"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2010 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/187662 |
Resumo: | Novas pesquisas sobre a cultura de consumo e a feminilidade operária nos Estados Unidos têm argumentado que a atenção dada pelas jovens operárias à roupa da moda e aos romances populares não minou as identidades proletárias, mas, pelo contrário, providenciou importantes recursos pra criar essas identidades. Neste artigo considero se podemos encontrar um processo similar de apropriação entre as mulheres operárias na América Latina. Mulheres operárias nas fábricas latino-americanas tinham que lidar com o desprezo geral para com a mulher que trabalhava em fábrica. Examinando, em primeiro lugar, os Centros de Aprendizado Doméstico em São Paulo, fundados pelas associações patronais, demonstro que a “feminilidade decente” nesses centros – frequentados por milhares de mulheres da classe operária – refletia noções da “dona de casa qualificada” construídas dentro da classe média, e identificou a mulher da classe operária como “quase” de classe média. Nesse caso, encontramos um processo de “aproximação,” em vez de apropriação. Em seguida considero o caso da Argentina (especificamente, Grande Buenos Aires), onde o peronismo também promoveu o papel “tradicional” da mulher da classe operária, mas, nesse contexto, destaco o impacto de Eva Perón no papel de heroína das trabalhadoras. A figura de Evita – repugnante às mulheres das classes privilegiadas – tornou-se um meio para a construção de uma feminilidade alternativa e classista para as mulheres operárias argentinas. |
id |
UFRGS-2_0662771b78aa9a862034d886053fb732 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:www.lume.ufrgs.br:10183/187662 |
network_acronym_str |
UFRGS-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
repository_id_str |
|
spelling |
Weinstein, BarbaraXavier, Regina Célia Lima2019-01-10T04:09:01Z20100104-236Xhttp://hdl.handle.net/10183/187662000788881Novas pesquisas sobre a cultura de consumo e a feminilidade operária nos Estados Unidos têm argumentado que a atenção dada pelas jovens operárias à roupa da moda e aos romances populares não minou as identidades proletárias, mas, pelo contrário, providenciou importantes recursos pra criar essas identidades. Neste artigo considero se podemos encontrar um processo similar de apropriação entre as mulheres operárias na América Latina. Mulheres operárias nas fábricas latino-americanas tinham que lidar com o desprezo geral para com a mulher que trabalhava em fábrica. Examinando, em primeiro lugar, os Centros de Aprendizado Doméstico em São Paulo, fundados pelas associações patronais, demonstro que a “feminilidade decente” nesses centros – frequentados por milhares de mulheres da classe operária – refletia noções da “dona de casa qualificada” construídas dentro da classe média, e identificou a mulher da classe operária como “quase” de classe média. Nesse caso, encontramos um processo de “aproximação,” em vez de apropriação. Em seguida considero o caso da Argentina (especificamente, Grande Buenos Aires), onde o peronismo também promoveu o papel “tradicional” da mulher da classe operária, mas, nesse contexto, destaco o impacto de Eva Perón no papel de heroína das trabalhadoras. A figura de Evita – repugnante às mulheres das classes privilegiadas – tornou-se um meio para a construção de uma feminilidade alternativa e classista para as mulheres operárias argentinas.Recent research on consumer culture and working-class femininity in the United States has argued that attention to fashionable clothing and dime novels did not undermine female working-class identities, but rather provided key resources for creating those identities. In this essay I consider whether we can see a similar process of appropriation by working-class women in Latin America. In that region women employed in factories had to contend with widespread denigration of the female factory worker. Looking first at the employer-run “Centers for Domestic Instruction” in São Paulo, I argue that “proper femininity” in these centers – frequented by large numbers of working-class women – reflected middle-class notions of the skilled housewife, and situated working-class women as nearly middle class. What we see is a process of “approximation,” not appropriation. I then look at the case of Argentina (especially Greater Buenos Aires) where Peronism also promoted “traditional” roles for working-class women but where Eva Perón emerges as a working-class heroine. The figure of Evita – widely reviled by women of the middle and upper classes – becomes a means to construct an alternative, class-based femininity for working-class women.application/pdfporAnos 90: revista do Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre. Vol. 17, n. 31 (jul. 2010), p. 145-171História do trabalhoFeminilidadeMulherClasse operáriaFemininityWorking-classHousewifeAppropriationEvita"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX"They don’t even look like women workers" : femininity and class in Twentieth-Century Latin Americinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT000788881.pdf.txt000788881.pdf.txtExtracted Texttext/plain63333http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/187662/2/000788881.pdf.txt3092f23a22f26fb5a2e7c0be0c65ec8cMD52ORIGINAL000788881.pdfTexto completoapplication/pdf185995http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/187662/1/000788881.pdf88054a8ec460511f5d5b0d4b21eef636MD5110183/1876622023-04-27 03:31:06.123238oai:www.lume.ufrgs.br:10183/187662Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2023-04-27T06:31:06Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX |
dc.title.alternative.en.fl_str_mv |
"They don’t even look like women workers" : femininity and class in Twentieth-Century Latin Americ |
title |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX |
spellingShingle |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX Weinstein, Barbara História do trabalho Feminilidade Mulher Classe operária Femininity Working-class Housewife Appropriation Evita |
title_short |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX |
title_full |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX |
title_fullStr |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX |
title_full_unstemmed |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX |
title_sort |
"Elas nem parecem operárias" : feminilidade e classe na América Latina no século XX |
author |
Weinstein, Barbara |
author_facet |
Weinstein, Barbara Xavier, Regina Célia Lima |
author_role |
author |
author2 |
Xavier, Regina Célia Lima |
author2_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Weinstein, Barbara Xavier, Regina Célia Lima |
dc.subject.por.fl_str_mv |
História do trabalho Feminilidade Mulher Classe operária |
topic |
História do trabalho Feminilidade Mulher Classe operária Femininity Working-class Housewife Appropriation Evita |
dc.subject.eng.fl_str_mv |
Femininity Working-class Housewife Appropriation Evita |
description |
Novas pesquisas sobre a cultura de consumo e a feminilidade operária nos Estados Unidos têm argumentado que a atenção dada pelas jovens operárias à roupa da moda e aos romances populares não minou as identidades proletárias, mas, pelo contrário, providenciou importantes recursos pra criar essas identidades. Neste artigo considero se podemos encontrar um processo similar de apropriação entre as mulheres operárias na América Latina. Mulheres operárias nas fábricas latino-americanas tinham que lidar com o desprezo geral para com a mulher que trabalhava em fábrica. Examinando, em primeiro lugar, os Centros de Aprendizado Doméstico em São Paulo, fundados pelas associações patronais, demonstro que a “feminilidade decente” nesses centros – frequentados por milhares de mulheres da classe operária – refletia noções da “dona de casa qualificada” construídas dentro da classe média, e identificou a mulher da classe operária como “quase” de classe média. Nesse caso, encontramos um processo de “aproximação,” em vez de apropriação. Em seguida considero o caso da Argentina (especificamente, Grande Buenos Aires), onde o peronismo também promoveu o papel “tradicional” da mulher da classe operária, mas, nesse contexto, destaco o impacto de Eva Perón no papel de heroína das trabalhadoras. A figura de Evita – repugnante às mulheres das classes privilegiadas – tornou-se um meio para a construção de uma feminilidade alternativa e classista para as mulheres operárias argentinas. |
publishDate |
2010 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2010 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2019-01-10T04:09:01Z |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/other |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
http://hdl.handle.net/10183/187662 |
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv |
0104-236X |
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv |
000788881 |
identifier_str_mv |
0104-236X 000788881 |
url |
http://hdl.handle.net/10183/187662 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv |
Anos 90: revista do Programa de Pós-Graduação em História. Porto Alegre. Vol. 17, n. 31 (jul. 2010), p. 145-171 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) instacron:UFRGS |
instname_str |
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
instacron_str |
UFRGS |
institution |
UFRGS |
reponame_str |
Repositório Institucional da UFRGS |
collection |
Repositório Institucional da UFRGS |
bitstream.url.fl_str_mv |
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/187662/2/000788881.pdf.txt http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/187662/1/000788881.pdf |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
3092f23a22f26fb5a2e7c0be0c65ec8c 88054a8ec460511f5d5b0d4b21eef636 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) |
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1801224959634178048 |