Modernidade e sofrimento em Nietzsche
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFPR |
Texto Completo: | https://hdl.handle.net/1884/80374 |
Resumo: | Orientador: Prof. Dr. Antonio Edmilson Paschoal |
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Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em FilosofiaPaschoal, Antonio Edmilson, 1963-Guiomarino, Hailton Felipe2022-12-02T15:32:22Z2022-12-02T15:32:22Z2022https://hdl.handle.net/1884/80374Orientador: Prof. Dr. Antonio Edmilson PaschoalTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Defesa : Curitiba, 15/09/2022Inclui referências: p. 226-233Área de concentração:Resumo: O presente estudo complementa o exame do problema do sentido do sofrimento em Nietzsche, elaborado em nossa pesquisa de mestrado. Trata-se, agora, de explorar as conexões do problema com a modernidade a partir da indicação dada na seção 7 da segunda dissertação da Genealogia da moral. Objetivamos mostrar, primeiramente, que a razão para a colocação do problema do sentido do sofrimento reside numa certa interpretação da modernidade sob o fio condutor da hipótese da vontade de poder. Essa interpretação vê os processos civilizatórios de abrandamento e moralização como um curso adoecedor do ser humano porque teria drenado suas forças ao inibir a manifestação da crueldade. Enfraquecido, o ser humano teria mais dificuldade em enfrentar estímulos aversivos, aumentando sua suscetibilidade à dor. A modernidade seria o ápice desse adoecimento fisiopsicológico, tendo, no pessimismo, o sintoma da impotência para criar sentido para o sofrimento e, assim, poder tirar proveito da dor e da crueldade. Essa interpretação, que relativiza o posicionamento pessimista, atesta que o problema do sentido do sofrimento diz respeito a uma economia de poder produzida historicamente. Assim, em segundo lugar, pelo desdobramento da vontade de poder nos conceitos de vida, sofrimento e sentido, este estudo pretende mostrar que o sentido cristão e o sentido trágico sintetizam tipologicamente valorações e condutas oriundas de dinâmicas de poder antagônicas. Decadente, o sentido cristão ilustra a dinâmica de poder retrativa, produzida pelo curso civilizatório. Nessa dinâmica, as forças não conseguem se expandir, mas se limitam a conservar o grau de poder perdido na luta com outras forças. Esse perfil engendra valores quietistas, o anseio por abolição do sofrimento e práticas de entorpecimento da sensibilidade porque o vivente sente mais aflitivamente as lutas por poder. Em contraposição, o sentido trágico ilustra uma dinâmica de poder ascendente, onde as forças são incitadas a ir de encontro às contrariedades para descarregar-se sobre estas na forma de uma interpretação embelezadora do sofrimento. Aqui, as forças antagônicas são dominadas e a vida é alegremente afirmada mesmo nos seus aspectos mais terríveis e quesitonáveis. Ao assim enfatizar a vontade de poder, este trabalho sustenta duas teses. A primeira afirma que a rejeição dos pressupostos metafísicos de O nascimento da tragédia não implica o fim da preocupação com o sentido do sofrimento na obra de Nietzsche. A Genealogia da moral atesta que esse tema é reelaborado desde a hipótese da vontade de poder em chave histórica e fisiopsicológica. A segunda tese afirma que a hipótese da vontade de poder implica um novo modelo de consideração do sofrimento, o qual se poderia chamar de potencialismo. Esse modelo estético-artístico opõe-se ao modelo moral, cujo ideal seria o de abolir o sofrimento. Da ótica do potencialismo, o modelo moral fragiliza o sofredor ao atrofiar suas forças mediante a privação da experiência do sofrimento. Visando contrapor-se a isso, o potencialismo se preocupa em restaurar a autarquia do sofredor, suscitando suas forças mediante o emprego espiritualizado da crueldade na interpretação embelezadora do sofrimento.Abstract: The present study complements the examination of the problem of the meaning of suffering in Nietzsche, elaborated in our master's research. It is now a matter of exploring the connections of the problem with modernity from the indication given in section 7 of the second dissertation of the On the genealogy of morality. We aim to show, first, that the reason for posing the problem of the meaning of suffering lies in a certain interpretation of modernity under the guiding thread of the hypothesis of the will-to-power. This interpretation sees the civilizing processes of softening and moralization as a sickening course of human beings because it would have drained their strength by inhibiting the manifestation of cruelty. Weakened, human beings would have more difficulty in facing aversive stimuli, increasing their susceptibility to pain. Modernity would be the apex of this physiopsychological illness, having, in pessimism, the symptom of impotence to create meaning for suffering and, thus, to be able to take advantage of pain and cruelty. This interpretation, which relativizes the pessimistic position, attests that the problem of the meaning of suffering concerns a historically produced economy of power. Thus, secondly, through the unfolding of the will to power in the concepts of life, suffering and meaning, this study intends to show that the christian meaning and the tragic meaning typologically synthesize valuations and behaviors arising from antagonistic power dynamics. Decadent, the Christian meaning illustrates the retractive power dynamic produced by the course of civilization. In this dynamic, forces cannot expand, but are limited to conserving the degree of power lost in the struggle with other forces. This profile engenders quietist values, the yearning for the abolition of suffering and practices of numbing sensitivity because the living being feels more painly the struggles for power. In contrast, the tragic meaning illustrates an ascending power dynamic, where forces are incited to go against contrarieties to unload on them in the form of a beautifying interpretation of suffering. Here, antagonistic forces are subdued and life is joyfully affirmed even in its most terrible and questionable aspects. By thus emphasizing the will-to-power, this study deffends two theses. The first states that the rejection of the metaphysical assumptions of The Birth of Tragedy does not imply the end of the concern with the meaning of suffering in Nietzsche's work. On the genealogy of morality attests that this theme is re-elaborated from the hypothesis of the will-to-power in a historical and physiopsychological key. The second thesis states that the hypothesis of the will to power implies a new model of consideration of suffering, which could be called potentialism. This aesthetic-artistic model is opposed to the moral model, whose ideal would be to abolish suffering. From the perspective of potentialism, the moral model weakens the sufferer by atrophying their strength through the removal of the experience of suffering. In order to counteract this, potentialism is concerned with restoring the sufferer's autarky, raising his forces through the spiritualized use of cruelty in the beautifying interpretation of suffering.1 recurso online : PDF.application/pdfNietzsche, Friedrich Wilhelm, 1844-1900Sentido (Filosofia)Civilização modernaFilosofiaModernidade e sofrimento em Nietzscheinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisporreponame:Repositório Institucional da UFPRinstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALR - T - HAILTON FELIPE GUIOMARINO.pdfapplication/pdf2876604https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/80374/1/R%20-%20T%20-%20HAILTON%20FELIPE%20GUIOMARINO.pdf0095141b814f00a483d0182257ee42cfMD51open access1884/803742022-12-02 12:32:22.979open accessoai:acervodigital.ufpr.br:1884/80374Repositório de PublicaçõesPUBhttp://acervodigital.ufpr.br/oai/requestopendoar:3082022-12-02T15:32:22Repositório Institucional da UFPR - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false |
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