Pressuposição dos predicados factivos : uma abordagem experimental do português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Fernandes, Andressa D'Ávila
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPR
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1884/84024
Resumo: Orientadora: Profª Drª Roberta Pires de Oliveira
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spelling Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em LetrasOliveira, Roberta Pires de, 1963-Fernandes, Andressa D'Ávila2023-08-21T16:29:21Z2023-08-21T16:29:21Z2023https://hdl.handle.net/1884/84024Orientadora: Profª Drª Roberta Pires de OliveiraTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Letras. Defesa : Curitiba, 02/06/2023Inclui referências: p. 194-204Resumo: O objetivo dessa pesquisa é investigar empiricamente a hipótese, defendida pela literatura teórica desde a década de 1970 (KARTTUNEN, 1971; STALNAKER, 1974), de que os predicados factivos têm comportamento variável em relação à projeção da pressuposição. Isto é, em sentenças complexas, os factivos do tipo cognitivo ('descobrir', 'perceber') podem disparar uma leitura não-pressuposicional, enquanto os do tipo emotivo ('lamentar', 'estranhar') seriam mais resistentes a essa interpretação, mesmo em contextos que busquem forçar essa leitura. De modo geral, duas correntes teóricas divergem em relação à explicação do fenômeno e, fundamentalmente, em relação à origem da inferência pressuposicional. Abordagens lexicalistas ou convencionalistas (KARTTUNEN, 1973; KARTTUNEN, 1974; GAZDAR, 1979; HEIM, 1983; HEIM, 1992) caracterizam a pressuposição como parte da codificação lexical das expressões e, portanto, acionam o mecanismo da acomodação local para explicar casos de suspensão. As perspectivas pragmáticas ou conversacionalistas (SIMONS, 2001; ABUSCH, 2002; BEAVER et al., 2017; SIMONS et al., 2016), por outro, defendem uma proposta que não vincula a pressuposição a uma estipulação do léxico, mas sim a mecanismos pragmáticos mais abrangentes. A fim de comparar predições comportamentais de cada abordagem, conduzimos dois experimentos que envolviam a interpretação de sentenças com emotivos e cognitivos, no escopo do modal "talvez", em contexto de satisfação da pressuposição e em contexto de ignorância explícita. No Experimento 1, coletamos medidas de processamento online (usando o paradigma de leitura automonitorada), e medidas offline a partir de uma pergunta de interpretação e uma tarefa de julgamento de naturalidade; nessa testagem, encontramos resultados que corroboram a hipótese de que factivos emotivos e cognitivos impõem diferentes demandas ao processamento online de sentenças com esses predicados. No Experimento 2, coletamos julgamentos de naturalidade a partir de um desenho experimental mais simples a fim de encontrar evidências para diferenças em relação à disponibilidade da acomodação local para cada tipo de factivo - os resultados apontam que cognitivos, mas não emotivos, licenciam esse recurso nos contextos relevantes. Tomadas em conjunto, os dados obtidos por ambos os experimentos colocam questões ao processamento pragmático da pressuposição se partirmos do ponto de vista conversacionalista. Encerramos nossa discussão apresentando uma possível aproximação entre os contrastes observados e a abordagem teórica de Djärv (2019), que se insere em uma perspectiva lexicalista da pressuposição.Abstract: The main goal of this investigation is to provide an empirical account to a hypothesis, held by theoretical literature since the 1970s (KARTTUNEN, 1971; STALNAKER, 1974), which suggests that factive predicates show a variable behavior in relation to the projection of presupposition. In complex sentences, cognitive factives - "descobrir" ("discover"), "perceber" ("realize") - may trigger a non-presuppositional reading, whereas emotive factives - "lamentar" ("regret"), "estranhar" ("be surprised") - may be resistant to such an interpretation, even within contexts that seek to force this reading. In general, there are two diverging theoretical frameworks in regard to explaining the phenomenon and fundamentally ascertaining the origins of inferential presupposition. Lexicalists or conventionalist approaches (KARTTUNEN, 1973; KARTTUNEN, 1974; GAZDAR, 1979; HEIM, 1983; HEIM, 1992) characterize presupposition as part of the lexical meaning of these expressions, thus activating the mechanism of local accommodation in order to explain cases of suspension. On the other hand, pragmatic or conversationalist perspectives (SIMONS, 2001; ABUSCH, 2002; BEAVER et al., 2017; SIMONS et al., 2016) defend an account that does not bind presupposition to a stipulation of the lexicon, attributing it, instead, to wider pragmatic mechanisms. In order to compare the behavioral predictions of each approach, we conducted two experiments that encompass the interpretation of sentences with emotive and cognitive factives, within the scope of the modal "talvez" ("perhaps") in explicit ignorance contexts and contexts that satisfy the presupposition. In Experiment 1, we collected online processing measures (by utilizing the paradigm of self-paced reading) and offline measures from an interpretive question and a task of naturalness judgments; through this experiment, we found results that support the hypothesis that emotive and cognitive factives impose different demands on the online processing of sentences with the aforementioned predicates. In Experiment 2, we collected naturalness judgments from a simpler experimental design as a way of seeking evidence for the differences concerning the availability of local accommodation for each of the factives. The results indicate that only cognitives license local accommodation in the relevant contexts. Taken together, the data obtained from the two experiments pose questions toward the pragmatic processing of presupposition when viewed through a conversationalist perspective. We conclude our argument by presenting one possible intersection between the observed divergences and the theoretical approach by Djärv (2019), which falls into the lexicalist perspective on presupposition.Résumé: Cette recherche a pour objectif de réaliser l'enquête empirique de l'hypothèse, soutenue par la littérature théorique dès les années 1970 (KARTTUNEN, 1971; STALNAKER, 1974), à propos des prédicats factifs et leur comportement variable en ce qui concerne la projection de la présupposition ; c'est-à-dire, dans des phrases complexes, les verbes factifs cognitifs, tels que 'descobrir' (" découvrir ") et 'perceber' (" percevoir ") peuvent déclencher une lecture non-présuppositionnelle lorsque les verbes factifs émotifs - 'lamentar' ("regretter ") et 'estranhar' (" s'étonner ") résisteraient davantage à cette interprétation, même dans des contextes où l'on essaie de forcer cette lecture. D'une façon générale, deux courants théoriques divergent quant l'explication du phénomène et, essentiellement, quant à l'origine de l'inférence présuppositionnelle. D'un côté, les approches conventionnalistes (KARTTUNEN, 1973; KARTTUNEN, 1974; GAZDAR, 1979; HEIM, 1983; HEIM, 1992) caractérisent la présupposition comme une part du codage lexical des expressions et mobilisent le mécanisme de l'accommodation locale pour en expliquer les cas de suspension; de l'autre côté, les perspectives pragmatiques ou conversationnelles (SIMONS, 2001; ABUSCH, 2002; BEAVER et al., 2017; SIMONS et al., 2016) défendent une proposition qui ne relie pas la présupposition à une stipulation lexicale, mais à des mécanismes pragmatiques plus généraux. Afin de comparer les prédictions comportementales de ces deux approches, on a conduit deux expérimentations qui demandaient au participant l'interprétation des phrases présentant des verbes factifs cognitifs et émotifs, à la portée du modal 'talvez' (" peut-être "), dans un contexte de satisfaction de la présupposition et dans un contexte d'ignorance explicite (explicit ignorance context, en anglais). Dans la première expérimentation, on a fait la collecte des mesures de traitement en ligne (à l'aide du paradigme de la lecture en auto-présentation segmentée) et des mesures offline partant d'une question d'interprétation et d'une tâche de jugement de naturalité ; on y a obtenu des résultats corroborant l'hypothèse qui affirme que les factifs émotifs et cognitifs imposent des demandes distinctes au traitement en ligne des phrases ayant ces prédicats. Dans la seconde expérimentation, on a réalisé la collecte du jugement de naturalité dans un dessin expérimentale plus simple afin de trouver des évidences pour les différences liées à la disponibilité de l'accommodation locale pour chaque type de verbe factif - les résultats nous ont montré que les cognitifs, contrairement aux émotifs, permettent cette ressource dans les contextes pertinents. Si l'on considère l'ensemble des expérimentations, les données obtenues posent des questions au traitement pragmatique de la présupposition lorsque l'on considère la perspective conversationnelle. Finalement, pour conclure la discussion, on présente un rapprochement probable entre les contrastes observés et l'approche théorique de Djärv (2019) qui s'insère dans une perspective lexicaliste de la présupposition.1 recurso online : PDF.application/pdfLíngua portuguesa - GramáticaSemantica - LinguisticaPressuposição (Lógica)LinguisticaLetrasPressuposição dos predicados factivos : uma abordagem experimental do português brasileiroinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisporreponame:Repositório Institucional da UFPRinstname:Universidade Federal do Paraná (UFPR)instacron:UFPRinfo:eu-repo/semantics/openAccessORIGINALR - T - ANDRESSA DAVILA FERNANDES.pdfapplication/pdf9445913https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/1884/84024/1/R%20-%20T%20-%20ANDRESSA%20DAVILA%20FERNANDES.pdfae91d6bde1946bc3329a9289ed676ec4MD51open access1884/840242023-08-21 13:29:21.812open accessoai:acervodigital.ufpr.br:1884/84024Repositório de PublicaçõesPUBhttp://acervodigital.ufpr.br/oai/requestopendoar:3082023-08-21T16:29:21Repositório Institucional da UFPR - Universidade Federal do Paraná (UFPR)false
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