Geografia e gênero / geografia feminista - o que é isto?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SILVA, Susana Maria Veleda da
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Boletim Gaúcho de Geografia (Online)
Texto Completo: https://seer.ufrgs.br/index.php/bgg/article/view/38385
Resumo: O título é provocativo. A intenção é contribuir com o debate geográfico teórica e metodologicamente no sentido de trazer novas - em alguns lugares não tão novas - possibilidades que nos permitam refletir e transformar (para melhor, é claro) o mundo em que vivemos.É importante esclarecer que entendo a Geografia como uma ciência social cujo objeto é o espaço geográfico, portanto acredito que não existam diferentes geografias - Geografia física, econômica, da população, de gênero. Mas considero que o conhecimento da totalidade deste espaço geográfico passa pela apreensão de uma realidade que se modifica constantemente e para conhecê-la precisamos fazer recortes. Os adjetivos colados à Geografia não são "adjetivações" que estudam partes da realidade e se esvaziam em abstrações. Eles são entendidos aqui, segundo SAUSSURE (CITADO POR BOURDIEU,1994), como pontos de vista, recortes desta realidade que nos permitem uma maior compreensão do todo. Dessa forma, a Geografia de gênero e/ou feminista é mais um enfoque, que não deve perder as outras mediações.Como diz Milton Santos "O mundo é um só. Ele é visto através de um dado prisma, por uma dada disciplina" (1996: 17). Nesse mesmo sentido percebo que a intcrdisciplinaridade também só é possível quando compartilhamos pontos de vista. Ou seja, a interdisciplinaridade passa por uma epistemologia compartilhada entre os estudiosos que podem assim entender a realidade sob o enfoque de seu objeto de estudo (de seu recorte) mas também dialogar com estudiosos que compartilham formas de conhecimento e de entendimento do mundo.Ora, mas e daí, onde eu quero chegar? O que pretendo é justamente mostra rque é possível iluminar a teoria geográfica com matizes feministas.E assim entro numa seara que infelizmente ainda causa desassossegos na sociedade e no mundo acadêmico. Apesar dos movimentos feministas já estarem "fazendo barulho" há mais de três décadas no mundo ocidental, a palavra feminista ainda assusta. E cito SUSAN HANSON (geógrafa norte-americana) para percebermosque esse medo não ocorre só aqui: "o medo do feminismo é similar ao medo dos extraterrestres, tendo ambos suas raízes no temor ao desconhecido, na ansiedade em torno da mudança. Porque, com efeito, o feminismo nos fala, sem dúvida alguma, em mudança." (MARTÍNEZ, 1995:13)Proponho-me, neste artigo, mostrar o que entendo por Geografia de Gênero e/ou Feminista.Antes de tudo, saliento que mais do que esgotar questões, pretendo compartilhar meus estudos e levantar novas possibilidades de pensar geograficamenteo mundo. O artigo está estruturado em quatro momentos: a) uma breveconsideração sobre o feminismo; b) o conceito de gênero; c) a Geografia sob oprisma do feminismo e d) gênero e estudos do cotidiano na Geografia.
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