Micropterus salmoides, um predador introduzido em um reservatório neotropical

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Ribeiro, Vanessa Maria
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1884/29866
Resumo: Resumo: A crescente demanda por água e energia, provocada pelo crescimento desenfreado da população humana e desenvolvimento tecnológico, colocam os ecossistemas de água doce entre os mais explorados e ameaçados. A perda de diversidade biológica observada em ecossistemas aquáticos continentais pode ser resultado de múltiplos estressores ambientais, dentre os quais está a introdução de espécies não nativas, sendo esse um dos maiores problemas para a conservação de peixes de água doce. Dentro deste cenário destaca-se a introdução do predador Norte Americano Micropterus salmoides, conhecido no Brasil como black bass, que está atualmente introduzido em mais de 50 países, gerando sérios impactos negativos sobre populações nativas. No Brasil, entretanto, embora a espécie esteja introduzida desde 1922, são raros os estudos que avaliam de forma clara e direta o potencial invasor da espécie, especialmente para as regiões de cabeceiras do rio Iguaçu e região. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo descrever a dieta, investigar o sucesso reprodutivo e testar a eficiência de três métodologias na captura de M. salmoides, utilizando uma população introduzida no reservatório do Passaúna, localizado no sul do país. Para tal, indivíduos foram coletados mensalmente entre maio/11 e abril/12 através de pesca elétrica, redes de emalhe passivas (malhas de 15 a 150 mm entre nós consecutivos) e pesca com iscas artificiais. Os indivíduos capturados tiveram seus estômagos e gônadas retirados, os conteúdos estomacais identificados ao menor nível taxonômico possível, os estádios de maturação gonadal descritos e o índice gonadossomático (IGS) calculado para cada indivíduo. A eficiência de captura das técnicas aplicadas foi comparada através de captura por unidade de esforço (CPUE), calculada em número de indivíduos e biomassa capturada. Foi detectada mudança ontogenética na dieta de M. salmoides, sendo que indivíduos ? 70 mm de comprimento padrão (CP) consumiram principalmente Copepodas e insetos da ordem Hemiptera, enquanto que indivíduos > 70 mm alimentaram-se quase que exclusivamente de peixes. O tamanho de mudança para a piscivoria foi de aproximadamente 70 mm e, o grau de piscivoria (71,2%) esteve entre os mais altos já registrados na literatura. As tilápias foram as espécies de peixe mais predadas, embora espécies nativas também tenham sido consumidas em grande quantidade. O alto consumo de peixes e a interação com outras espécies não nativas podem fazer parte de processos mais complexos que a simples disponibilidade de recursos, processos esses que podem estar relacionados à ingenuidade ecológica e fusão invasora, hipóteses que devem ser testadas experimentalmente a fim de que seja comprovado ou não a ocorrência desses processos no local. O índice gonadossomático e a variação mensal dos estádios de maturação gonadal indicam um período de desova prolongado (agosto a dezembro), com pico na estação de primavera e coincidindo com o aumento de temperatura. Cálculos de L50 mostraram que ambos os sexos começam a reproduzir ao atingirem entre 140 e 161 mm de comprimento padrão. Em relação à eficiência das diferentes técnicas de captura, a pesca elétrica e pesca com iscas artificiais podem ser consideradas eficazes na captura e controle do black bass, sendo a primeira capaz de capturar indivíduos menores (22 e 183 mm, CP) e a segunda mais eficaz na captura de indivíduos maiores (72 a 450 mm, CP). Desta forma, ficam claras evidências de que M. salmoides encontrou boas condições para sua sobrevivência e estabelecimento no reservatório do Passaúna, consumiu uma ampla gama de espécies nativas e não nativas e alcançou sucesso reprodutivo no local, sendo essa uma forte evidência de estabelecimento. Frente a esses fatos, sugere-se ainda que as técnicas de pesca elétrica e pesca com iscas artificiais sejam aplicadas em conjunto, a fim de que seja realizado o controle populacional da espécie ao retirar indivíduos jovens da população, evitando que cheguem a fase adulta, e indivíduos adultos em fase reprodutiva, diminuindo a quantidade de desovas e entrada de novos indivíduos na população.
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Dentro deste cenário destaca-se a introdução do predador Norte Americano Micropterus salmoides, conhecido no Brasil como black bass, que está atualmente introduzido em mais de 50 países, gerando sérios impactos negativos sobre populações nativas. No Brasil, entretanto, embora a espécie esteja introduzida desde 1922, são raros os estudos que avaliam de forma clara e direta o potencial invasor da espécie, especialmente para as regiões de cabeceiras do rio Iguaçu e região. Neste sentido, este trabalho teve por objetivo descrever a dieta, investigar o sucesso reprodutivo e testar a eficiência de três métodologias na captura de M. salmoides, utilizando uma população introduzida no reservatório do Passaúna, localizado no sul do país. Para tal, indivíduos foram coletados mensalmente entre maio/11 e abril/12 através de pesca elétrica, redes de emalhe passivas (malhas de 15 a 150 mm entre nós consecutivos) e pesca com iscas artificiais. Os indivíduos capturados tiveram seus estômagos e gônadas retirados, os conteúdos estomacais identificados ao menor nível taxonômico possível, os estádios de maturação gonadal descritos e o índice gonadossomático (IGS) calculado para cada indivíduo. A eficiência de captura das técnicas aplicadas foi comparada através de captura por unidade de esforço (CPUE), calculada em número de indivíduos e biomassa capturada. Foi detectada mudança ontogenética na dieta de M. salmoides, sendo que indivíduos ? 70 mm de comprimento padrão (CP) consumiram principalmente Copepodas e insetos da ordem Hemiptera, enquanto que indivíduos > 70 mm alimentaram-se quase que exclusivamente de peixes. O tamanho de mudança para a piscivoria foi de aproximadamente 70 mm e, o grau de piscivoria (71,2%) esteve entre os mais altos já registrados na literatura. As tilápias foram as espécies de peixe mais predadas, embora espécies nativas também tenham sido consumidas em grande quantidade. O alto consumo de peixes e a interação com outras espécies não nativas podem fazer parte de processos mais complexos que a simples disponibilidade de recursos, processos esses que podem estar relacionados à ingenuidade ecológica e fusão invasora, hipóteses que devem ser testadas experimentalmente a fim de que seja comprovado ou não a ocorrência desses processos no local. O índice gonadossomático e a variação mensal dos estádios de maturação gonadal indicam um período de desova prolongado (agosto a dezembro), com pico na estação de primavera e coincidindo com o aumento de temperatura. Cálculos de L50 mostraram que ambos os sexos começam a reproduzir ao atingirem entre 140 e 161 mm de comprimento padrão. 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Frente a esses fatos, sugere-se ainda que as técnicas de pesca elétrica e pesca com iscas artificiais sejam aplicadas em conjunto, a fim de que seja realizado o controle populacional da espécie ao retirar indivíduos jovens da população, evitando que cheguem a fase adulta, e indivíduos adultos em fase reprodutiva, diminuindo a quantidade de desovas e entrada de novos indivíduos na população.application/pdfTesesConservação biológicaPeixe de agua doceMicropterus salmoides, um predador introduzido em um reservatório neotropicalinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisporreponame:Repositório Institucional da UFPRinstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALR - D - VANESSA MARIA RIBEIRO.pdfapplication/pdf2059342https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29866/1/R%20-%20D%20-%20VANESSA%20MARIA%20RIBEIRO.pdf50cc62b8cbed4196208bb86b0a1a84deMD51open accessTEXTR - D - VANESSA MARIA RIBEIRO.pdf.txtR - D - VANESSA MARIA RIBEIRO.pdf.txtExtracted Texttext/plain225501https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29866/2/R%20-%20D%20-%20VANESSA%20MARIA%20RIBEIRO.pdf.txtf962d9b5879a07f51a2761e5de5a30dcMD52open accessTHUMBNAILR - D - VANESSA MARIA RIBEIRO.pdf.jpgR - D - VANESSA MARIA RIBEIRO.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1335https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/29866/3/R%20-%20D%20-%20VANESSA%20MARIA%20RIBEIRO.pdf.jpgfe5dee6333d1554eb793e9494dddc5acMD53open access1884/298662016-04-07 11:08:54.094open accessoai:acervodigital.ufpr.br:1884/29866Repositório de PublicaçõesPUBhttp://acervodigital.ufpr.br/oai/requestopendoar:3082016-04-07T14:08:54Repositório Institucional da UFPR - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false
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