Padrões e processos na evolução de primatas neotropicais (Platyrrhini, Primates)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pereira, Jose Eduardo Silva
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1884/33775
Resumo: Resumo: A disponibilidade de sequências de DNA para espécies de primatas neotropicais aumentou consideravelmente na última década. Isto tem possibilitado novas abordagens para analisar padrões filogenéticos e processos evolutivos em Platyrrhini. Neste estudo, foram utilizadas sequências de DNA disponíveis no GenBank para estimar uma filogenia datada. Dados de distribuição geográfica de espécies de primatas neotropicais foram utilizados para realizar análises biogeográficas baseadas em métodos de eventos (S-DIVA e DEC). Platyrrhini foi assumido como um grupo monofilético, do qual se exclui os fósseis da Patagônia datados em torno de 20 Ma. Seis pontos de calibração foram utilizados para restringir a idade de alguns nós na filogenia. O último ancestral comum de Platyrrhini provavelmente viveu em uma região onde se situa a Amazônia durante o final do Oligoceno e início do Mioceno. As linhagens que deram origem às famílias modernas se diferenciaram ao longo do Mioceno. O Mioceno foi uma época de importantes mudanças paleogeográficas na América do Sul, como a sequência de eventos de orogenia dos Andes, presença de mares epicontinentais, mudanças nas temperaturas e precipitação médias, mudanças no registro fóssil, entre outros fatores. Ligações biogeográficas entre Mata Atlântica e Amazônia possibilitaram colonizações de primatas em áreas atualmente secas e no leste do continente, ao longo da Floresta Atlântica lato sensu. A maior parte das cladogêneses abrangeu o Pleistoceno, sugerindo um importante papel dos eventos climáticos desta época nas especiações de Platyrrhini. Métodos de eventos biogeográficos indicaram a importância de eventos vicariantes e dispersões na configuração das distribuições geográficas atuais das espécies analisadas. Novas sequências de Leontopithecus caissara dos genes MC1R e TRIM5 foram obtidas neste estudo para investigar as relações filogenéticas e os tempos de divergência das espécies de micos-leões. Estas sequências e um fragmento do gene mitocondrial D-loop disponível na literatura foram utilizados para análises filogenéticas utilizando inferência bayesiana, máxima verossimilhança, e parcimônia. Os tempos de divergência foram estimados por uma abordagem bayesiana utilizando o programa BEAST. Micos-leões se diferenciaram dos demais calitriquídeos ao longo do Mioceno, quando o último ancestral comum destes táxons ocupava uma área ligando a Amazônia e a Mata Atlântica. A disjunção entre estes hábitats isolou o ancestral de Leontopithecus, que possivelmente colonizou a Mata Atlântica a partir da Bacia do Paraná e expandiu sua distribuição até o centro de endemismo Bahia. As separações das espécies de micos-leões provavelmente ocorreram ao longo do Pleistoceno, onde L. chrysomelas foi a primeira espécie a divergir da população ancestral. Leontopithecus caissara divergiu subsequentemente constituindo o limite sul da distribuição geográfica de Callitrichidae, e por último L. chrysopyguse L. rosalia se separaram entre 0,98-0,15 Ma. O padrão alopátrico de distribuição geográfica das quatro espécies de micos-leões pode ser entendido como um produto das oscilações climáticas e retrações de ambientes florestais nos períodos mais secos do Pleistoceno, restringindo as populações em refúgios de ambientes mais favoráveis. A investigação de padrões e processos macroevolutivos em Platyrrhini é um campo promissor que tende a ganhar com o crescente acúmulo de diferentes sequências de DNA para diversas espécies e com as novas implementações metodológicas e computacionais que surgem.
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Seis pontos de calibração foram utilizados para restringir a idade de alguns nós na filogenia. O último ancestral comum de Platyrrhini provavelmente viveu em uma região onde se situa a Amazônia durante o final do Oligoceno e início do Mioceno. As linhagens que deram origem às famílias modernas se diferenciaram ao longo do Mioceno. O Mioceno foi uma época de importantes mudanças paleogeográficas na América do Sul, como a sequência de eventos de orogenia dos Andes, presença de mares epicontinentais, mudanças nas temperaturas e precipitação médias, mudanças no registro fóssil, entre outros fatores. Ligações biogeográficas entre Mata Atlântica e Amazônia possibilitaram colonizações de primatas em áreas atualmente secas e no leste do continente, ao longo da Floresta Atlântica lato sensu. A maior parte das cladogêneses abrangeu o Pleistoceno, sugerindo um importante papel dos eventos climáticos desta época nas especiações de Platyrrhini. 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