De escravos a governantes : a legitimação mameluca a partir de Ibn Khaldun (1332-1406) e Al-Maqrizi (1364-1442)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bogoni, Annie Venson
Data de Publicação: 2022
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1884/80167
Resumo: Orientadora: Prof. Dra. Marcella Lopes Guimarães
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spelling Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em HistóriaGuimarães, Marcella Lopes, 1974-Bogoni, Annie Venson2022-11-22T14:01:40Z2022-11-22T14:01:40Z2022https://hdl.handle.net/1884/80167Orientadora: Prof. Dra. Marcella Lopes GuimarãesDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História. Defesa : Curitiba, 13/09/2022Inclui referênciasResumo: Entre os séculos XIII e XVI, o Egito foi governado por uma elite de origem escrava, treinada para servir em batalhas e como proteção pessoal de seu senhor. Denominados como mamelucos, palavra que em árabe significava "possuído" no sentido de posse, e de origem predominantemente turca, estes indivíduos eram comprados quando jovens, recebiam treinamento militar e religioso e podiam ascender nas posições militares a ponto de serem indicados como governantes locais de uma cidade ou província. O termo que os denomina designou o período deste grupo no poder: o sultanato Mameluco (1250-1517). O sistema de escravidão militar perpetuado nestes séculos era comum no Islã, porém a partir de 1250, os indivíduos que compravam e treinavam escravos foram os próprios mamelucos, tornando o ingresso na elite restrito apenas aos que passaram por esta experiência. Após tomarem o trono do Egito, o distanciamento entre eles e a população local se tornou um problema, forçando este grupo a buscar formas de legitimação por meio do contato com instituições e grupos sociais com os quais não mantinha contato anteriormente. Uma destas formas foi a massiva produção de obras de história e biografias que tratassem do passado destes governantes para concretizar sua trajetória no território e seu direito de governá-lo. Nesta dissertação, analisamos duas das obras produzidas neste período, uma chamada Histoire des Sultans Mameloukes de l'Égypte escrita por Al-Maqrízí (1364-1442), e outra denominada Os Prolegômenos, ou Filosofia Social escrita por Ibn Khaldun (1332-1406), visando investigar como a legitimação era retratada pelos dois historiadores. A primeira fonte narra cronologicamente o primeiro meio século do sultanato Mameluco, cobrindo os reinados entre 1250 e 1309. Já a segunda fonte é parte de uma extensa obra de sete volumes cujo objetivo é realizar uma história universal, mas nos limitamos a abordar apenas o livro introdutório e o primeiro volume da obra. Para analisar seu conteúdo tendo em mente as tradições de escrita islâmica, o estilo narrativo dos autores e as ferramentas literárias que eles utilizam, foi escolhido como suporte teórico os conceitos de Stasis e Process, criados por Konrad Hirschler. Stasis se refere a narrativas cujo conteúdo apresenta uma divisão de períodos bem definida e separada por uma quebra súbita, geralmente dividindo-os entre um bom e um mau; também se refere ao aspecto a-histórico do conteúdo, se aproximando de uma ideia de história como uma espiral. Já o conceito de Process se refere a uma narrativa perpassada por mudanças e pelo desenvolvimento do enredo, de forma linear e sem definir bem os períodos que compõem seu conteúdo. Estes mecanismos narrativos auxiliaram na transformação dos mamelucos de usurpadores para sucessores legítimos. Portanto, focamos em como a narrativa da história do sultanato apresentou a legitimidade deste novo poder, tanto em seu conteúdo como em sua escrita.Abstract: Between the thirteenth and sixteenth centuries, Egypt was governed by an elite of slave origin, trained to serve in battle and as the personal protection of their lord. Named mamluk, word of Arabic origin the meant "owned" in the sense of ownership, and mainly of Turkish descent, these individuals were bought when young, received military and religious training and could rise in military ranks to the point of being appointed as local governors of a city or province. The term that describes them also designated the period through which this group was in power: the Mamluk Sultanate (1250-1517). The system of military slavery perpetuated in these centuries was common in Islam, but from 1250 onwards, the individuals who bought and trained the slaves were mamluk themselves, turning admission to the elite restricted only for those who went through the same experience. After taking the Egyptian throne, the distancing between them and the local population became a problem, forcing this group to search for legitimizing ways through contact with institutions and social groups with which they had no contact before. One of the ways was the massive production of works of history and biographies that approached the past of these rulers to solidify their trajectory within the territory and their right to rule it. In this dissertation, we analyze two works written in this period, one called Histoire des Sultans Mameloukes de l'Égypte written by Al-Maqrízí (1364-1442), and another called Os Prolegômenos, ou Filosofia Social written by Ibn Khaldun (1332-1406), aiming to investigate how the legitimacy was portrayed by these two historians. The first source narrates chronologically the first half-century of the Mamluk Sultanate, covering the reigns between 1250 and 1309. The second source is part of an extensive work of seven volumes whose objective is to create a universal history, however, we limited our approach to the introductory book and the first volume of the entire work. To analyze its contents keeping in mind the Islamic writing traditions, the author's narrative style and the literary tools they use, the concepts of Stasis and Process were picked as theorical base, created by Konrad Hirschler. Stasis refers to narratives in which the content presents a well-defined division between periods and separated by a drastic break, usually dividing them between good and bad; it also refers to the ahistorical aspect of the content, being closer to a cyclical understanding of history. The concept of Process, however, refers to a narrative filled with changes and plot development in a linear way and without defining the periods that are part of the content well. Theses narrative tools help transforming mamluk usurpers in legitimate successors. Therefore, we focus on how the narration of the sultanate's history presented the legitimacy to this new power, both in its contents and in its writing.1 recurso online : PDF.application/pdfIbn Khaldun, 1332-1406Al-Maqrizi, 1364-1442Egito - HistóriaHistóriaDe escravos a governantes : a legitimação mameluca a partir de Ibn Khaldun (1332-1406) e Al-Maqrizi (1364-1442)info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisporreponame:Repositório Institucional da UFPRinstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALR - D - ANNIE VENSON BOGONI.pdfapplication/pdf1777189https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/80167/1/R%20-%20D%20-%20ANNIE%20VENSON%20BOGONI.pdf9915b3f1003d94b5665b3ab5ecb431c2MD51open access1884/801672022-11-22 11:01:41.046open accessoai:acervodigital.ufpr.br:1884/80167Repositório de PublicaçõesPUBhttp://acervodigital.ufpr.br/oai/requestopendoar:3082022-11-22T14:01:41Repositório Institucional da UFPR - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false
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