Urease de Helicobacter pylori e hiperfosforilação da proteína Tau : implicações para a Doença de Alzheimer

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Natalia Callai da
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/250125
Resumo: A Doença de Alzheimer (DA) é considerada a desordem neurodegenerativa mais comum em pessoas com idade acima de 60 anos, caracterizada por demência aliada a déficit de memória. Tem como alterações histopatológicas características a formação de placas senis - pelos depósitos do peptídeo beta-amilóide (Aβ), e os emaranhados neurofibrilares - constituídos pela deposição da proteína Tau hiperfosforilada. A função da proteína Tau, associada a microtúbulos nos axônios neuronais, é regulada por mecanismos de fosforilação e desfosforilação, com mais de 80 sítios de fosforilação relatados. A literatura reportou que o filtrado de Helicobacter pylori, sem provocar a lise da bactéria, induz a hiperfosforilação da proteína Tau em diferentes sítios, in vivo e in vitro. Como não houve resposta inflamatória cerebral significante, levantou-se a hipótese de que exotoxinas produzidas pela bactéria, capazes de penetrar a barreira hematoencefálica (BHE), induziram diretamente a fosforilação da tau. A espiroqueta gram-negativa Helicobacter pylori é um patógeno gástrico responsável pela gastrite crônica, úlcera péptica e duodenal, e câncer gástrico, infectando aproximadamente 60% da população mundial. Essa bactéria produz grandes quantidades de urease (HPU), enzima considerada um importante fator de virulência da bactéria, tendo nosso grupo já demostrado a capacidade da HPU de induzir a ativação de neutrófilos humanos, protegendo-os contra apoptose e contribuindo para promoção de dano tecidual. O presente trabalho buscou investigar possíveis alterações promovidas por HPU em sítios de fosforilação da proteína Tau. Em ensaios realizados in vivo, ratos machos Wistar de 30 dias receberam diariamente uma dose intraperitoneal de 5 g dessa proteína durante 7 dias, sendo sacrificados no oitavo dia, e seus cérebros armazenado a -80 ºC para posterior análise. No grupo controle foi administrado somente o veículo (solução salina estéril). O esquema de tratamento foi concebido para mimetizar uma infecção crônica por H. pylori em indivíduos jovens. Ensaios de Western blotting foram realizados, utilizando anticorpos anti-tTau e anti-pTau205, específicos para identificação da proteína Tau total do tecido e Tau fosforilada do sítio Thr205, respectivamente. Foi avaliado também a presença de HPU no tecido cerebral, utilizando anticorpo anti-ureB, específico para identificação da cadeia B da HPU. Os resultados indicam que a HPU aumentou significativamente a fosforilação da Tau no sítio Thr205, entretando não houve detecção da HPU no tecido cerebral, sugerindo não haver danos a BHE. Esse achado reforça uma associação entre infecção por H. pylori e Doença de Alzheimer, indicada em estudos epidemiológicos, e sugere uma contribuição da HPU na patogênese dessa doença neurodegenerativa.
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