Quero outra coisa, gostaria de desaparecer um dia : perscrutando pulsões e desejos em Onde andará Dulce Veiga?, de Caio Fernando Abreu

• Autor(a) principal: Affeldt, Daniel Rodrigues
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/267405
• topic: Abreu, Caio Fernando, 1948-1996; Análise literária; Literatura comparada; Crítica genética; Psicanálise; Comparative Literature; Genetic Criticism; Psychoanalysis

Este trabalho mobiliza teorias dos campos da Literatura e da Psicanálise para perscrutar como se constituem, a partir da autoficção e da intertextualidade, desejos e pulsões no romance Onde andará Dulce Veiga? (1990), de Caio Fernando Abreu. Por conta da extensão do assunto, se faz necessário um recorte de pesquisa, portanto o objeto de estudo focaliza o narrador e a personagem Dulce Veiga. Para tecer elaborações acerca do tema proposto são mobilizados, em primeiro plano, textos de Anatol Rosenfeld, Antonio Candido e Milan Kundera, os quais discorrem sobre as características do romance e do sujeito modernos. A esses se somam, de forma complementar, textos oriundos do campo teórico da psicanálise, por conta da característica que apresentam em comum: pensar e organizar a experiência humana e suas representações na e pela linguagem. Dessa forma, a teoria psicanalítica é mobilizada neste trabalho enquanto possibilidade de produção de sentidos do e para o sujeito moderno, isto é, destituída da clínica e disposta ao lado do texto literário, não como filtro dele. Também se faz importante enfatizar que não se pretende constituir uma hermenêutica tradicional do texto, que revelaria o seu “sentido profundo ou oculto”, pois não se pode descobrir de que é feito o núcleo daquilo que está cifrado ou inconsciente: não se pode saber o que é essa “Outra Coisa” perseguida pela personagem Dulce Veiga e pelo narrador inominado do romance. Entretanto, pode-se lançar um olhar perscrutador sobre como essa busca se dá no enredo da obra: como o procedimento formal da autoficção articula isso tudo e em que pontos as representações da experiência humana do romance se encontram com o sujeito moderno? Como podemos compor uma teia de sentidos para uma personagem a partir de sua intertextualidade com símbolos comuns na literatura e com a vida de seu autor? Dessa forma, o verbo que conduz este estudo, perscrutar, com a acepção de “procurar conhecer; tentar penetrar no mistério das coisas”, parece traduzir mais precisamente o seu objetivo do que verbos que são mais frequentes em trabalhos acadêmicos. Por fim, este trabalho é a realização de um desejo de contribuir para a fortuna crítica da obra de Caio Fernando Abreu.