it is not just a restricted critique of morality that makes impossible the evaluative polarities good/bad, fair/unfair, etc. The main problem that emerges from the dissolution of opposites is the corresponding linguistic impossibility of saying something beyond oppositions. The estoppel here is logical, for the axiomatic principle of noncontradiction always ensures that an affirmed truth carries with it the simultaneous negation of its inverse. Therefore, within the validity of a logically determined language, there will always be opposites, regardless of the strength of the critique of established morality; independent of any genealogical attempt to expose the awkward origins of the Western moral evaluation system. In a language that receives its boundaries and orientations from logic, one will be, invariably, even implicitly, decreeing substitutive truths to those being criticized. The hypothesis of the will of power is the exemplary case to illustrate this, and Heidegger was the interpreter who marked in a lasting way the ambiguity that burdens Nietzsche's expression: when Nietzsche criticizes all supersensible and, in its place, makes it evident that the place of truth becomes occupied by the sensible; by becoming; by the will of power, the case necessarily turns out to be a mere inversion within the truth/appearance polarity. More precisely, an inversion of Platonism. This conclusion, however, is only pertinent from the support of logic and through a mistaken understanding of the will to power hypothesis. Accordingly, in order to mark both the radicality of the dissolution of opposites and to show that Nietzsche surpasses the axiomatically active normativity in language, we argue that Thus Spoken Zarathustra mobilizes the expressive potential of language beyond logical bond. The main feature of Zarathustra's discourses, as this thesis argues, lies in the liar's paradox as a means to the dispensability of true and false judgments and, consequently, of a decisive dismissal of logical normativity.Sem bolsaporUniversidade Federal de PelotasPrograma de Pós-Graduação em FilosofiaUFPelBrasilInstituto de Filosofia, Sociologia e PolíticaCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIANietzscheDissolução dos opostosLinguagemZaratustraDissolution of oppositesLanguageZarathustraO potencial expressivo da linguagem em Nietzsche: da dissolução dos opostos à intertextualidade de Assim falava ZaratustraThe expressive potential of language in Nietzsche: from the dissolution of opposites to the intertextuality of Thus spoke Zarathustrainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesishttp://lattes.cnpq.br/0581903657571070http://lattes.cnpq.br/9512892707756969Araldi, Clademir LuísLeidens, Francisco Rafaelinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFPel - Guaiacainstname:Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)instacron:UFPELTEXTFrancisco_Rafael_Leidens_Tese.pdf.txtFrancisco_Rafael_Leidens_Tese.pdf.txtExtracted texttext/plain884814http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/8792/6/Francisco_Rafael_Leidens_Tese.pdf.txt7b3ad67378ba8ea53dd49e2fc2537537MD56open accessTHUMBNAILFrancisco_Rafael_Leidens_Tese.pdf.jpgFrancisco_Rafael_Leidens_Tese.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1274http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/8792/7/Francisco_Rafael_Leidens_Tese.pdf.jpgf6e787ffeece783dc5dba7a1aaa7746bMD57open accessORIGINALFrancisco_Rafael_Leidens_Tese.pdfFrancisco_Rafael_Leidens_Tese.pdfapplication/pdf5754949http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/bitstream/prefix/8792/1/Francisco_Rafael_Leidens_Tese.pdf6503d6d620de17cbadff9072175613e6MD51open accessCC-LICENSElicense_urllicense_urltext/plain; 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