Da silueta ao álbum de família : arte e práticas artísticas na construção de memórias na ditadura Argentina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Montero, Rodrigo
Data de Publicação: 2010
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/25637
Resumo: Desde o fim da última Ditadura Argentina (1976-1983), a arte contemporânea e suas práticas fornecem imagens e ações performáticas que servem para a socialização de representações e sentidos do Terrorismo de Estado e das suas vítimas. Nos últimos anos, vêm surgindo também trabalhos acadêmicos que estudam a História das memórias da Ditadura Argentina; porém, ainda que neles se destaque a importância da imagem e da comunicação no processo de consolidação coletiva e social das memórias, estes textos não aprofundam a articulação entre a arte e suas práticas e a construção de memórias da ditadura na Argentina. O cruzamento entre imagens, objetos e ações produzidos a partir de uma concepção contemporânea, os diferentes períodos de disputa de sentidos do passado e a problemática e as complexidades dos fenômenos de memória tem por objetivo analisar as articulações entre as imagens e as práticas artísticas e as memórias da última Ditadura militar na Argentina, entre 1983 e a atualidade. A pesquisa de obras e ações performáticas permite discriminar duas linhas entre as produções artísticas: por um lado, trabalhos que promovem uma memória global dos acontecimentos, presentes desde 1983 até a atualidade e, por outro lado, produções que propõem perspectivas íntimas e familiares do passado trágico, que podem ser classificadas como memórias particulares. No primeiro caso, destaca-se o papel de artistas junto com organizações de direitos humanos e de familiares das vítimas do Terrorismo de Estado, fornecendo estratégias de visualidade às demandas de verdade, justiça e memória destas agrupações. Resultado de um pensamento contemporâneo, estas obras e ações performáticas consolidam-se como veículos de memória diferenciados, em que o artista responde, como militante ou empreendedor, a um dever de memória. As produções que tratam das tragédias da ditadura desde o espaço familiar e particular, diferente das anteriores, surgem principalmente a partir desta última década. Realizadas, principalmente, por filhos das vítimas da repressão ilegal, promovem uma mudança de perspectiva, não só sobre a imagem do desaparecido, mas sobre a própria memória e a continuidade do trauma. Destaca-se o uso da fotografia, não só como fornecedora de imagens, mas como objeto de apropriações visuais e conceituais. Sem negar a sua potencialidade como formadores de sentido, estes trabalhos apresentam-se como alternativas de elaboração, pela inteligência visual e pelo pensamento artístico contemporâneo, daquilo que não encontra outros meios de ser trabalhado. Seja respondendo a um dever de memória ou a necessidades íntimas de elaboração, ambos os tipos de representações complementam-se na ampliação, renovação e reflexão do corpo de memórias da ditadura na Argentina.
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