Traços microendolíticos e incrustações em conchas de moluscos bivalves como possíveis indicadores ambientais na plataforma continental do sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Filipe Brasil Medeiros
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/233817
Resumo: A Tafonomia, além de estudar a alteração da informação biológica durante a fossilização, também busca quantificar a influência do ambiente sobre o grau de destruição dos restos fósseis. Entretanto, o detalhamento da relação entre fatores ambientais e alteração tafonômica pode ser otimizado através da investigação de acumulações de restos ainda não soterrados. A maioria dos estudos tafonômicos desta natureza são escassos ou inexistentes no Brasil. Danos biológicos, principalmente por bioerosão, bem como adesão de incrustantes, além de marcas de predação, podem apresentar grande potencial para auxiliar nas interpretações paleoambientais. Visto que há poucos estudos sobre danos tafonômicos de origem biológica em plataformas continentais subtropicais, o intuito deste trabalho foi identificar e quantificar esses danos (traços microendolíticos: bioerosão, esclerobiontes: incrustação e marcas de predação), presentes nas conchas de moluscos e braquiópodes encontradas nos depósitos bioclásticos da plataforma continental do Sul do Brasil, e relacionar com a temperatura da água, profundidade, salinidade, granulometria e composição do sedimento. Foram selecionadas 13 amostras de sedimento superficial de diversas profundidades coletados por ocasiões de expedições GEOMAR e REVIZEE, através de amostrador do tipo Van Veen e ou Box-corer, localizadas na plataforma continental entre latitudes de ~28ºS e ~34ºS. Os aspectos tafonômicos analisados, utilizando o estereomicroscópio binocular em aumento de 12x a 50x, foram as seguintes: (i) fragmentação, (ii) alteração de cor, (iii) tipos de bioerodidores (traços de fungos, cianobactérias, esponjas, briozoários, poliquetos, além de traços com produtor indeterminado), (iv) tipos de esclerobiontes (briozoários, cracas, tubos de poliquetos, algas, foraminíferos, esponjas e oviposições) e (v) marcas de predação. Quando possível, foi realizada a identificação taxonômica dos bioclastos, utilizando literatura especializada. Foram examinados 2800 bioclastos pertencentes a mais de 30 gêneros de moluscos bivalves, além de braquiópodes e fragmentos indeterminados, onde os traços mais frequentes são: Phytophora isp., Phormidium isp., Entobia isp. e Scolesia filosa. A maioria dos traços de bioerosão apresentou frequência bastante baixa, inferior a 5%. Alguns traços, como Gnathichnus pentax e Caulostrepsis taeniola ocorrem apenas em uma localidade, e por isso podem possivelmente ser relacionados a características mais específicas ou locais. Os traços de predação (Oichnus simplex e O. paraboloides) foram verificados em frequências que oscilaram entre 7% e 8%. Tubos de poliquetos indeterminados, briozoários indeterminados e Voigtopora sp. foram muito comuns, com frequências que variam de 14% a 25%. Algumas localidades apresentaram a maioria dos traços quantificados, mas em baixas frequências. A fragmentação e a alteração de cor estiveram muito presentes entre as amostras. Utilizando a Análise Canônica de Proximidades e a Correlação de Spearman, foi possível relacionar essas assinaturas tafonômicas de origem biológica em bioclastos de ambientes plataformais subtropicais com características ambientais, como profundidade, longitude, latitude e o tipo de substrato. Porém, para ser utilizado como indicadores para reconstrução paleoambiental é necessária uma caracterização mais aprofundada desses icnotraços, para assim possibilitar correlações quantitativas e significativas com dados ambientais.
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