Isso não é um trabalho de conclusão de curso : psicanálise e maquinário, uma quase-arte porque utopia
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2014 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UFRGS |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10183/134386 |
Resumo: | Braços robóticos alocam com impar precisão tubos de vidro aos pares. São máquinas em seu ritmo cadenciado e perfeito. Pás e lança-chamas, criaturas de metal condenadas à repetição até o fim de seus tempos – perfeitas em seus designs, em seus desígnios, para seu fardo eterno. Nada desliza dali, pois há perfeição. Movimentos perfeitos retêm o potencial humano de evoluir na falha, no descompasso, no silencio do arrítmico. Apenas sons aleatórios, construídos pela seqüência inabalável das máquinas. Mas, aos ouvidos humanos dispostos a ouvir, uma espécie de cadência parece se formar; pelo tempo sons desconexos vão se tornando música. Talvez nem tudo esteja mecanizado ainda, talvez ainda haja esperança, talvez seja necessária ferrugem. Ferrugem que possa produzir um colapso na maquinaria: utopia. Em tempos onde a técnica elimina a decisão, encontramos o declínio do espírito utópico. A maquinaria nunca pára, seus ruídos tornam-nos surdos. Assim, esse trabalho se propõe exatamente ao resgate desta escuta perdida. A utopia, neste discurso pejorativo em que tomada atualmente, enquadrada na lógica do impossível, da ilusão é aqui resgatada com linguagem – uma posição crítica, uma estratégia discursiva operando possibilidades de novos espaços entre as correntes dentadas imponentes do maquinal Com as imagens recolhidas da bela obra criada pela artista chinesa Cao Fei, apresentada na 9º Bienal no MERCOSUL, intitulada “WHOSE UTOPIAS” (Utopias de Quem), um filme realizado em conjunto com empregados da OSRAM China Lightning Ltd., pretende-se tomar a arte como ferramenta de reflexão. Um breve suspiro no tempo infinito da continuidade da máquina. Um estudo então da dimensão política sempre latente na arte a espera daqueles que se ponham a nela mergulhar e dela deixar emergir a ferrugem necessária a capacidade humana de parar as engrenagens sociais opressoras. Afinal, assim como sugere o título da obra, que possamos questionar de quem seriam as utopias que buscamos. E que essa questão, esse vislumbre do mínimo, da poeira que as engrenagens permitam juntar tragam um pouco de escuridão a uma fábrica de lâmpadas, diminuindo o brilho do ritmo frenético e incessante da máquina, para que esta não aniquile nossos sujeitos, os mimetizando nela própria. Aqui uma leitura das estratégias daqueles que ainda são sujeitos e que se permitam, nessa dimensão utópica, afirmar que “nosso futuro não é apenas um sonho”. |
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