Origens da teoria marxista da dependência : o Centro de Estudos Socioeconômicos (CESO) da Universidade do Chile e a práxis de Ruy Mauro Marini, Vânia Bambirra e Theotonio dos Santos (1966-1973)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Meireles, Mateus Filippa
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/116474
Resumo: O trabalho propõe uma História Intelectual sobre as origens da Teoria Marxista da Dependência, com foco no espaço institucional onde essa vertente teórica foi desenvolvida: o Centro de Estudos Socioeconômicos (CESO) da Universidade do Chile (1966-1973). Acompanha as trajetórias políticas e acadêmicas dos três brasileiros fundadores da primeira equipe de pesquisa sobre a dependência latino-americana no CESO, local onde trabalharam durante o período em que estiveram exilados do Brasil devido ao contexto de fechamento político pós-1964. Eram eles: Theotonio dos Santos, Vânia Bambirra e Ruy Mauro Marini. Colegas de trabalho e amigos próximos, eles também tiveram em comum, além dos sucessivos exílios, a ideologia e a práxis revolucionárias engajadas na superação do capitalismo dependente na América Latina, expressadas por sua filiação orgânica a diferentes organizações da esquerda revolucionária. Da equipe de trabalho reunida no CESO participaram também, na primeira geração, os chilenos Orlando Caputo, Sergio Ramos e Roberto Pizarro e o peruano José Martínez. A pesquisa parte de três problemáticas: a) Por que o Centro de Estudos Socioeconômicos (CESO) da Universidade do Chile foi por excelência o espaço onde se sistematizou a Teoria Marxista da Dependência?; b) Se o exílio pode ser entendido como uma experiência de privação das liberdades políticas, por que o exílio dos marxistas brasileiros no Chile, antes que provocar a interrupção das ideias de uma nova teoria em gestação, favoreceu o seu desenvolvimento?; c) Que relações existiram entre a atitude de uma práxis militante por parte dos intelectuais do CESO e o amadurecimento de uma nova teoria transformadora? Para responder a essas perguntas, trabalha-se com a seguinte hipótese geral: o espaço do Centro de Estudos Socioeconômicos da Universidade do Chile não apenas propiciou aos marxistas exilados e a seus colegas os recursos e a autonomia necessários à realização de suas pesquisas sobre a dependência latino-americana, mas foi também através do trabalho nessa instituição – possibilitado pelas circunstâncias do exílio – que estes intelectuais tiveram a oportunidade de conhecer e atuar no interior da militância de esquerda chilena no contexto do governo da Unidade Popular (1970-1973), o que lhes forneceu a matéria empírica de que necessitavam para enriquecer o arcabouço teórico-metodológico em desenvolvimento. Com base na análise histórica da produção memorialística dos três dependentistas brasileiros (Dos Santos, Bambirra e Marini), dos documentos de trabalho da equipe de pesquisa sobre as relações de dependência latino-americanas do CESO e do conjunto da produção intelectual dos dependentistas marxistas relativa ao período de sistematização da TMD (1966-1973), chegamos à consideração de que a práxis militante dos intelectuais da dependência, durante a conjuntura de radicalização política da Unidade Popular, foi o elemento basilar da sistematização da nova teoria, uma vez que a realidade na qual eles atuaram e sobre a qual se posicionaram crítica e cientificamente forneceu a “matéria-prima” para suas reflexões teóricas.
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