“Do amor da castidade, & horror a toda torpeza, com que se deve crear os mininos”: análise do imperativo da inocência infantil em uma obra do Padre Alexandre de Gusmão

• Autor(a) principal: Ripe, Fernando
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Artigo
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFPel - Guaiaca
• Texto Completo: http://guaiaca.ufpel.edu.br/xmlui/handle/prefix/10266; https://doi.org/10.14295/rbhcs.v8i15.375
• topic: Castidade; Infância; Inocência; Gusmão, Alexandre de

Este artigo apresenta uma análise dos enunciados religiosos sobre a castidade infantil presentes na obra Arte de crear bem os Filhos na idade da Puericia. Publicada inicialmente em Portugal no ano de 1685, a obra de autoria do padre jesuíta Alexandre de Gusmão (1629-1724) oferecia um elenco de normativas que definiam como se deveria formar um “perfeito menino”. O conjunto de enunciados que analisamos evidenciam uma espécie de ordenamento moral da sexualidade, que influenciou significativamente o comportamento social da época. Esta operação moralizadora atuava também nos conhecimentos que deveriam ser ensinados, na prescrição de certos ditames práticos da vivência de corte, tidos como legítimos e adequados na construção de discursos que desejam produzir um sujeito infantil casto, puro, inocente. Nesse sentido, o discurso presente no tratado descrito por Gusmão é percebido como evidência e expressão de determinado sentido da infância no contexto da Reforma Católica no final do século XVII, tanto em Portugal, como no seu principal domínio ultramarino.