Variação do tamanho corporal entre mariscos-brancos, Amarilladesma Mactroides (REEVE, 1854), atuais e pretéritos na costa sul do Brasil: Contribuição dos sambaquis à Paleobiologia da Conservação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Assumpção, Anna Clara Arboitte de
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/206803
Resumo: Os sambaquis são estruturas construídas por grupos de pescadores-coletores entre 10.000 a 1.000 anos atrás e distribuem-se por praticamente todo o litoral do Brasil. São constituídos principalmente por conchas de moluscos e, em menor quantidade, por ossos de vertebrados e artefatos. Uma das espécies marinhas mais encontradas nos sambaquis do Litoral Norte do Rio Grande do Sul é o marisco-branco, Amarilladesma mactroides, que possui hábito infaunal e ainda hoje são utilizados na culinária, bem como isca de pesca. O tamanho dessas conchas nos sambaquis revela como fatores abióticos e bióticos os influenciava e, ao comparar com o tamanho das conchas atuais, pode-se verificar a variação deste parâmetro ao longo do tempo. Isso agrega dados à Paleobiologia da Conservação, temática que está cada vez mais em voga e cuja premissa é utilizar registros geo-históricos, observando perspectivas a longo prazo na dinâmica de espécies até ecossistemas. Assim, o objetivo deste trabalho é comparar o tamanho corporal do marisco-branco nos sambaquis de ±3.000 anos com espécimes atuais da costa do Rio Grande do Sul. Para tal, foi mensurado o tamanho corporal de valvas coletadas nos Sambaquis Ibicuí e da Marambaia, Litoral Norte do RS (volume total de 298,46 cm³), na praia entre as cidades de Tramandaí e Palmares do Sul (conchas recentes), e entre o Naufrágio do Navio Altair e Farol do Sarita em Rio Grande (coleta de indivíduos vivos no ano de 2011). O tamanho corporal dos moluscos foi comparado aos pares (entre sambaquis, coletas na costa atual e entre os sambaquis e os atuais) através do teste t (α=0,05), em que foram utilizados apenas aqueles maiores que 43 mm (adultos) e valvas esquerdas, com reamostragem sem substituição das localidades com maior n amostral. Os testes de assimetria e curtose foram feitos para melhor entender a distribuição de frequência dos tamanhos dos bivalves. A média do tamanho corporal nos diferentes tempos foi significativamente maior nos sambaquis (p < 0,05), um padrão já reportado em trabalhos similares. O teste de assimetria e curtose mostraram que há enviesamento para esquerda dos dados (maior frequência de indivíduos maiores) e homogeneização da frequência no recente. O uso de perspectivas geo-históricas permite avaliar alterações populacionais sob um enfoque temporal mais amplo, em uma escala muito superior do que a utilizada na maioria dos estudos ecológicos de longa duração. Assim, o valor dos sambaquis à Paleobiologia da Conservação fica aqui evidenciado.
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Isso agrega dados à Paleobiologia da Conservação, temática que está cada vez mais em voga e cuja premissa é utilizar registros geo-históricos, observando perspectivas a longo prazo na dinâmica de espécies até ecossistemas. Assim, o objetivo deste trabalho é comparar o tamanho corporal do marisco-branco nos sambaquis de ±3.000 anos com espécimes atuais da costa do Rio Grande do Sul. Para tal, foi mensurado o tamanho corporal de valvas coletadas nos Sambaquis Ibicuí e da Marambaia, Litoral Norte do RS (volume total de 298,46 cm³), na praia entre as cidades de Tramandaí e Palmares do Sul (conchas recentes), e entre o Naufrágio do Navio Altair e Farol do Sarita em Rio Grande (coleta de indivíduos vivos no ano de 2011). O tamanho corporal dos moluscos foi comparado aos pares (entre sambaquis, coletas na costa atual e entre os sambaquis e os atuais) através do teste t (α=0,05), em que foram utilizados apenas aqueles maiores que 43 mm (adultos) e valvas esquerdas, com reamostragem sem substituição das localidades com maior n amostral. Os testes de assimetria e curtose foram feitos para melhor entender a distribuição de frequência dos tamanhos dos bivalves. A média do tamanho corporal nos diferentes tempos foi significativamente maior nos sambaquis (p < 0,05), um padrão já reportado em trabalhos similares. O teste de assimetria e curtose mostraram que há enviesamento para esquerda dos dados (maior frequência de indivíduos maiores) e homogeneização da frequência no recente. O uso de perspectivas geo-históricas permite avaliar alterações populacionais sob um enfoque temporal mais amplo, em uma escala muito superior do que a utilizada na maioria dos estudos ecológicos de longa duração. Assim, o valor dos sambaquis à Paleobiologia da Conservação fica aqui evidenciado.The shell mounds are structures built by groups of fisher-gatherers around 10,000 to 1,000 years ago and are widely distributed along practically the entire Brazilian coast. They are constituted mostly of mollusk´s shells, but vertebrate bones and artifacts used to be easily found. One of the most common marine species found in north coast of Rio Grande do Sul shell mounds is the infaunal yellow clam, Amarilladesma mactroides, which is still nowadays used for cooking as well as for fishing bait. The size of these shells in the shell mounds can reveals how abiotic and biotic factors influenced them, and when comparing with the size of the modern shells, it is possible to verify the variation of this parameter over time. This enhances information to Conservation Paleobiology, a theme that is increasingly in vogue and whose premise is to use geohistorical records, observing long-term perspectives on species dynamics to ecosystems. Thus, the objective of this work is to compare the body size of yellow clam in shell mounds of roughly ± 3,000 years old with modern specimens gathered from Rio Grande do Sul coast. The body size of individually valves collected in the Ibicuí and Marambaia shell mounds, lying in the northern coast of Rio Grande do Sul (total volume of 298.46 cm³), was compared to modern shells gathered from beach sectors between the cities of Tramandaí and Palmares do Sul (recent shells), and between the Naufrágio do Navio Altair and the Farol do Sarita in Rio Grande city (collection of living individuals in 2011). The body size of the mollusks was pair-compared (between the shell mounds, between the collections on the modern, and between the shell mounds and the modern ones) using the t test (α = 0.05). In this analysis, only left valves larger than 43 mm (adults) were used. Resampling without replacing of the locations with the largest n sample was carried out too. The asymmetry and kurtosis tests were made to better understand the frequency distribution of shell sizes. The average body size at different times was significantly higher in shell mounds (p <0.05), a pattern already reported in similar studies. The asymmetry and kurtosis test displayed that there is left bias of the data (higher frequency of larger individuals) and frequency homogenization in the recent one. The use of geohistorical perspectives allows population changes to be assessed from a broader temporal approach, on a much larger scale than that used in most long-term ecological studies. Thus, the value of shell mounds to Conservation Paleobiology is here demonstrated.application/pdfporMoluscosSambaquisLitoral Norte, Região (RS)Variação do tamanho corporal entre mariscos-brancos, Amarilladesma Mactroides (REEVE, 1854), atuais e pretéritos na costa sul do Brasil: Contribuição dos sambaquis à Paleobiologia da Conservaçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisUniversidade Federal do Rio Grande do SulCampus Litoral NortePorto Alegre, BR-RS2019Ciências Biológicas: Ênfase em Gestão Ambiental, Marinha e Costeira: Bachareladograduaçãoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001113349.pdf.txt001113349.pdf.txtExtracted Texttext/plain58841http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/206803/2/001113349.pdf.txt9ecb25c12217cffff47c6cd28681cf89MD52ORIGINAL001113349.pdfTexto completoapplication/pdf1830140http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/206803/1/001113349.pdfcba6c06ec5a121dc4df92bf32a2f3f2bMD5110183/2068032022-06-15 04:48:03.926192oai:www.lume.ufrgs.br:10183/206803Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2022-06-15T07:48:03Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
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