Biologia reprodutiva e genética de populações de Barbacenia paranaensis L.B.SM. (Velloziaceae), espécie endêmica e ameaçada de extinção no Paraná

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Luz, Patrícia Michele da
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1884/36140
Resumo: Resumo: Barbacenia paranaensis é endêmica e a única espécie representante de Velloziaceae no Paraná. Ocorre em pequenos fragmentos disjuntos de cerrado, na região dos Campos Gerais do Paraná, limite austral de distribuição geográfica do bioma. O objetivo deste estudo foi analisar se as características biológicas e reprodutivas estão correlacionadas com o padrão de variabilidade e estrutura genética ao longo da distribuição deste táxon. Para isso foi estudado o padrão anual de floração; a biologia e anatomia floral; o comportamento dos visitantes florais; os sistemas de polinização e reprodução; o nível de variabilidade e estruturação genética atual das populações. O padrão de floração de B. paranaensis é considerado do tipo anual, com um curto período de floração massiva, e baixa frequência de indivíduos floridos esporadicamente ao longo do ano. As flores apresentam atributos florais compatíveis por polinização com beija-flores. O nectário septal apresenta região de secreção e estocagem do néctar, que é liberado em fendas para o interior do tubo floral, apresentado como principal recompensa. Os maiores valores de concentração e volume de néctar ocorrem pela manhã, período com maior frequência de visitas florais. Foram observados nove visitantes florais, porém apenas o beija-for Phaetornis pretrei foi considerado polinizador efetivo. Houve formação de frutos, crescimento do tubo polínico, fecundação de óvulos e formação de sementes viáveis em tratamentos de autopolinização espontânea, autopolinização e polinização cruzada, caracterizando B. paranaensis como autocompatível e apresentando um sistema misto de reprodução em condições naturais. Foram amostradas seis populações naturalmente disjuntas, pertencentes a três regiões geográficas no Paraná. Reações de amplificação de fragmentos genômicos, utilizando quatro primers de ISSR, foram realizadas em cerca de 20 indivíduos de cada população, totalizando 120 amostras. Foram obtidos 48 locos com 100% de polimorfismo. A AMOVA indicou 90% de variabilidade genética intrapopulacional, baixa divergência interpopulacional (3%) e entre regiões (7%), porém com estrutura genética (FST) significativa em todos os níveis de variação. Através da análise Bayesiana foram detectados quatro agrupamentos genéticos que não correspondem à distribuição geográfica das populações. As diferentes linhagens estão presentes nas três regiões geográficas, as quais diferem apenas quanto à frequência de ocorrência de cada uma delas. Os resultados sugerem que o comportamento do polinizador e o sistema misto de reprodução contribuem para uma ampla dispersão polínica, compatível com a alta variabilidade e coesão genética observada entre as populações próximas e baixa divergência entre regiões. As características biológicas, reprodutivas e de estrutura genética se apresentam conforme espécies mais generalistas e amplamente distribuídas, do que sugerem as populações pequenas e disjuntas de B. parananesis atualmente observadas. É plausível que a vulnerabilidade da espécie não seja justificada pelo microendemismo resultante do isolamento de populações em ilhas continentais rupestres. Possivelmente, no passado, esta tenha sido uma espécie amplamente distribuída e com populações mais numerosas e interconectadas. Atualmente, os fragmentos isolados por destruição da matriz ecossistêmica original abrigam variabilidade genética antiga e compartilhada.
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O padrão de floração de B. paranaensis é considerado do tipo anual, com um curto período de floração massiva, e baixa frequência de indivíduos floridos esporadicamente ao longo do ano. As flores apresentam atributos florais compatíveis por polinização com beija-flores. O nectário septal apresenta região de secreção e estocagem do néctar, que é liberado em fendas para o interior do tubo floral, apresentado como principal recompensa. Os maiores valores de concentração e volume de néctar ocorrem pela manhã, período com maior frequência de visitas florais. Foram observados nove visitantes florais, porém apenas o beija-for Phaetornis pretrei foi considerado polinizador efetivo. Houve formação de frutos, crescimento do tubo polínico, fecundação de óvulos e formação de sementes viáveis em tratamentos de autopolinização espontânea, autopolinização e polinização cruzada, caracterizando B. paranaensis como autocompatível e apresentando um sistema misto de reprodução em condições naturais. Foram amostradas seis populações naturalmente disjuntas, pertencentes a três regiões geográficas no Paraná. Reações de amplificação de fragmentos genômicos, utilizando quatro primers de ISSR, foram realizadas em cerca de 20 indivíduos de cada população, totalizando 120 amostras. Foram obtidos 48 locos com 100% de polimorfismo. A AMOVA indicou 90% de variabilidade genética intrapopulacional, baixa divergência interpopulacional (3%) e entre regiões (7%), porém com estrutura genética (FST) significativa em todos os níveis de variação. Através da análise Bayesiana foram detectados quatro agrupamentos genéticos que não correspondem à distribuição geográfica das populações. As diferentes linhagens estão presentes nas três regiões geográficas, as quais diferem apenas quanto à frequência de ocorrência de cada uma delas. Os resultados sugerem que o comportamento do polinizador e o sistema misto de reprodução contribuem para uma ampla dispersão polínica, compatível com a alta variabilidade e coesão genética observada entre as populações próximas e baixa divergência entre regiões. As características biológicas, reprodutivas e de estrutura genética se apresentam conforme espécies mais generalistas e amplamente distribuídas, do que sugerem as populações pequenas e disjuntas de B. parananesis atualmente observadas. É plausível que a vulnerabilidade da espécie não seja justificada pelo microendemismo resultante do isolamento de populações em ilhas continentais rupestres. Possivelmente, no passado, esta tenha sido uma espécie amplamente distribuída e com populações mais numerosas e interconectadas. 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