Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bonatti, Diego
Data de Publicação: 2023
Outros Autores: Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/274774
Resumo: Este trabalho tem como objetivo discutir o problema da branquitude na obra O Retorno (2011), de Dulce Cardoso, enquanto representação da tensão colonial existente entre a metropole (Portugal), e a colônia (Angola), no contexto da independéncia. Na obra, a escritora representa os eventos que sucederam a independéncia de Angola, em 1975, e o inicio da Guerra Civil 1975-2002. Neste contexto, cidadãos angolanos brancos passam a ser vistos como inimigos e têm de deixar o país. Seu destino, então, é Portugal, para onde eles "retornam" metaforicamente, mesmo sem nunca terem estado lá. Assim, enquanto retornados, ou migrantes, os personagens sofrem com o choque de serem tratados como inferiores, "cidadãos de segunda classe", da mesma forma como tratavam os cidadãos negros em Angola. Tal perspectiva leva ao debate acerca da branquitude hegemônica no contexto da obra, assim como revela a tensão entre centro-periferia sobre o qual se estrutura o mundo colonial. Como suporte teórico, utilizou-se os conceitos de nacionalidade e identidade (Anderson, 2008), branquitude (Banton, 2000; Schucman, 2020), pactos narcisicos (Bento, 2003), branquitude acrítica (Cardoso, 2014), colonialismo (Fanon, 2008; Goody, 2013), estruturas coloniais (Quilomba, 2019) e a história colonial de Angola (Tutikian, 2006).
id UFRGS-2_1b3088d99f02ee62c73c11846c28212f
oai_identifier_str oai:www.lume.ufrgs.br:10183/274774
network_acronym_str UFRGS-2
network_name_str Repositório Institucional da UFRGS
repository_id_str
spelling Bonatti, DiegoTettamanzy, Ana Lúcia Liberato2024-04-16T06:36:27Z20231980-332Xhttp://hdl.handle.net/10183/274774001200518Este trabalho tem como objetivo discutir o problema da branquitude na obra O Retorno (2011), de Dulce Cardoso, enquanto representação da tensão colonial existente entre a metropole (Portugal), e a colônia (Angola), no contexto da independéncia. Na obra, a escritora representa os eventos que sucederam a independéncia de Angola, em 1975, e o inicio da Guerra Civil 1975-2002. Neste contexto, cidadãos angolanos brancos passam a ser vistos como inimigos e têm de deixar o país. Seu destino, então, é Portugal, para onde eles "retornam" metaforicamente, mesmo sem nunca terem estado lá. Assim, enquanto retornados, ou migrantes, os personagens sofrem com o choque de serem tratados como inferiores, "cidadãos de segunda classe", da mesma forma como tratavam os cidadãos negros em Angola. Tal perspectiva leva ao debate acerca da branquitude hegemônica no contexto da obra, assim como revela a tensão entre centro-periferia sobre o qual se estrutura o mundo colonial. Como suporte teórico, utilizou-se os conceitos de nacionalidade e identidade (Anderson, 2008), branquitude (Banton, 2000; Schucman, 2020), pactos narcisicos (Bento, 2003), branquitude acrítica (Cardoso, 2014), colonialismo (Fanon, 2008; Goody, 2013), estruturas coloniais (Quilomba, 2019) e a história colonial de Angola (Tutikian, 2006).This paper intends to discuss the problem of whiteness in Dulce Cardoso’s book O Rerorno (2011), as a representation of the colonial tension between the mother country (Portugal), and the colony (Angola), in the context of independence. In the book, Dulce represents the events that lead to Angola’s independence in 1975, and the beginning of the Civil War 1975-2002 that followed. In this context, white Angolan citizens were seen as enemies and had to leave their country. Their destiny is Portugal, to where they metaphorically "return". even without never been there before. Thus, as "retornados" [returnees], or migrants, the characters suffer with the cultural shock of being treated as inferior people, "second class citizens", the same way they treated black peoples in Angola. This perspective takes us to discussions on hegemonic whiteness in the context of the book, as it reveals the tension between center-periphery in which is centered the colonial power. As theoretical bases, concepts such as nationality and identity (Anderson, 2008), whiteness ((Banton, 2000; Schucman, 2020), narcissistic pacts (Bento, 2003), acritical whiteness (Cardoso, 2014), colonialism (Fanon, 2008; Goody, 2013), colonial structures (Quilomba, 2019) and the colonial history of Angola (Tutikian, 2006) were used.application/pdfporConexão Letras. Porto Alegre, RS. Vol. 18, n. 30 (jul./dez. 2023), p. [1]-14Cardoso, Dulce Maria, 1964-BranquitudeLiteraturaColonialismoWhitenessO retornoAngolaColonialismEntre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce CardosoBetween the mother country and colony : the second class whiteness in Dulce Cardoso's O retornoinfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/otherinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFRGSinstname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)instacron:UFRGSTEXT001200518.pdf.txt001200518.pdf.txtExtracted Texttext/plain43500http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/274774/2/001200518.pdf.txt402425062b6cf52c25a425cc4858b2abMD52ORIGINAL001200518.pdfTexto completoapplication/pdf209452http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/274774/1/001200518.pdfaa674986d19347017d0aa805722d3334MD5110183/2747742024-04-17 06:36:12.618534oai:www.lume.ufrgs.br:10183/274774Repositório de PublicaçõesPUBhttps://lume.ufrgs.br/oai/requestopendoar:2024-04-17T09:36:12Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
dc.title.alternative.en.fl_str_mv Between the mother country and colony : the second class whiteness in Dulce Cardoso's O retorno
title Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
spellingShingle Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
Bonatti, Diego
Cardoso, Dulce Maria, 1964-
Branquitude
Literatura
Colonialismo
Whiteness
O retorno
Angola
Colonialism
title_short Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
title_full Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
title_fullStr Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
title_full_unstemmed Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
title_sort Entre a metrópole e colônia : a branquitude de segunda classe em O retorno, de Dulce Cardoso
author Bonatti, Diego
author_facet Bonatti, Diego
Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato
author_role author
author2 Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Bonatti, Diego
Tettamanzy, Ana Lúcia Liberato
dc.subject.por.fl_str_mv Cardoso, Dulce Maria, 1964-
Branquitude
Literatura
Colonialismo
topic Cardoso, Dulce Maria, 1964-
Branquitude
Literatura
Colonialismo
Whiteness
O retorno
Angola
Colonialism
dc.subject.eng.fl_str_mv Whiteness
O retorno
Angola
Colonialism
description Este trabalho tem como objetivo discutir o problema da branquitude na obra O Retorno (2011), de Dulce Cardoso, enquanto representação da tensão colonial existente entre a metropole (Portugal), e a colônia (Angola), no contexto da independéncia. Na obra, a escritora representa os eventos que sucederam a independéncia de Angola, em 1975, e o inicio da Guerra Civil 1975-2002. Neste contexto, cidadãos angolanos brancos passam a ser vistos como inimigos e têm de deixar o país. Seu destino, então, é Portugal, para onde eles "retornam" metaforicamente, mesmo sem nunca terem estado lá. Assim, enquanto retornados, ou migrantes, os personagens sofrem com o choque de serem tratados como inferiores, "cidadãos de segunda classe", da mesma forma como tratavam os cidadãos negros em Angola. Tal perspectiva leva ao debate acerca da branquitude hegemônica no contexto da obra, assim como revela a tensão entre centro-periferia sobre o qual se estrutura o mundo colonial. Como suporte teórico, utilizou-se os conceitos de nacionalidade e identidade (Anderson, 2008), branquitude (Banton, 2000; Schucman, 2020), pactos narcisicos (Bento, 2003), branquitude acrítica (Cardoso, 2014), colonialismo (Fanon, 2008; Goody, 2013), estruturas coloniais (Quilomba, 2019) e a história colonial de Angola (Tutikian, 2006).
publishDate 2023
dc.date.issued.fl_str_mv 2023
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2024-04-16T06:36:27Z
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/other
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10183/274774
dc.identifier.issn.pt_BR.fl_str_mv 1980-332X
dc.identifier.nrb.pt_BR.fl_str_mv 001200518
identifier_str_mv 1980-332X
001200518
url http://hdl.handle.net/10183/274774
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.ispartof.pt_BR.fl_str_mv Conexão Letras. Porto Alegre, RS. Vol. 18, n. 30 (jul./dez. 2023), p. [1]-14
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFRGS
instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron:UFRGS
instname_str Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
instacron_str UFRGS
institution UFRGS
reponame_str Repositório Institucional da UFRGS
collection Repositório Institucional da UFRGS
bitstream.url.fl_str_mv http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/274774/2/001200518.pdf.txt
http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/10183/274774/1/001200518.pdf
bitstream.checksum.fl_str_mv 402425062b6cf52c25a425cc4858b2ab
aa674986d19347017d0aa805722d3334
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1801225115942256640