Morcegos do Parque Estadual do Pico Marumbi

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Brito, João Eduardo Cavalcanti
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1884/25627
Resumo: Resumo: O Brasil é possuidor de uma das maiores riquezas de mamíferos do mundo, contando com pouco mais que 650 espécies. Neste grupo a ordem Chiroptera é determinante na diferença entre os padrões de diversidade de mamíferos em regiões tropicais e temperadas. Os morcegos frugívoros são importantes dispersores de sementes. No entanto, a eficiência de dispersão não depende somente da quantidade de sementes, mas também do tratamento que estas recebem. Assim, esse trabalho teve como objetivo identificar, analisar e comparar a comunidade, a dieta de morcegos e a germinação de sementes de infrutescências consumidas por morcegos do Parque Estadual do Pico do Marumbi (PEPM). O PEPM totaliza uma área de 8.745 ha, compreende os municípios de Morretes, Piraquara e Quatro Barras no Estado do Paraná, inserido nos domínios da Floresta Ombrófila Densa Atlântica. Foram realizadas 16 campanhas de campo, utilizando dez redes de neblina abertas por seis horas após o pôr do sol; também foram feitas buscas/capturas de morcegos em abrigos diurnos. Foi registrada a fenologia de quatro espécies vegetais quiropterocóricas, para a criação de um índice mensal de disponibilidade de frutos por espécie. A seletividade de alimento foi definida usando-se o índice de seletividade de Ivlev. Com o esforço de 69.948m²/h, foram realizadas 263 capturas de morcegos, de 19 espécies, pertencentes a três famílias. As espécies mais frequentes por fase de campo foram, em ordem crescente: Sturnira lilium, Carollia perspicillata, Anoura caudifer, Anoura geoffroyi e Myotis nigricans. Já Diphylla ecaudata, Chrotopterus auritus, Trachops cirrosus e Molossus rufus foram capturados em uma fase apenas. Nas amostras fecais foram encontradas sementes pertencentes à família Solanaceae (Solanum e Aureliana), seguida de Piperaceae (Piper), Urticaceae (Cecropia glaziovii) e Moraceae (Ficus). Através do índice de disponibilidade de frutos, foi possível observar picos de frutificação. Fatores bióticos são as principais causas da variação de padrões de frutificação, refletindo a competição por espécies dispersoras. As famílias vegetais Moraceae, Piperaceae, Solanaceae e Urticaceae são as principais e mais encontradas em trabalhos que abordam a dieta de morcegos frugívoros neotropicais. S. lilium teve sua dieta frugívora representada predominantemente por Solanaceae. Por outro lado, C. perspicillata consumiu mais Piperaceae. Estas diferenças apresentadas na dieta, com a concentração das espécies de morcegos em diferentes famílias de plantas, podem ser um importante mecanismo de partilha de recursos na natureza, permitindo a co-existência das espécies. Através do cálculo do índice de Ivlev, foi possível observar a importância de Piper hispidum na dieta de C. perspicillata e S. lilium. Para C. perspicillata é clara a importância de plantas da família Piperaceae, mas para S. lilium plantas dessa família representam uma fonte secundária de alimento, visto sua preferência por plantas da família Solanaceae. Foram realizados experimentos de germinação com infrutescência de P. hispidum ofertada aos morcegos S. lilium e C. perspicillata; C. glaziovii ofertada a A. fimbriatus, C. perspicillata e S. lilium. As sementes de P. hispidum, depois de limpas, germinaram mais que sementes com polpa, confirmando a hipótese que a polpa inibe a germinação das sementes. As sementes limpas de C. glaziovii provenientes das fezes de A. fimbriatus germinaram mais que S. lilium, devido à forte interação mutualística. Com isso, Artibeus demonstrou sua importância na dispersão de Cecropia. Assim reforça-se aqui a necessidade de mais e maiores esforços de campo no sentido de amostrar a biodiversidade da Serra do Mar. Com base nesses dados que se torna possível elaborar propostas de conservação embasadas em diagnósticos robustos acerca da biodiversidade e interações ecológicas.
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O PEPM totaliza uma área de 8.745 ha, compreende os municípios de Morretes, Piraquara e Quatro Barras no Estado do Paraná, inserido nos domínios da Floresta Ombrófila Densa Atlântica. Foram realizadas 16 campanhas de campo, utilizando dez redes de neblina abertas por seis horas após o pôr do sol; também foram feitas buscas/capturas de morcegos em abrigos diurnos. Foi registrada a fenologia de quatro espécies vegetais quiropterocóricas, para a criação de um índice mensal de disponibilidade de frutos por espécie. A seletividade de alimento foi definida usando-se o índice de seletividade de Ivlev. Com o esforço de 69.948m²/h, foram realizadas 263 capturas de morcegos, de 19 espécies, pertencentes a três famílias. As espécies mais frequentes por fase de campo foram, em ordem crescente: Sturnira lilium, Carollia perspicillata, Anoura caudifer, Anoura geoffroyi e Myotis nigricans. 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Estas diferenças apresentadas na dieta, com a concentração das espécies de morcegos em diferentes famílias de plantas, podem ser um importante mecanismo de partilha de recursos na natureza, permitindo a co-existência das espécies. Através do cálculo do índice de Ivlev, foi possível observar a importância de Piper hispidum na dieta de C. perspicillata e S. lilium. Para C. perspicillata é clara a importância de plantas da família Piperaceae, mas para S. lilium plantas dessa família representam uma fonte secundária de alimento, visto sua preferência por plantas da família Solanaceae. Foram realizados experimentos de germinação com infrutescência de P. hispidum ofertada aos morcegos S. lilium e C. perspicillata; C. glaziovii ofertada a A. fimbriatus, C. perspicillata e S. lilium. As sementes de P. hispidum, depois de limpas, germinaram mais que sementes com polpa, confirmando a hipótese que a polpa inibe a germinação das sementes. 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