Concepções estratégicas brasileiras no contexto internacional do pós-Guerra Fria
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2003 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Revista de Sociologia e Política |
Texto Completo: | https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/3633 |
Resumo: | Este artigo analisa o processo de reformulação das concepções estratégicas brasileiras na primeira metade da década de 1990 em razão das significativas mudanças nos contextos políticos internacional e nacional. No âmbito internacional, a substituição do conflito Leste-Oeste pelas tensões Norte-Sul e o arrefecimento da rivalidade platina impuseram modificações fundamentais nas percepções de ameaça a partir das quais se deveria organizar a defesa nacional no Brasil. Além disso, no âmbito nacional, os militares brasileiros, após o fim da ditadura, tiveram que aceitar como interlocutores, além do Parlamento, representantes de setores da sociedade civil organizada. Nessa nova conjuntura, pela primeira vez desde o Império as percepções de insegurança do Estado brasileiro viriam das fronteiras Norte do país, sendo a Amazônia sua maior expressão. Esses novos contextos impuseram uma série de condicionantes à autonomia política e institucional das Forças Armadas brasileiras, e, nesse sentido, a volta aos quartéis não significou necessariamente o fim da autonomia militar. De fato, os militares não são mais politicamente autônomos, mas mantêm um elevado grau de autonomia institucional que precisa ser revista pelos grupos dirigentes e pela sociedade civil organizada. A Política de Defesa Nacional é o primeiro passo no sentido de restringir essa autonomia, mas caberá ao Ministério da Defesa, como órgão implementador da Política de Defesa Nacional, a tarefa de revisar e articular concepções estratégicas que se construíram autonomamente ao longo da história. Abstract This article analyzes the process by which, during the first decade of the 1990s, Brazil's strategic conceptions were reformulated, in light of significant changes that had taken place in terms of national and international political contexts. At the international level, the substitution of East-West conflicts for North-South tensions, as well as the cooling off of rivalries among Southern cone countries (Brazil/Argentina/Uruguay) imposed fundamental changes in the way the threats around which Brazilian national defense is organized were perceived. Furthermore, in the national arena, in the aftermath of the dictatorship the Brazilian military was obliged to accept not only the Parliament but also sectors of organized civil society as interlocutors. In this new juncture, for the first time since the days of the Empire, perceptions of threats to the security of the Brazilian State come from the northern borders of the country, the Amazon region in particular. This new context imposed a series of conditions upon the political and institutional autonomy of the Brazilian Armed Forces; nonetheless, the "return to the barracks" did not necessarily mean the end of military autonomy. In fact, the military no longer has political autonomy, but does maintain a high level of institutional autonomy that needs to be reconsidered by groups in leadership positions and by organized civil society. National Defense Policy is the first step in the direction of limiting such autonomy; nonetheless, it is up to the Ministry of Defense , as organ that implements this Policy, to modify and articulate conceptions of strategy that have emerged historically in a context of autonomy. Résumé Cet article analyse le processus de réformulation des conceptions stratégiques brésiliennes au cours de la première moitié des années 1990, vu les changements importants dans les contextes politiques international et national. Sur le plan international, le conflit Est-Ouest est remplacé par ceux du Nord-Sud et les rivalités de la région de La Plata s'affaiblissent. Des transformations essentielles surviennent donc dans la manière d'apercevoir les menaces qui orienteraient l'organisation de la défense nationale au Brésil. En outre, sur le plan national, les militaires brésiliens, après la fin de la dictature, ont été obligés d'avoir comme interlocuteurs non seulement le Parlement, mais aussi les représentants de secteurs de la société civile organisée. Dans cette nouvelle conjoncture, pour la première fois depuis l'Empire, le sentiment d'insécurité de l'Etat provient des frontières du nord du pays, notamment de l'Amazonie. Ces nouveaux contextes introduisent une série de contraintes à l'autonomie politique et institutionnelle des Forces Armées brésiliennes. Ainsi, le retour aux casernes ne suggère pas forcément une perte en autonomie militaire. En réalité, les militaires ne sont plus politiquement autonomes, mais ils maintiennent un degré élevé d'autonomie institutionnel qui doit ëtre revu par les groupes menant la politique dans le pays et par la société civile organisée. La Politique de Défense Nationale est le premier pas vers la réduction de cette autonomie, mais il reviendra au Ministère de la Défense, en organisme chargé de la Politique de Défense Nationale, de réviser et d'articuler les conceptions stratégiques qui se sont bâties de façon autonome au long de l'histoire. |
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Nessa nova conjuntura, pela primeira vez desde o Império as percepções de insegurança do Estado brasileiro viriam das fronteiras Norte do país, sendo a Amazônia sua maior expressão. Esses novos contextos impuseram uma série de condicionantes à autonomia política e institucional das Forças Armadas brasileiras, e, nesse sentido, a volta aos quartéis não significou necessariamente o fim da autonomia militar. De fato, os militares não são mais politicamente autônomos, mas mantêm um elevado grau de autonomia institucional que precisa ser revista pelos grupos dirigentes e pela sociedade civil organizada. A Política de Defesa Nacional é o primeiro passo no sentido de restringir essa autonomia, mas caberá ao Ministério da Defesa, como órgão implementador da Política de Defesa Nacional, a tarefa de revisar e articular concepções estratégicas que se construíram autonomamente ao longo da história. Abstract This article analyzes the process by which, during the first decade of the 1990s, Brazil's strategic conceptions were reformulated, in light of significant changes that had taken place in terms of national and international political contexts. At the international level, the substitution of East-West conflicts for North-South tensions, as well as the cooling off of rivalries among Southern cone countries (Brazil/Argentina/Uruguay) imposed fundamental changes in the way the threats around which Brazilian national defense is organized were perceived. Furthermore, in the national arena, in the aftermath of the dictatorship the Brazilian military was obliged to accept not only the Parliament but also sectors of organized civil society as interlocutors. In this new juncture, for the first time since the days of the Empire, perceptions of threats to the security of the Brazilian State come from the northern borders of the country, the Amazon region in particular. This new context imposed a series of conditions upon the political and institutional autonomy of the Brazilian Armed Forces; nonetheless, the "return to the barracks" did not necessarily mean the end of military autonomy. In fact, the military no longer has political autonomy, but does maintain a high level of institutional autonomy that needs to be reconsidered by groups in leadership positions and by organized civil society. National Defense Policy is the first step in the direction of limiting such autonomy; nonetheless, it is up to the Ministry of Defense , as organ that implements this Policy, to modify and articulate conceptions of strategy that have emerged historically in a context of autonomy. Résumé Cet article analyse le processus de réformulation des conceptions stratégiques brésiliennes au cours de la première moitié des années 1990, vu les changements importants dans les contextes politiques international et national. Sur le plan international, le conflit Est-Ouest est remplacé par ceux du Nord-Sud et les rivalités de la région de La Plata s'affaiblissent. Des transformations essentielles surviennent donc dans la manière d'apercevoir les menaces qui orienteraient l'organisation de la défense nationale au Brésil. En outre, sur le plan national, les militaires brésiliens, après la fin de la dictature, ont été obligés d'avoir comme interlocuteurs non seulement le Parlement, mais aussi les représentants de secteurs de la société civile organisée. Dans cette nouvelle conjoncture, pour la première fois depuis l'Empire, le sentiment d'insécurité de l'Etat provient des frontières du nord du pays, notamment de l'Amazonie. Ces nouveaux contextes introduisent une série de contraintes à l'autonomie politique et institutionnelle des Forces Armées brésiliennes. Ainsi, le retour aux casernes ne suggère pas forcément une perte en autonomie militaire. En réalité, les militaires ne sont plus politiquement autonomes, mais ils maintiennent un degré élevé d'autonomie institutionnel qui doit ëtre revu par les groupes menant la politique dans le pays et par la société civile organisée. La Politique de Défense Nationale est le premier pas vers la réduction de cette autonomie, mais il reviendra au Ministère de la Défense, en organisme chargé de la Politique de Défense Nationale, de réviser et d'articuler les conceptions stratégiques qui se sont bâties de façon autonome au long de l'histoire. 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