A ação antrópica como agente geomórfico: um estudo na Bacia do Rio Toropi - RS

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: SUERTEGARAY, Dirce Maria
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Boletim Gaúcho de Geografia (Online)
Texto Completo: https://seer.ufrgs.br/index.php/bgg/article/view/37646
Resumo: Este trabalho ê uma síntese de nossa dissertação de mestrado, apresentada na USP em julho de 1981. O trabalho, cujo título é: "A atividade humana como processo geomorfológico: o exemplo da Bacia do Rio Torapi - RS", tem como objetivo enfatizar a atividade humana como processo geomorfológico. Neste, é feita uma análise da atua.çâo antrópica, enquanto desencadeadora de "erosão epidérmica"; atravês do desenvolvimento da atividade agrícola. A análise visa detectar a erosão enquanto decorrência, não somente das relações diretas homem x natureza, mas mais especialmente enquanto decorrente de fatores sociais. "Em outras palavras, procura-se detectar se a intensificação da morfogênese pela atividade humana, não advém, em última instãncia, da especificidade de uma determinada prática agrícola, orientada por sua vez, pela política agrícola engendrada pelo Estado." (Rossato, 1981 p.l) 2. Enfim, o pressuposto básico da dissertação e: "O homem, através de suas atividades agropastoris, intensifica os processos naturais de degredaçâo, e, conseqüentemente favorece a erosão epidérmica"; porém esta intensificação não advêm exclusivamente da iniciativa do agricultor ao trabalhar a terra, mas principalmente devido a especificidade da política agrícola, que, em última instância, determina a forma COIOCl se dá a prática agrícola, bem como os limites para a sua  modernização.'"Justifica-se este estudo, na medida em que percebe-se, pela leitura de trabalhos geomorfológicos, à compreensão efetiva, por parte de um grande número de geomorfólogos, da atividade humana como processo geomorfológico, embora tratando a questão numa esfera que se limita às relações diretas homem x natureza. Parece necessário, ao nosso ver, percorrer urna perspectiva mais ampla, foca1izando àquelas relações como decorrentes de determinações sociais para desenvolver o trabalho optou-se, como objeto de estudo, por uma bacia hidrográfica, mais precisamente a bacia do Rio Toropi-RS. Na area em estudo, no que se refere a agricultura, domina a pequena unidade de produçao, cujas origens estão vinculadas ao processo de colonização europeia no Rio Grande do Sul. Sao propriedades coloniais, implantadas em areas originalmente cobertas de mata e topograficamente desfavoráveis. Na atualidade, estas são áreas de exploração intensa do solo, porém apresentam baixo rendimento. A exploração intensa decorre, da especificidade de prática agrícola no país, onde a terra é a principal forma de apropriação e acesso a outras formas de riqueza; aliada à política de modernização agrícola do Estado (veiculada através do crédito rural e fixação de preços mínimos) que, em última instância, beneficiam apenas o grande proprietário". Essa situação (exploração intensa) gera uma baixa produtividade nas pequenas unidades de produção, na medida em que a exploração intensa de áreas exíguas acarreta o esgotamento do solo e conseqüentemente o crescimento lento da agricultura, questões estas associadas logicamente, à reduçào do rendimento do camponês. Isto, por sua vez, faz da expansão da área agrícola e a da reprodução de cultivos com instrumentos disponíveis a forma de compensação dos rendimentos individuais. Para trabalhar nesta perspectiva estruturou-se a dissertação em três níveis. O primeiro corresponde à caracterização da bacia hidrográfica no que se refere à geologia, solos, vegetação, clima compartimentação geomorfológica e ocupação humana. O segundo, corresponde a análise hidrodinâmica, cujo objetivo é verificar o comportamento funcional da bacia em estudo. O terceiro nível visa estudar a atividade agrícola como intensificadora dos processos de degradação; para tal foi analisado o processo de desmatamento, a expansão das áreas de cultivo e o manejo do solo, destacadamente no compartimento mais declivoso (escarpa do planalto). Finalmente procura-se demonstrar que a intensificaçao dos processos de degradação não decorre somente de forma como o agricultor trabalha a terra. Decorre principalmente da forma corno ocorreu a ocupação do espaço e da forma como se deu a transformação agrícola da região. Estes fatores favorecem o desenvolvimento de uma prática agrícola degradadora do meio ambiente.
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A exploração intensa decorre, da especificidade de prática agrícola no país, onde a terra é a principal forma de apropriação e acesso a outras formas de riqueza; aliada à política de modernização agrícola do Estado (veiculada através do crédito rural e fixação de preços mínimos) que, em última instância, beneficiam apenas o grande proprietário". Essa situação (exploração intensa) gera uma baixa produtividade nas pequenas unidades de produção, na medida em que a exploração intensa de áreas exíguas acarreta o esgotamento do solo e conseqüentemente o crescimento lento da agricultura, questões estas associadas logicamente, à reduçào do rendimento do camponês. Isto, por sua vez, faz da expansão da área agrícola e a da reprodução de cultivos com instrumentos disponíveis a forma de compensação dos rendimentos individuais. Para trabalhar nesta perspectiva estruturou-se a dissertação em três níveis. 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